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Comportamento

O que as crianças aprendem sobre política em uma feira de ciências da escola?

Naiane Mesquita | 03/09/2016 07:05
Fabrício mostra o aplicativo que eles criaram sobre os vereadores de Campo Grande (Foto: Alcides Neto)
Fabrício mostra o aplicativo que eles criaram sobre os vereadores de Campo Grande (Foto: Alcides Neto)

Enquanto o País vive uma turbulência política e se aproxima das eleições para a escolha de prefeito e vereadores, as crianças descobrem que não há muitas flores hoje na vida pública. Durante uma simples e tradicional feira de ciências é possível encontrar um aplicativo que mapeia as atividades de políticos em Mato Grosso do Sul e até um aluno que sentiu dificuldades de colher informações básicas onde deveria ter todo o respaldo e incentivo: no poder público.

Três alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, de uma escolha particular da cidade, conseguiram criar e colocar para funcionar um aplicativo para celular n atentativa de apontar um caminho ao eleitor na hora de escolher um vereador. A tecnologia é rudimentar, mas o bacana são as descobertas dos meninos durante a pesquisa.

Eduardo Teodoro Donadi, Pedro Henrique Tozzo Tubin e Fabrício Pupo Antunes, todos de 13 anos, tiveram a ideia de criar um sistema em que as informações de vereadores em exercícios estivessem disponíveis. Principalmente, dados sobre os que tentam a reeleição. “Estamos em ano eleitoral e com diversos problemas. Pelo nosso levantamento, as pessoas têm a tendência de sempre votar no mesmo candidato. Pensamos no aplicativo para mostrar como foi o trabalho dele”, diz Fabrício.

Eduardo, Pedro e Fabrício, os autores do projeto (Foto: Alcides Neto)
Eduardo, Pedro e Fabrício, os autores do projeto (Foto: Alcides Neto)

Para espanto dos meninos, tinha candidato que não apresentava projeto desde 2013 na Câmara Municipal de Campo Grande. “O principal trabalho dos vereadores é apresentar projetos de políticas públicas e alguns não faziam isso desde 2013. Eles não tinham um trabalho atual”, afirma Pedro Henrique.

No app, ainda existe um ranking de corrupção, dos políticos que mais foram cassados no País. Ao contrário do que imaginavam ao ver televisão, eles descobriram que o PT não é o maior vilão do Brasil. O partido aparece em 9ª posição, enquanto o DEM está em primeiro lugar, seguido de outros partidos importantes como PMDB e PSDB. “A mídia manipula a informação para privilegiar determinados partidos”, justifica Eduardo.

A intenção do projeto Vote Certo, que inclusive pode ser baixado para sistema Android, é que a população cidadão vote consciente. Tudo isso foi possível graças a internet. “Nós seguimos um tutorial em um site que ensina a criar um app e deu certo. Tem o passo a passo”, explica Fabrício.

Gabriel encontrou dificuldades para levantar informações ambientais (Foto: Alcides Neto)
Gabriel encontrou dificuldades para levantar informações ambientais (Foto: Alcides Neto)

Outro projeto que descobriu de perto as limitações do poder público foi o do estudante também do 8º ano Gabriel Martins Santana, 13 anos. Ele quis comparar a preservação dos córregos de Campo Grande nos últimos anos, nas gestões de Nelson Trad e Alcides Bernal. Mas lá veio a decepção com o poder público. O que ele encontrou foram portas fechadas.

“Não consegui muitas informações. Entrei em contato com alunos da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e eles não me responderam, nem me receberam, com a prefeitura e o Eduardo Romero, vereador. Encontrei uma resistência forte de todos, ninguém me recebeu”, conta.

A frustração é inevitável. “Eu queria mostrar a evolução do projeto Córrego Limpo que mapeava os córregos da cidade e classificava por ordem de poluição. O que mais me impressionou é que de 33 córregos na cidade, 29 sofreram assoreamento e poluição”, diz Gabriel.

As informações ele coletou de sites da Semadur, Prefeitura e Águas Guariroba. “A ideia era mostrar a evolução do projeto, mas não deu por falta de informação”, ressalta Gabriel.

A professora de História e Geografia dos meninos, Fabiana Cabral, 36 anos, explica que essa resistência em repassar informações ambientais é comum, mas fere um direito básico do cidadão.

“Mostramos com esses dois projetos a importância de transformar a informação que já existe, está disponível na rede em algo mais simples para a população. Na questão da política já tínhamos convidados presidentes de partidos a vir à escola e conversar com os alunos. Ao invés de uma escola sem partido, fizemos uma escola com todos eles, onde foi possível mostrar a ideologia de cada um”, frisa.

A partir disso os trabalhos foram construídos. “Queremos construir cidadãos mais conscientes do seu papel na sociedade”, acredita.

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