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Comportamento

No dia da formatura, mãe e filha usam beca para mostrar conquista em dose dupla

Mariana Lopes | 10/09/2017 07:10
Detalhe para o brinquedo de Letícia no colo do colega de sala (Foto: arquivo pessoal)
Detalhe para o brinquedo de Letícia no colo do colega de sala (Foto: arquivo pessoal)

A gravidez veio no sexto semestre da faculdade. Para alcançar o diploma, Eva Brasl ainda precisava fazer algumas disciplinas, mas o que pesou mesmo foi a pesquisa de campo e o TCC. Quando a pequena Letícia nasceu, a primogênita da família, a nova mamãe nem por um momento pensou em desistir dos sonhos e projetos profissionais. A filha foi companheira fiel do final da jornada na universidade até a formatura, quando usou beca e "colou" grau junto com Eva.

A licença maternidade de quatro meses foi só do trabalho. Com 15 dias de vida, Letícia já acompanhava a rotina da mãe na universidade. Era a reta final e desistir àquela altura do campeonato estava fora do cogitação para Eva. Mesmo com alguns narizes torcidos e uma boa dose de críticas, ela não se intimidou e fez de sua bebê a mascote da sala.

"A Letícia começou a engatinhar por lá. Os colegas de sala não se incomodavam, pelo contrário, eles até brincavam com ela enquanto eu estava sendo orientada pela professora que acompanhava meu TCC", recorda.

Quando a licença maternidade acabou, aí sim que a rotina apertou para Eva. Mas ela estava bem decidida em concluir o curso. E, na época, não tinha como abandonar o trabalho. Portanto, o jeito foi encarar o dia a dia com turno triplo.

"Trabalhava de dia e estudava a noite. Sai nos intervalos do almoço para ir em casa amamentar minha bebê e deixar leite materno armazenado para ela. Foi assim até começar a introdução alimentar com 6 meses de vida. Ela não podia tomar outro leite que não fosse o materno, por ser alérgica. Quando chegava do trabalho, pegava ela em casa e levava comigo para a faculdade", conta Eva.

No colo da mãe, Letícia era praticamente aluna da turma (Foto: arquivo pessoal)
No colo da mãe, Letícia era praticamente aluna da turma (Foto: arquivo pessoal)

Embora Eva contasse com a ajuda da família, ela não queria abrir mão do tempo com a filha. E foi esta razão que pesou na hora de decidir que a carregaria junto sempre que fosse possível e necessário. "A Letícia era parte da minha nova realidade. Fui em frente e usei como escudo o meu amor por ela e minha determinação", diz Eva.

No dia que colou grau, Eva fez questão de pegar o canudo com a Letícia no colo, com direito até a beca para a pequena. Por sinal, a menina passou a cerimônia toda no colo da mãe, como quem fazia parte da turma. E para Eva, de certa forma, ela fazia.

Para Eva, não é a maternidade que faz a mulher abrir mão dos seus planos e sonhos, mas sim a sociedade. "Quando vejo uma placa proibindo a entrada de crianças, consigo enxergar uma proibição de 30% de algumas mães ali. A maioria não tem com quem deixar o bebê, ou simplesmente não quer deixà-lo, e isso acaba virando uma restrição à mãe também. Sempre digo, existe vida após a maternidade e é uma vida mais espetacular ainda".

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