ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 23º

Comportamento

Na velha rodoviária, donos cedem imóveis de graça a quem quiser abrir negócio

Ângela Kempfer | 13/03/2013 06:56
Heloísa mostra salas que são alugadas na base da parceria.
Heloísa mostra salas que são alugadas na base da parceria.

A vontade de dar vida nova à antiga rodoviária de Campo Grande é tanta, que os donos estão cedendo os imóveis de graça para quem quiser montar algum negócio no prédio. Pelas salas, as menores com 21 metros quadrados, são cobrados apenas IPTU e condomínio, um desembolso de R$ 300 ao mês.

Dos 112 proprietários, 80 entraram em consenso e decidiram abrir mão do aluguel na tentativa de movimentar o espaço. A revitalização é o assunto dos últimos anos, desde a que o transporte foi transferido do local. Quem ficou, quer ter motivos para permanecer.

A pintura é feia, a estrutura ultrapassada, mas como foi deixada ao léu, artistas e empreendedores underground adotaram a velha rodoviária como “causa”. Vire e mexe, fazem alguma manifestação artística para deixar clara a preocupação com o endereço que já representou muito para a região.

Algumas pessoas já perceberam a nova vocação do prédio: a cultura. Já ocuparam o local, produtora, estilista, estúdio fotográfico, boate e escola de teatro. Hoje, a proprietária Heloísa Cury fechou acordo com mais um fotógrafo, por 6 meses. Se o estúdio vingar, depois o aluguel passará a ser cobrado.

Agora falta um bom bar, mas não qualquer um, lembra a dona de 12 salas no condomínio. “Mas não pode chegar aqui com uma churrasqueira e uma cadeira de plástico dizendo que é bar, isso a gente não aceita. Queremos um projeto bem feito, charmoso, com música ao vivo”.

O problema é que o condomínio fecha às 20 horas e só uma ocupação significativa do prédio garantiria o pagamento, por exemplo, de seguranças para o funcionamento até mais tarde.

Heloísa ainda tem 1 quadra inteira fechada, mas “detonada”, que espera conseguir transformar em sede de uma empresa grande, como uma academia. “Quem assumir a sala, terá de pagar só R$ 900,00 das taxas, nada mais por um ano. O que é esse valor para um ponto da Dom Aquino?”, comenta.

Á noite, todo o comércio termina às 20h.
Á noite, todo o comércio termina às 20h.

Com o valor referente ao condomínio entrando, será possível dar uma “ajeitada” no prédio, lembra a empresária. “Muita gente não quer vir por achar tudo muito feio. Com esse sistema, vamos ter dinheiro para melhorar, para tudo ficar mais bonito”.

Ela segue com a propaganda, dizendo que há possibilidade da Câmara de Vereadores ou da Fundação de Cultura ocupar 6% do prédio, que é propriedade da prefeitura de Campo Grande. “Daí o movimento será melhor ainda”, garante.

Os dois cinemas da antiga rodoviária, Plaza e Center, estão à venda por R$ 1,5 milhão desde o ano passado, mas até agora ninguém apresentou proposta. O estacionamento subterrâneo, com 250 vagas, também espera um comprador. O valor inicial para os 4,7 mil metros quadrados era R$ 2,5 milhões, mas parece que o preço caiu.

O estilista Fábio Maurício ocupa um salão enorme no prédio. Há 8 meses trabalhava na avenida Joaquim Murtinho. “No começo tive receio, mas me surpreendi. Tenho uma missão, quero produzir algo diferente para mudar a visão sobre este lugar”.

O fotógrafo Igor Duarte está na antiga rodoviária desde dezembro. Começou fotografando shows do cantor Michel Teló e quando teve de montar estúdio, escolheu imóvel no lugar desprestigiado, mas de custo baixo. “Vim sem medo e não me arrependi. Acho que esse lugar ainda tem muito para ser aproveitado”, avalia.

Nos siga no Google Notícias