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Comportamento

O jovem não tem limite quando o assunto é misturar goró no Carnaval

Mistura de vodka com Yakult é uma das novas estrelas da festa carnavalesca

Lucas Mamédio | 24/02/2020 06:12
Turma toma ponche de Jurupinga (Foto: Marcos Maluf
Turma toma ponche de Jurupinga (Foto: Marcos Maluf

O melhor rolê que o jovem pode encontrar na vida é aquele de graça para entrar e com goró barato. Essa parece ser a síntese do Carnaval de rua. Dentro da caixinha térmica ou comprando na barraca, bebida barata é o que não falta.

Aqui em Campo Grande a galera se empolgou e fez cada mistura maluca. Por isso o Lado B foi ao bloquinho perguntar: o que a galera está trazendo de goró pro Carnaval? E gente, achamos de tudo.

Primeira coisa que salta aos olhos é a nova febre da molecada: vodka com yakult. Não que seja desconhecido do grande público beberrão, mas nesse Carnaval viralizou. A mistura é simples assim, vodka, geralmente barata, Yakult e gelo.

Misturar é a palavra de ordem dos jovens. A turminha de estudantes do Caio e do Luiz levaram vodka, vinho, energético, suco e surpreendentemente lembraram da água. “Isso não vai durar até o fim do rolê. Quando acabar aí vamos comprar cerveja ainda”, diz o eufórico Caio.

Qual jovem nunca ouviu falar da “bolha”, que é basicamente algum destilado – vodka ou cachaça - com refrigerante de limão. Também estudante, Otávio Augusto já pegou logo um corote sem sabor e fez a mistura na garrafinha mesmo. “Negócio é bolha tá ligado?”

Estudantes Caio e Luiz mostrando as bebidas de Carnaval (Foto: Marcos Maluf)
Estudantes Caio e Luiz mostrando as bebidas de Carnaval (Foto: Marcos Maluf)
Otávio Augusto segue a tradição da "bolha" (Foto: Marcos Maluf)
Otávio Augusto segue a tradição da "bolha" (Foto: Marcos Maluf)

Agora quem fez um trabalho bem feito foi a turma do engenheiro civil Antonio Pedro. Os caras pesquisaram na internet receitas com Jurupinga, até que decidiram fazer uma espécie de ponche num baldinho.

“Aqui tem Jurupinga, rodelas de limão e laranja e corote de maracujá”, explica Antonio, já meio desapontado porque a bebida já estava quase no fim. Parte dos amigos que começaram a beber o “ponche” já estavam bebendo cerveja. Mistura que fala, né?

Mas no rolê há quem seja fiel à tradição. Pelo que percebemos, a maioria bebe cerveja em algum momento, principalmente depois que os drinques comprados em mercados acabam, mas poucos ficam na “cerva” do início ao fim.

Esse foi o caso da esteticista Tânia Valério e suas amigas. Elas compraram latinhas de cerveja e prometeram que beberiam aquilo até o fim. Se acabasse, iriam comprar mais.

“Eu não misturo, não gosto de misturar. Só vou beber isso aqui a noite toda, e água também”, reforça Tânia.

A criatividade dos foliões no que diz respeito a bebidas, se estende aos vendedores também. Encontramos caipirinha feita no pilão em uma barraca e em outra uma bebida feita a base de bala Halls, isso mesmo bala Halls. Logo perguntamos, como assim, coloca como esse Halls na bebida? O responsável, o estudante e vendedor de goró nas horas vagas, Felipe Chaves, explica que várias bebidas e o Halls são batidos juntos. Ele não quis revelar os ingredientes. “Tudo nosso aqui é sem miséria. Nesse calor, essa é uma das bebidas mais refrescantes do Carnaval”. Vale ressaltar que Felipe também estava vendendo vodka com Yakult.

A estrela da barraca Flex é uma bebida chama, vejam só, “Psicose”, cuja base é groselha. Sara Rezende, dona da barraca, também não quis revelar o segredo da bebida. 

Vodka com Yakult à frente e em seguida a bebida a base de Halls (Foto: Marcos Maluf)
Vodka com Yakult à frente e em seguida a bebida a base de Halls (Foto: Marcos Maluf)
Caipirinha no pilão é um receita trazida dos rodeios (Marcos Maluf)
Caipirinha no pilão é um receita trazida dos rodeios (Marcos Maluf)

Sabemos que a grande estrela dos últimos carnavais foi a perigosa e traiçoeira catuaba. Claro que esse ano encontramos várias rodinhas com a galera mandando a ver na “catu”, mas é nítido que agora ela compete com novas bebidas e novas misturas.

O leitor – e meu patrão –que me perdoe, mas tenho que admitir que o experimentamos algumas dessas bebidas; ossos do ofícios. Isso não quer dizer que não arcamos com nossas responsabilidades, assim como o folião.

O Carnaval é um período de escapismo, talvez o mais intenso do Brasil e faz parte dessa tradição a ingestão de bebida alcoólica. E se tem uma coisa que o brasileiro é, é criativo, então o que não faltou nos gorós do nosso Carnaval foi isso, criatividade.

Mas o resultado pode ser visto, de perto, no fim da folia: só na noite desse domingo, a Cruz Vermelha, atendeu 13 ocorrências envolvendo embriaguez. Em uma delas, uma jovem de 20 anos foi encaminhada para a Santa Casa inconsciente pelo Samu. 

O mesmo número de atendimentos também foi registrado no primeiro dia de Cordão Valu, na Esplanada Ferroviária. A dinâmica do socorro aos embriagados ou em qualquer outro tipo de situação, começa pela Cruz Vermelha, que avalia os sinais vitais e, se for o caso de um curativo, já resolve e libera ali mesmo. No entanto, como são quase nulos estes atendimentos, ao constatar que foi bebedeira vindo dessa mistura de gorós, foliões acabam no posto da Sesau (Secretária Municipal de Saúde) montado na Galeria de Vidro da Plataforma Cultural, onde passam por avaliação médica, recebem soro e, num caso mais grave, seguem para o hospital. 

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