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Comportamento

Pai e filha têm reencontro com a vida em mochilão pela Bolívia

Teylor e Elis registraram toda a viagem em um diário de bordo e os 12 dias custaram cerca de R$ 2,5 mil

Danielle Valentim | 18/07/2019 09:18
Teylor e Elis com a vista do Lago Titicaca, um dos maiores da América do Sul e com o curso d’água navegável mais alto do mundo.
Teylor e Elis com a vista do Lago Titicaca, um dos maiores da América do Sul e com o curso d’água navegável mais alto do mundo.

Doze dias foi tempo suficiente para que pai e filha pudessem fortalecer laços e compartilhar confidências em uma viagem para lá de especial. O sociólogo e professor Teylor Fuchs, de 36 anos, e a filha Elis Fuchs Caldas, de 16, aproveitaram as férias de inverno para se aventurar em mochilão na Bolívia.

Teylor já tinha feito um trajeto semelhante em 2013, mas tudo foi novidade para Elis. “Quando fiz o mochilão pela primeira vez também saí por Corumbá, mas fui até Machu Picchu, no Peru, passei pelo Chile e voltei pelo Paraguai. Também tenho um filho 12, mas ela, principalmente, sempre se interessou por uma viagem assim. Desta vez, a viagem foi mais curta por causa do período reduzido das férias”, conta Teylor.

O planejamento durou três meses e a viagem 12 dias. “Saímos de Campo Grande com destino a Corumbá de ônibus. Lá em Corumbá encontramos alguns amigos fizemos a migração e entrada na Bolívia. A espera foi de cerca de duas horas em uma fila”, lembra o professor.

Início do percurso em Puerto Quijarro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Início do percurso em Puerto Quijarro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Chegada a Santa Cruz. (Foto: Arquivo Pessoal)
Chegada a Santa Cruz. (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi um choque de cultura e muitas experiências para contar. Pai e filha iniciaram a trip por Puerto Quijarro que faz fronteira com Corumbá. Lá embarcaram em um trem com destino a Santa Cruz de La Sierra. Foram 18 horas de viagem até a cidade conhecida como o centro comercial da Bolívia.

“Nesse trajeto já foi uma experiência muito boa e um tempo para ficarmos juntos. Além da experiência, Elis conheceu muito da cultura. A cada parada muitas crianças subiam para vender comidas típicas. A magia da viagem começou aí”, lembra.

O dia em Santa Cruz se resumiu a bater perna pelo Centro histórico, praças e museus. (Foto: Arquivo Pessoal)
O dia em Santa Cruz se resumiu a bater perna pelo Centro histórico, praças e museus. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os dois desembarcaram em Santa Cruz em um dos dias mais frios da viagem. O relógio marcava 8h e os termômetros 3°C. “Nós tínhamos um hotel pré-reservado, mas acabamos ficando em um mais próximo e mais em conta”, conta.

Todo o planejamento foi calculado em cima de gastos mínimos, o que provocou uma imersão cultural: nada de fast food. O dia em Santa Cruz se resumiu a bater perna pelo Centro histórico, praças e museus.

O próximo destino: La Paz, a capital da Bolívia. Desta vez, pai e filha seguiram de ônibus. “Tínhamos no planejamento a ideia de passar por Cochabamba - cidade no centro da Bolívia - mas por conta do frio intenso decidimos ir direto para La paz. sempre discutindo juntos foi a primeira mudança no roteiro”, lembra Teylor.

“Foi uma experiência única. Fomos com todo um planejamento, mas sem saber o que poderia acontecer. Os costumes são muito diferentes dos nossos. Algo que me chamou a atenção foi durante o trajeto de Santa Cruz para La Paz. Uma menina comia um macarrão dentro de sacolinha. O macarrão era sugado com a ajuda de um canudo. Era bem diferente e ela não foi a única que vi fazendo o mesmo”, pontua Elis.

Em Paz, pai e filha ficaram quatro dias. (Foto: Arquivo Pessoal)
Em Paz, pai e filha ficaram quatro dias. (Foto: Arquivo Pessoal)
Palácio do Governo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Palácio do Governo. (Foto: Arquivo Pessoal)

La Paz também é considerada a capital administrativa mais alta do mundo, por estar situada a 3.500 metros acima do nível do mar. A altitude maltrata e nesse trecho da viagem, quem ainda não passou mal, vai passar.

“Antes de chegar em La Paz a gente passa por um distrito que chama El Alto, o ponto mais alto. Deu muito mal estar, dor de cabeça e nosso ouvido parece entupir”, lembra Elis.

A cidade ganhou uma programação mais extensa e os dois ficaram na região por quatro dias.

"A gente já tinha incluído alguns pontos turísticos que vimos pela internet, mas também fomos a mercados famosos, fotografamos em um mural em homenagem a Marielle e visitamos o Centro histórico e o Palácio Governo, aonde chegamos a ficar por 2 horas esperando a passagem de Evo Morales, mas não deu certo”, conta.

