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Comportamento

No Dia do Estagiário, injustiçados se defendem: "A culpa nem sempre é nossa!"

Neste sábado, 18 de agosto, a data é da figura que rala como poucos e ainda é alvo fácil para o chefe

Thailla Torres | 18/08/2018 07:20
Gleiciane vive a segunda experiência como estagiária. (Foto: Paulo Francis)
Gleiciane vive a segunda experiência como estagiária. (Foto: Paulo Francis)

As idades podem ser diferentes, as ocupações diversas, mas uma coisa todos têm em comum: não se cansam de ouvir que "a culpa é sempre do estagiário". Mesmo que muita gente despreze o dito cujo, até o estagiário tem data comemorativa e neste sábado, o 18 de agosto é deles. Por isso, o Lado B dá manchete para quem, normalmente, só leva bordoada.

Gleiciane, Taynara e Graziella merecem a homenagem hoje. A primeira, porque aos 42 anos encara o desafio de recomeçar. As outras duas, porque são as nossas estagiárias e é a chance de pedir publicamente desculpas, porque quando um repórter escorrega na gramática, a gracinha na internet faz sempre referência a elas, com perguntas do tipo: "Colocaram a estagiária para escrever?"

Quem já viveu essa experiência duas vezes, sabe o que é ter cobrança de chefe e de futuros colegas de profissão. Mesmo assim, isso não impediu Gleiciane de Souza, aos 42 anos, de encarar novamente um estágio, após 15 anos longe de sala de aula. Formada em Administração, ela veio do Acre para Campo Grande em 2015, para cursar Pedagogia na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul).

"Eu fui estagiária no Ensino Médio, depois no Superior e agora novamente. Nesses 23 anos de trabalho aprendi muito, vi diversas mudanças, mas o que ninguém deixa de lado é colocar a culpa no estagiário", confirma.

Os desafios são as cobrança, independente do cargo e do salário baixo. "O estagiário é ainda mais cobrado e, muitas vezes, exerce a mesma função que um profissional formado. No meu atual estágio, faço planejamento de aula, cumpro horários. Única diferença é que temos deveres e somos supervisionados".

Estagiário também vira alvo preferencial na hora da "pegadinha", lembra Gleiciane.  "Em outro momento, lá na outra cidade, houve uma paralisação de professores, a escola fechou, avisaram todos os funcionário, menos o estagiário. Eu fui trabalhar e a escola estava fechada".

A vantagem é descobrir na prática se realmente você está na profissão certa, avalia. "Eu trabalho com um aluno especial e em um ano consegui alfabetizá-lo, isso é muito gratificante".

A acadêmica de Jornalismo Graziella Almeida, de 22 anos, é estagiária do Campo Grande News. (Foto: Thailla Torres)
A acadêmica de Jornalismo Graziella Almeida, de 22 anos, é estagiária do Campo Grande News. (Foto: Thailla Torres)

Aos 22 anos, a acadêmica de Jornalismo Graziella Almeida sobrevive nas tardes tumultuadas do Campo Grande News. Sabe como ninguém o que é cobrança, dos chefes e dos leitores. Já perdeu as contas de quantas vezes levou a culpa nas redes sociais pelos erros de reportagem. "Automaticamente, a culpa cai sobre a gente", reforça.

Ela aproveita a data para pedir trégua, porque a rotina de 5 horas, de segunda a sábado, não é mole. "O estagiário é uma pessoa com multifunções, ao mesmo tempo que você ajuda de um lado, precisa dar muita atenção ao outro".

No entanto, Grazi acredita que o preço é pequeno diante da oportunidade. "Acho que todas as pessoas que estão na universidade precisam ter essa experiência para conhecer os desafios da profissão".

Taynara Menezes, também de 22 anos, divide as broncas como estagiária no Campo Grande News. A menina tem personalidade e não quer saber de jogo de cintura na hora de partir para a defesa. "Eu vivo uma loucura todos os dias, tenho três chefes, então imagina como é ser mandada por três pessoas. Nunca tem para onde correr. Traduzindo: estagiário é um injustiçado.".

Da maneira como conta, fica claro que a função é para gente de garra. "As vezes estou atendendo a demanda de uma chefe, de repente, a outra grita do outro lado. É estressante, mas tem que segurar a peruca, respirar fundo e se virar nos 30."

Apesar dos desafios, ela tenta encarar a experiência de cabeça fria e achando graça quando leva a culpa alheia. "Sempre defendo que a culpa não é nossa, mas também nunca me afetei. Levo isso na brincadeira, até porque o estágio me fez crescer".

Taynara Menezes, também é estagiária do Campo Grande News e divide as broncas. (Foto: Kimberly Teodoro)
Taynara Menezes, também é estagiária do Campo Grande News e divide as broncas. (Foto: Kimberly Teodoro)
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