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Comportamento

Para felicidade de Antônio, óculos novo chegou e ele já pensa até em escrever

O morador de rua ficou enxergando pouco durante dias, até que uma doação mudou a rotina

Thailla Torres | 13/11/2017 07:23
"Agora vou escrever. Também sei fazer poemas,
crônicas...", diz Antônio. (Foto: Paulo Francis)
"Agora vou escrever. Também sei fazer poemas, crônicas...", diz Antônio. (Foto: Paulo Francis)

A semana que passou foi bem diferente para Antônio Pedro Rodrigues Borges, de 57 anos. O morador de rua, que havia perdido os óculos de grau há dias, na região do bairro São Francisco, finalmente ganhou um novo.

A doação chegou em pouco tempo, depois que o Lado B contou sobre o desejo de voltar a enxergar para garantir a leitura, seu único prazer, desde que vive sem rumo há 50 anos pelas ruas de Campo Grande.

Há meses ele dorme em uma cabana de plástico na rua Arthur Jorge e cuida dos carros para garantir o almoço no dia seguinte. Mas não é todo dia que consegue uns trocados. E a falta de óculos vinha prejudicando até suas andanças. "Eu só enxergo do olho esquerdo e o meu óculos tinha 7 graus", lembra.

Nas primeiras horas depois que reportagem foi ao ar, Antônio se deparou com visitas de quem foi conferir de perto a situação dele. "Veio um monte de gente que eu nem conhecia. Perguntando se eu estava mesmo precisando de óculos. Alguns conversaram e disseram que ia voltar", conta.

Antônio diz que ao descobrirem sua situação, muita gente quis fazer a doação, mas ele só aceitou uma unidade. "Cada um queria me dar, mas como o primeiro visitante já me levou para fazer o exame, eu só agradeci aos outros". 

A doação veio do proprietário de uma ótica na Rui Barbosa, que deixou que Antônio escolhesse qualquer modelo. "Sempre quis desses quadradinhos, acho mais bonito", justifica a escolha.

Contente com a repercussão, o homem que até então parecia não se importar com o jeito de viver, diz que passou a enxergar a vida diferente. "Agora eu posso ler de tudo. Vou até começar a escrever, eu sei fazer poesia e crônicas", garante.

Além da leitura sem dores de cabeça, o óculos novo agora vai ajudar na hora de trabalhar nas ruas. "Vou continuar cuidando dos carros e com meu dinheiro vou comprar um carrinho de reciclagem. Com ele tenho certeza que saio daqui", diz sobre continuar morando nas ruas.

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