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Comportamento

Não tem jeito, sempre vai ter um cheiro que nos conecta a nossos avós

Seja daquele pão que só eles sabem fazer, do perfume de rosas ou do café feito no coador de pano

Por Clayton Neves | 26/07/2025 08:32
Não tem jeito, sempre vai ter um cheiro que nos conecta a nossos avós
Natanael e a avó Cleonice, que mesmo após a partida aparece em sonhos para o neto. (Foto: Arquivo Pessoal)

Colo de avô e de avó tem aquela sensação inconfundível de abrigo seguro. É um carinho que cura e uma presença que conforta mesmo à distância. Casa de vô e de vó tem cheiro, seja daquele pão que só eles sabem fazer, do perfume de rosas ou do café feito no coador de pano.

RESUMO

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Neste Dia dos Avós, o Lado B investigou a memória olfativa que conecta netos e avós. Através de relatos tocantes, descobrimos que aromas como o de velas, pães caseiros, cremes, flores e até mesmo o cheiro do campo, trazem à tona lembranças e emoções. Para alguns, o cheiro de velas acesas em novenas de Natal evoca a presença da avó, enquanto para outros, o aroma de pão assando no forno remete à figura acolhedora da avó benzedeira. Cremes, perfumes e pratos típicos também figuram entre os aromas que conectam gerações, demonstrando que a memória olfativa é um elo poderoso entre netos e avós, capaz de transcender a distância e o tempo.

Por conta da correria do dia a dia, ou pela partida dos nossos "velhinhos" para outro plano, nem sempre a presença física é possível e rotineira. Mas, não tem jeito, sempre vai existir um cheiro que nos conecta diretamente com eles.

No caso desse repórter que vos escreve, o cheirinho do creme de macadâmia da Natura que a vó Olinda usava tem o poder de me conectar diretamente com ela. Também faz o peito doer de saudade do abraço que há 6 anos sinto falta.

No Dia dos Avós, celebrado neste sábado (26), o Lado B  lançou a pergunta. "Qual cheiro tem a sua avó ou seu avô?" As respostas vieram carregadas de saudade, afeto e boas histórias.

Cheiro de pão, vela e arnica

Não tem jeito, sempre vai ter um cheiro que nos conecta a nossos avós
Advogado ao lado da avó Catarina e dos irmãos. (Foto: Arquivo Pessoal)

O advogado Natanael Marques carrega duas avós no coração. Dona Cleonice, já falecida, é presença constante nas lembranças e até nos sonhos.

“Sempre lembro dela com cheiro de vela queimando, por causa das nossas novenas de Natal. O cheiro de gel de arnica também, porque ela sempre fazia massagem em mim com esse gelzinho”, conta.

A ligação dos dois era tão forte que ele sente que a avó já o procurou em sonhos, mesmo depois de partir.

Já a avó Catarina, ainda viva, é “benzedeira, costureira e médica das ervas”, como define o neto. Para Natan o cheiro que a eterniza também tem sabor. “Com certeza é de pão caseiro assando”, revela.

Creme, flores e sushi com a vó

Não tem jeito, sempre vai ter um cheiro que nos conecta a nossos avós
Na memória, Heder guarda os momentos na cozinha com Dona Miyuki. (Foto: Arquivo Pessoal)

No Japão ou no Brasil, a presença de dona Miyuki é um capítulo de amor da vida de Heder Saito. "Desde pequeno morei com minha vó, no Japão e aqui no Brasil. Sempre via ela cozinhando e ajuda também, então, alguns cheiros de comida japonesa me lembram bastante ela", detalha.

Na cozinha, a tradição se fortalecia em família. “Nos fins de ano juntava eu, ela e minha mãe pra fazer sushi. E quando morávamos no Japão, ela fazia mochi frito pra gente comer à tarde”, acrescenta.

 Mas a conexão também vem com aromas mais específicos. “Ela usava cremes Nívea, Leite de Rosas e um creme japonês chamado Madame Juju”, finaliza Heder.

Lã, pelego e o cheiro do campo

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Frank e seo Dario, de 85 anos, que fez as vezes de pai para o neto. (Foto: Arquivo Pessoal)

Alguns aromas não são de perfumes ou panelas saindo fumaça, mas de raízes. Frank Rossatte lembra do avô, seo Dario Cunha, de 85 anos, através do cheiro de lã misturado com couro. “Meu avô era daqueles senhores que tocavam o gado. Em casa sempre tinha muita coisa de pelos, tipo manta de carneiro e pelego. Aquilo esquentava, e o cheiro era único, do campo, de animal”, define.

Criado pelo avô como se fosse um filho, Frank lembra que Dario também fez as vezes de pai. “Minha mãe era a filha mais nova dele e era solteira. Então ele me pegou pra cuidar. Me levava no colo pra onde ia. Eu nunca chamei ele de avô, sempre chamei de pai”, explica.

Creme de flores e lembrança viva

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João Vitor e a avó, dona Tereza. (Foto: Arquivo Pessoal)

A avó de João Vitor Marques, dona Tereza, aos poucos vê a memória se desfazendo por conta do Alzheimer. Ainda assim, os laços resistem. “Sempre que eu vou visitar e ela lembra o meu nome é uma alegria”, afirma.

 E na relação entre eles,  o cheiro é algo que o tempo não apaga. “Era um creme corporal que ela usava. Não lembro o nome, mas era de flores. Sempre que penso nela, lembro desse cheiro”, conta.

Coentro, coquito e memórias cruzadas

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Renan e a avó paterna, dona Maria, que tem descendência bahiana. (Foto: Arquivo Pessoal)

Com duas avós de culturas bem diferentes, o nutricionista Renan Simplício tem a cozinha como lugar de encontro e lembrança. “A vó Maria, com origem baiana, me arremete à tapioca todo dia cedo. Já a vó Tica, de origem paraguaia, me remete ao chá com coquito”, explica.

 Hoje, ele mistura esses sabores no trabalho, mas com um dilema. “Aprendi que baiana gosta de coentro e a paraguaia não. Então fico entre a cruz e a espada nas preparações e sempre lembro delas", finaliza.

Não tem jeito, sempre vai ter um cheiro que nos conecta a nossos avós
Nutricionista ao lado da vó Tica, que tem o lado paraguaio da família. (Foto: Arquivo Pessoal)

Seja com cheiro de mochi frito, pão assado ou creme floral, o que cada neto carrega é  pedaço dos avós guardados na memória olfativa e no coração.

E você,  qual cheiro tem seus avós?

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