La Paz tem a maior rede de teleféricos da América Latina. (Foto: Arquivo Pessoal)
La Paz tem a maior rede de teleféricos da América Latina. (Foto: Arquivo Pessoal)

No segundo dia, na cidade os dois tiraram o dia para passear em teleféricos e conheceram seis linhas. La Paz tem a maior rede de teleféricos da América Latina e trajeto para muitas localidades é feito por cima.

No terceiro dia foi a vez de conhecerem a estação de esqui mais alta do mundo com 5.400 metros de altitude: Chacaltaya. O carro para na base e a subida é feita a pé. Finalizar o percurso foi mais um momento marcante para os dois.

“Foi um momento mágico chegarmos juntos ao topo. Tivemos a visão das duas maiores montanhas da Bolívia nos abraçamos e agradecemos muito pela oportunidade”, conta.
O quarto dia em La Paz foi destinado a comprinhas e visita à Rua das Bruxas até seguirem para o último destino da viagem: Copacabana.

A cidade margeada pelo lago Titicaca, um dos maiores da América do Sul e com o curso d’água navegável mais alto do mundo. Teylor conhecia o lago, mas não Isla del Sol, a ilha onde o Império Inca teria nascido. O local até hoje é administrado pela tribo originária e um pouso na ilha histórica entrou no roteiro. 

Os barcos saem de Copacabana com destino à ilha todos os dias às 13h30 e por conta de um atraso, Teylor e Elis “tiveram a sorte” de aproveitar o percurso de 1h30 sozinhos. “Os outros barcos já tinham todos saído e demos sorte de pegar o último. Entrar na ilha foi sensacional. Dormimos numa pousada bem simples, mas com uma vista incrível”, conta Teylor.

Teylor e Elis “tiveram a sorte” de aproveitar o percurso de 1h30 sozinhos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Teylor e Elis “tiveram a sorte” de aproveitar o percurso de 1h30 sozinhos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Passeios na ilha. (Foto: Arquivo Pessoal)
Passeios na ilha. (Foto: Arquivo Pessoal)

O roteiro também incluiu visita a restaurantes que participam do movimento feminista boliviano “Mulheres Criando Comunidade”. “Passeamos por ruínas Incas e também comemos em restaurantes do movimento. Minha filha quem viu e decidimos comer nos locais”, conta.

Hora de dar tchau – Copacabana foi o destino final do roteiro e no dia seguinte foi o momento de despedida. Os barcos deixam a ilha com destino à cidade às 10h. Pai e filha tomaram o café da manhã e um pequeno atraso quase atrapalhou todo o retorno.

Os dois desceram a ilha, mas ao chegarem ao ponto de embarque descobriram que os barcos já tinham deixado o local.

“Entramos em desespero porque o ônibus de Copacabana para La Paz sairia às 13h30. Foi um momento bem estressante para mim e também para a Elis, mas às 11h30 chegou um barco de turismo e a atendente conseguiu nos encaixar. O problema é que a embarcação estava seguindo para as ilhas flutuantes. Ganhamos o passeio, mas mesmo assim perdemos o ônibus para La Paz”, lembra Teylor.

Pai e filha durante o café da manhã. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pai e filha durante o café da manhã. (Foto: Arquivo Pessoal)

Como toda viagem, ninguém escapa de alguns perrengues. O barco chegou à Copacabana dez minutos depois da partida do ônibus e os dois tiveram de entrar em um transporte convencional para La Paz.

“Quando estávamos dentro do ônibus descobrimos que ele não ia para a rodoviária, mas que o ponto final seria o cemitério de La Paz. Descemos no cemitério às 18h e entramos em um Táxi. Já tinham nos alertado sobre os táxis, mas mesmo assim arriscamos. Não deu outra. Em certo momento do trajeto, um homem todo de preto simplesmente entrou no carro e se identificou como policial. Ele nos disse que estava investigando traficantes peruanos e pediu nossos documentos. Expliquei que era professor e estava em viagem com a minha filha. Ele nos fez muitas perguntas e no fim das contas o taxista foi detido por falta de licença. Tivemos que descer e pegar outro táxi”, conta Teylor.

Fim de viagem. (Foto: Arquivo Pessoal)
Fim de viagem. (Foto: Arquivo Pessoal)

Sob muita pressão, pai e filha conseguiram chegar à rodoviária faltando 15 minutos para a saída do ônibus. “Já em Santa Cruz, passamos o dia na casa de uma amiga da minha filha e no fim da tarde seguimos para Puerto Quijarro”, finaliza.

Teylor e Elis saíram de Campo Grande no dia 3 e chegaram no dia 14 de julho. Toda a viagem foi registrada em um diário de bordo e custou R$ 2,5 mil.

“Foi uma experiência diferente. A gente nunca tinha feito isso juntos. Mas foi maravilhoso, até para a gente se conhecer mais. Conversamos bastante e foi um momento de me aproximar mais do meu pai, de saber o que ele mais gosta e ele saber as coisas que eu gosto. Quero fazer mais viagens como esse, essa foi só a primeira”, finalizou Elis.

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