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Comportamento

Na pandemia, celular longe das mãos virou motivo de desespero

Na "temporada" da covid-19, dependência nas telinha e redes sociais traz perigos inimagináveis; saiba quais

Letícia Ávila | 17/03/2021 06:41
Uso excessivo de celulares aumentou muito em consequência pela pandemia do novo coronavírus (Foto: Paulo Francis)
Uso excessivo de celulares aumentou muito em consequência pela pandemia do novo coronavírus (Foto: Paulo Francis)

Se poucas décadas atrás não tínhamos os celulares em nossa rotina, hoje em dia parece impossível viver sem eles. Seja por trabalho, estudo, família, para pedir comida e até mesmo planejar a rotina diária; o celular está em todos os momentos da nossa vida. Porém, o excesso do uso do celular e das redes sociais traz malefícios para a saúde e gera alertas: será que você não passa muito tempo no celular?

Nunca ficamos tantas horas no celular. Com a pandemia, é cada vez mais comum que ele seja nossa forma de comunicação inclusive para o trabalho e estudo em rotinas de home office ou híbridas.

Uma pesquisa comprovou um aumento mundial de 40% no tempo de uso dos celulares no segundo trimestre de 2020 – segundo o App Annie, superando a marca de 200 bilhões de horas. O aumento do uso do celular e a dependência impactam na  rotina, na  produtividade e até mesmo na saúde mental.

Regi Morais, psicóloga e mestra em psicologia, explica que o uso do celular virou um hábito, seja olhando o Facebook, vendo os Stories do Instagram, um vídeo no YouTube ou respondendo mensagens via WhatsApp. Porém ela alerta: “o uso em excesso pode trazer malefícios como perda da produtividade e ter um impacto negativo para a saúde mental, como o desenvolvimento da depressão”.

Já a professora doutora do curso de Direito da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Elaine Dupas sentiu os reflexos da superexposição das redes sociais na sua saúde mental. “Decidi me desconectar das redes justamente pelo excesso de informações. Saí do Facebook e alterno entre estar ou não no Instagram, até porque dependo das informações profissionalmente”.

Pandemia não só atrapalhou a vida social, mas resultou na dependência do celular para alguns (Foto: Paulo Francis)
Pandemia não só atrapalhou a vida social, mas resultou na dependência do celular para alguns (Foto: Paulo Francis)

Além de depender das telas para dar aula e por isso ficar refém dos aparelhos digitais, Elaine sentiu que até seu tempo livre dedicado a mais exposição às tecnologias. “Até os momentos de descanso e lazer hoje são associados ao entretenimento digital, como ver um filme ou as redes sociais”.

Sobre o uso do celular na pandemia, a psicóloga Regi afirma que há benefícios, como as possibilidades de amenizar a saudade da família, a praticidade dos aplicativos para estudar, fazer compras e acompanhar as redes, porém, o uso excessivo aumentou a sobrecarga mental, inclusive pela produtividade.

A própria pandemia e o isolamento social também influenciam no aumento do uso das redes sociais e das telas. “É um dilema: não queremos estar conectados o tempo todo, mas necessitamos estar conectados, inclusive para que possamos nos sentir próximos das pessoas em tempos tão difíceis”, enfatiza Elaine.

A psicológica explica que, muitas vezes, em caso de dependência, as redes nos distanciam das pessoas, deixando de lado compromissos importantes e também de praticar hobbies saudáveis.

Regi afirma que a ansiedade e o estresse também estão relacionados às redes e as telas, pela angústia de esperar uma resposta no WhatsApp, resolver uma questão pessoal ou por chegar constantemente o aparelho. “Além disso, com o excesso de informação que recebemos, a possibilidade de sermos multitarefas e a exigência da disponibilidade tira nossa concentração e aumenta a carga de estresse”.

Parece algo simples e corriqueiro, mas tem até nome: nomofobia. É o vício em celular, que faz com que o aparelho precise estar o tempo inteiro nas mãos da pessoa. A dependência aparece em sintomas físicos e mentais, como cansaço, baixa produtividade, desgaste mental, fadiga e insônia.

Nas ruas, é comum ver pessoas andando longos minutos olhando para a telinha do celular (Foto: Henrique Kawaminami)
Nas ruas, é comum ver pessoas andando longos minutos olhando para a telinha do celular (Foto: Henrique Kawaminami)

O servidor público Anderson Sokem percebeu seu vício em celular quando a bateria do smartphone não parava de descarregar. "Eu sempre pegava ele para olhar as redes sociais, tinha que carregar mais de duas vezes por dia".

O uso excessivo do celular está relacionado à insônia justamente por aquela olhadela no aparelho, que, quando você menos percebe, dura mais tempo do que devia, como foi o caso de Anderson. "Eu deito para dormir, começo a mexer, conversar, quando vejo, já passou mais de uma hora do tempo que tinha me programado pra dormir. Percebo o cansaço no dia seguinte por acabar dormindo tarde.

Mesmo quando tentamos não mexer no celular e deixar ele em um canto, quando estamos com amigos, sozinhos ou trabalhando, as notificações são um "gatilho" para o vício. "Às vezes eu tento dormir, mas logo vem uma notificação e vou olhar", relata Anderson.

Se seu problema está nas redes sociais, você também pode ter o auxílio delas para ter uma vida digital mais consciente. Algumas plataformas on-line trabalham o assunto nas redes, levando reflexão para os usuários sobre a importância de passar menos tempo nas redes e poder lidar melhor com a vida digital.

Com publicações sobre saúde mental, trabalho, pandemia, comportamento e tecnologia, a plataforma reflete sobre questões da produtividade e da importância de ter uma vida mais “liberta” das pressões das telas, inclusive sobre aproveitar melhor o tempo livre longe delas.

É preciso estipular limites para o uso da tecnologia, além de manter hábitos saudáveis como dormir, fazer as refeições regularmente, praticar exercício físico e o bem estar psicológico. “Planejar horário para trabalhar ou estudar, explorar habilidades artísticas, ler, realizar atividades de lazer, exercícios físicos e até jogos de tabuleiro são algumas formas de se distanciar do celular e das redes sociais”, completa Regi.

A psicóloga indica que, além de evitar o uso excessivo da tecnologia, a pessoa deve procurar ajuda psicológica se necessário. “É preciso ter em mente que a tecnologia está a nosso favor, e que ela deve facilitar nossa vida, e não o contrário”.

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