ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 24º

Comportamento

Nem placa salva vizinho do chaveiro da chateação de quem tem pressa até para ler

Paula Maciulevicius | 03/02/2014 06:48
A placa é escrita à mão em vermelho numa tábua branca e nem assim cliente entende o recado. (Fotos: Simão Nogueira)
A placa é escrita à mão em vermelho numa tábua branca e nem assim cliente entende o recado. (Fotos: Simão Nogueira)

Na rua Jordão, no bairro Noroeste, a imagem fala por si. Na esquina, um chaveiro e ao lado, na casa vizinha, que aparenta ser no mesmo terreno, uma placa que já resume a história toda: “o chaveiro não mora aqui”. Um aviso aos navegantes de que não adianta bater palma ou tocar campainha, porque o chaveiro, de fato, não mora na casa do lado.

É só mais uma cena do cotidiano de Campo Grande, mas que vale ser contada, porque apesar da chateação do dia a dia, o vizinho é exemplo que como é bom levar a vida na esportiva. Também fica a dica para quem anda com tanta pressa que não consegue nem sequer ler letras garrafais no portão antes de bater.

A história fica mais engraçada quando a gente passa e de um lado, na fachada da pequena empresa, a placa diz "volto logo" e na outra porta o aviso é quase que complementar: "o chaveiro não mora aqui”

Há um ano e meio, o pedreiro Francisco Pereira de Lima, de 55 anos, tem de falar a mesma coisa inúmeras vezes ao dia. Bem humorado, ele conta que é inquilino do chaveiro que só trabalha na região e mora bem longe dali, no bairro Coronel Antonino.

“Várias vezes me perguntaram: cadê o chaveiro? Ele não mora aquii? Eu falei e ele disse que ia por a placa, porque não tinha hora, nem dia e nem noite. Como na região só tem ele, não tem outra alternativa”, explica Francisco.

O detalhe é que no imóvel onde funciona o chaveiro tem dois telefones celulares que dispensariam qualquer tentativa de ir ao vizinho. Mas, parece que até esta sinalização passa despercebida.

A placa foi colocada há seis meses, escrita à mão em vermelho numa tábua branca e nem assim cliente entende o recado. “A turma chega e pergunta, mesmo com a placa aqui, cadê o chaveiro? Às vezes eu acho que a pessoa não sabe ler”, relata Francisco.

Francisco, o vizinho bem-humorado do chaveiro que sempre tem de repetir o que a placa diz.
Francisco, o vizinho bem-humorado do chaveiro que sempre tem de repetir o que a placa diz.

Dia desses, ele resolveu mudar o repertório. Sentado no banco de madeira na varanda, foi parar um carro e perguntar para ele dizer que não sabia de chaveiro algum porque ele próprio não morava ali.

Questionei se com tanto cliente batendo à casa errada, ele nunca pensou em abrir concorrência e virar chaveiro também. “Não compensa, ele tem conhecimento e freguesia, para ele é mais fácil”.

O chaveiro trabalha em horário comercial, no entanto como não tem funcionários, é ele quem sai para atender chamados na vizinhança, desde troca de fechadura, até abrir porta de carro. O Lado B localizou o personagem central da matéria, sem precisar bater à porta de Francisco para saber do chaveiro.

Fernando Janoto de Oliveira, de 39 anos, responde rindo que nunca morou ali. A casa é dele, mas depois de uma reforma, ele alugou uma parte.

Sobre a placa ele não teve saída a não ser tentar, em vão, avisar a freguesia que não mora ali. “Coloquei porque tem muita gente que ia incomodar ele. As pessoas batiam lá”. Isso a gente já sabe. Mas parece que a clientela do chaveiro não.

Nos siga no Google Notícias