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Comportamento

Na sorveteria, haitianos viram personalidades para a clientela do Centro

Adriano Fernandes | 03/01/2016 08:45
A dupla de haitianos compõem o quadro de funcionários do Chiquinho Sorvetes, na Afonso Pena.(Foto: Gerson Walber)
A dupla de haitianos compõem o quadro de funcionários do Chiquinho Sorvetes, na Afonso Pena.(Foto: Gerson Walber)

As dezenas de conflitos políticos, terremotos e até epidemias que atingiram o Haiti fizeram Janac Saintilha e Jocelin Deborne, ambos com 28 anos, tentarem uma vida melhor em Campo Grande. É uma história comum, já contada várias vezes em diferentes estados brasileiros, inclusive aqui.

Mas nesse caminho, o sorriso faz os haitianos virarem personagens por onde passam, como em sorveteria movimentada da Avenida Afonso Pena. A simpatia é tanta, que os clientes sugiram uma visita do Lado B ao local, para contar a história dos dois.

Janec é o mais falante dos dois.(Foto: Gerson Walber)
Janec é o mais falante dos dois.(Foto: Gerson Walber)

A Campo Grande eles chegaram há dois anos. Primeiro foram serventes de pedreiro. “Eu quis sair em busca de mais oportunidades até que me surgiu esta de vir ao Brasil. Eu não podia abrir mão, então eu vim com a cara e a coragem”, conta Janac.

Por um ano e três meses, ele trabalhou na construção civil, até decidir largar o ramo. “Quis procurar um serviço mais suave”, brinca. O trabalho como atendente de sorveteria, ele conseguiu quase que por acaso, há um ano. “Eu estava passando por aqui um dia, quando decidi entregar um currículo. Quatro dias depois eles me ligaram”, comemora.

Mais reservado e menos falante que o amigo, Jocelin é tímido e tem menor domínio do português. Antes de Janac o indicar para trabalhar na sorveteria, até de restaurantes havia sido funcionário.

Jocelin é mais tímido e fala o português com menos fluência.(Foto: Gerson Walber)
Jocelin é mais tímido e fala o português com menos fluência.(Foto: Gerson Walber)

“Trabalhei seis meses como servente, dois meses em concessionária de motos e meu último emprego antes daqui havia sido em um restaurante”, diz Jocelin. Na sorveteria, ele trabalha na área de limpeza há quatros meses, mas quando é necessário, ele também auxilia no preparo dos sorvetes.

Da fase de adaptação, os amigos contam que o mais difícil foi tentar aprender a falar o idioma. Até hoje eles arriscam no português e se viram como podem no atendimento aos clientes. “Sempre usei o Google e até um dicionário eu carregava, para traduzir o que me falavam”, conta Janac.

Mesmo na base do improviso, de acordo com Valdinei Ferreira, que é o coordenador geral da sorveteria, o trabalho da dupla tem gerado elogios entre os clientes da Chiquinho Sorvetes. "O interessante é notar o quanto eles valorizam o trabalho deles, mesmo dentro das limitações de cada um. Tem cliente que vem aqui e prefere ser atendido só pelo haitiano", comenta.

Os dois amigos não têm previsão de quando voltam para a casa, mas assumem que a saudade é diária.

Janac deixou na cidade onde nasceu os pais e os quatro irmãos. Jocelin, há dois anos já não vê os pais e os 3 irmãos.

“Dois deles estão no Brasil, um em Porto Velho o outro em São Paulo, mas nem me lembro da última vez que nos vimos”, explica Jocelin. O Facebook ajuda a manter o contato frequente, mas em datas especiais como o Natal e o Ano Novo, o coração ficou ainda mais apertado.

“Teve ano em que eu preferi trabalhar em dois turnos ou o dia inteiro, só para não ter que ir para casa e ficar lembrando da distância e da saudade", conclui.

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Em busca de uma vida melhor, eles saíram da terra Natal e fizeram de Campo Grande seu novo lar.(Foto: Gerson Walber)
Em busca de uma vida melhor, eles saíram da terra Natal e fizeram de Campo Grande seu novo lar.(Foto: Gerson Walber)
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