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Comportamento

No exagero de guardar todo tipo de lembrança, você pode virar um acumulador

Profissionais de áreas distintas explicam que os perfis são diferentes e a forma como cada um lida com os objetos e até mesmo com suas relações é a resposta para esse questionamento

Thaís Pimenta | 25/02/2018 07:35
Acumular ou ter carinho pelos objetos? Em qual perfil você mais se encaixa? (Foto: Divulgação)
Acumular ou ter carinho pelos objetos? Em qual perfil você mais se encaixa? (Foto: Divulgação)

No começo do ano, tem gente que gosta de fazer uma grande faxina, um limpa na casa, nos armários, nos sapatos, deixando ir tudo que já não serve mais. Porém, no meio dessa arrumação muita coisa aparece e nos remete a uma situação específica do passado, o que torna difícil o desapego do que anda guardado, mesmo sem serventia. 

Dentre roupas velhas, provas de escola, canetas estragadas e tantos outros itens sem utilidade, os acumuladores e os nostálgicos se confundem. Afinal, quando começa e quando termina a linha tênue que separa os dois?

De acordo com o psicólogo Fabrício Basso, o ato de acumular coisas não é necessariamente um problema ou uma doença, o problema é quando isso começa a prejudicar a si ou ao outro em suas relações. "Somos acumuladores por natureza. Acumulamos informações, experiências, dinheiro, materiais, etc. O ato de guardar envolve uma questão afetiva com o objeto; enquanto que acumular é a definição dada pelos olhos de quem vê os objetos sem o afeto de quem os guardou. O que importa nessa questão de acumular não é o ato em si, mas a função que isso têm na vida de quem o faz", explica

Ele completa: "há situações em que o ato de acumular coisas possa ser um comportamento banal, que têm por função evitar entrar em contato com questões afetivas atuais. Como se o acúmulo desses objetos funcionassem como barreiras de acesso à algo que, provavelmente, há muita dor. E uma saída criativa para não lidar com essa dor é se tornar um acumulador".

Geralmente quem tem esse perfil nem consegue notar ou diz não se importar com a opinião dos outros, se protegendo de possíveis julgamentos. E é bem provável que um acumulador faça essas grandes limpezas em suas casas porque não quer, justamente, enfrentar essa situação. 

Cliente colecionadora de bolsas, com todas devidamente organizadas. (Foto: Acervo Pessoal)
Cliente colecionadora de bolsas, com todas devidamente organizadas. (Foto: Acervo Pessoal)

De acordo com a personal organizer Carla Benites, um acumulador só procura ajuda quando se sente obrigado a tomar uma atitude. "Já atendi pessoas com esse perfil que só decidiram me procurar porque iriam receber visitas, por exemplo".

E atender a esse perfil de pessoas é sempre mais difícil. "O primeiro passo do processo organizacional é a retirada, que é quando a gente tira tudo do ambiente e pede pro cliente avaliar os objetos. Os acumuladores, nesse momento, nem olham direito pro montante de coisas e, quando você vai sugerir que ele doe tal peça, ele se ofende".

Se existirem, por exemplo, artigos muito especiais, convém sim guardá-los, para poder relembrar certas situações. Mas, dependendo do tamanho que esse objeto tem, a organizer sugere: "será que tirar uma foto, ou até mesmo buscar uma memória que ocupe menos espaço, não é uma solução tão bacana quanto guardar aquele acessório sem utilidade em casa?'.

Ainda segundo Carla, o que as pessoas mais acumulam são roupas. "Eles tem muita dificuldade em abrir mão de uma peça. O meu questionamento e a justificativa pra saber se aquilo ainda te serve é: você usou isso em um ano que esteve guardado no armário? Se sim, vale a pena ter, se não, doar é uma ótima opção".

Se isso passa a se tornar um problema, o psicólogo garante que o único tratamento é a psicoterapia. "Porque não é uma questão superficial, comportamental. É bem mais profunda a questão".

Você pode até mudar o comportamento, mas é bem provável que esta forma se repetirá em outras questões, ou em outros conteúdos. Se você não entrar em contato com o que o faz agir assim, enfrentar esse sentimento, vai transferir o acúmulo de objetos para o acúmulo de problemas nos relacionamentos, por exemplo. "Mudar apenas o comportamento é como apenas tomar remédio para a depressão. Você trata o organismo, mas não aquilo que te fez e faz estar depressivo", completa.

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