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Comportamento

Na Padaria do Mandioca, 20 anos de tradição é ver meninos no futebol de golzinho

Thailla Torres | 01/06/2018 07:06
Meninos que jogam desde a infância, hoje levam o campeonato cada vez mais a sério. (Foto: Simão Nogueira)
Meninos que jogam desde a infância, hoje levam o campeonato cada vez mais a sério. (Foto: Simão Nogueira)

Quem gosta de futebol, certamente já jogou em um golzinho. De jeito simples e descontraído, o bate bola é diversão garantida. No bairro Guanandi, em Campo Grande, essa brincadeira já virou tradição. Hoje é narrada na porta da Padaria do Mandioca, uma portinha simples que recebe aos domingos a gurizada que faz da brincadeira de rua uma história de 20 anos.

Na infância, para ter uma trave, valia tudo. Chinelo, latinha e mochila. Agora, o golzinho tem forma de campeonato, mas em miniatura. O chão é pintado como uma quadra de futebol e a maioria investe numa chuteira nova para que perder os "tampões do dedo" fique no passado.

Esse é o Mandioca, que torce e apoia a meninada da rua. (Foto: Simão Nogueira)
Esse é o Mandioca, que torce e apoia a meninada da rua. (Foto: Simão Nogueira)

"Perdi muita pele do dedo no asfalto. Antigamente não tinha, era terra. Mas a gente machucava chutando a pedra", lembra Sinézio Junior, de 31 anos. Hoje ele curte o campeonato de golzinho no bairro ao lado dos filhos. "É tradição, comecei moleque e nunca parei. Hoje venho com meus filhos e o restante da família".

Para que tudo saia do jeito mais organizado possível, Fernando Fernandes Ferreira, de 36 anos, é quem organiza o campeonato há quase 20 anos. Começou na pelada de rua com o pai, levou à experiência para o resto do bairro e ganhou amigos pra vida toda, conta. "É uma alegria, porque une a molecada. E o foco não é competição, mas diversão", pontua Fernando.

Com o tempo o futebol de golzinho, no bairro, foi ganhando uma apelo social da parte de Fernando. "Não é segredo que o bairro sofre com a violência e incidência do tráfico. Muitas vezes o futebol transforma a vida destes meninos e os adultos conseguem trazer seus filhos para que ninguém fique nas ruas", explica.

A iniciativa dá certo graças ao apoio de amigos e da vizinhança que não se importa em ver a rua interditada. Na Padaria do Mandioca, o som alto dá para ouvir de longe, acompanhado dos gritos de quem torce. Mas Adilson Matias dos Santos, de 39 anos, o famoso "Mandioca" não se importa. "Eu fico é feliz, por isso deixo minha casa aberta para todo mundo aproveitar. Pelo menos a gurizada não está na rua, está se divertindo, aproveitando o domingo".

Fernando, o líder dos campeonatos e que incentiva todos do bairro. (Foto: Simão Nogueira)
Fernando, o líder dos campeonatos e que incentiva todos do bairro. (Foto: Simão Nogueira)
Sinésio hoje curte o campeonato com os filhos. (Foto: Simão Nogueira)
Sinésio hoje curte o campeonato com os filhos. (Foto: Simão Nogueira)

As partidas começam 12h e só terminam às 18h. O esquema de jogo é simples: times com dois jogadores, disputam a partida de 15 minutos. Ninguém é goleiro e quem ficar protegendo demais o gol é punido pelo juiz.

Além do golzinho, a turma se prepara com chuteira, caneleira e uniforme. Diferente da infância, ninguém precisa ouvir "sai da rua, menino", para o carro passar. Fernando já consegue na prefeitura autorização para interditar um trecho durante o período de campeonato.

Em meio a brincadeira, sempre há uma discussão, mas Fernando garante que ninguém passa dos gritos. "Às vezes rola uma briga, mas no fim do jogo está todo mundo bem. Todo mundo sabe que apesar de competir, isso daqui é uma tradição".

No fim da brincadeira, o momento mais esperado é a entrega de troféus. "Tem que ter, porque todo mundo se esforça e cada vez mais faz uma jogo bonito", diz Fernando.

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Tem gente que já é profissional na brincadeira entre amigos. (Foto: Simão Nogueira)
Tem gente que já é profissional na brincadeira entre amigos. (Foto: Simão Nogueira)
Além do futebol, tem música alta durante toda partida. (Foto: Simão Nogueira)
Além do futebol, tem música alta durante toda partida. (Foto: Simão Nogueira)
Maioria se conheceu na infância e hoje curte o futebol com os amigos e a família. (Foto: Simão Nogueira)
Maioria se conheceu na infância e hoje curte o futebol com os amigos e a família. (Foto: Simão Nogueira)
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