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Comportamento

Por telefone, como evitar que um desconhecido mude de ideia sobre a vida?

O GAV (Grupo Amor Vida) está em busca de voluntários; saiba como ajudar e prevenir o suicídio

Thailla Torres | 17/01/2019 08:41
Bombeiros  tentando impedir que uma adolescente pule da caixa d’água, em junho de 2018. (Foto: Arquivo / Fernando Antunes)
Bombeiros tentando impedir que uma adolescente pule da caixa d’água, em junho de 2018. (Foto: Arquivo / Fernando Antunes)

A foto acima retrata parte de cinco horas de negociação que terminaram com uma vida salva em 2018. Embora familiares e moradores de um condomínio, em Campo Grande, tenham enfrentado desespero, militares do Corpo de Bombeiros e Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) conseguiram, após muita conversa, evitar que uma adolescente, de 15 anos, pulasse da caixa d’água. Nesses casos, a prevenção do suicídio ou diálogo com quem sofre pode ser feita por telefone. Por isso, o GAV (Grupo Amor Vida) está em busca de voluntariado para socorrer quem está prestes a tirar a própria vida.

A ligação em breve voltará a ser gratuita e o sigilo sempre foi garantido. Quando o telefone toca no GAV, do outro lado da linha existe alguém que sofre ou tenta acabar com uma dor silenciosa, muitas vezes desconhecida pelos amigos e a família. Voluntários ouvem e passam até duas horas conversando com a mesma pessoa. O serviço não oferece atendimento médico ou acompanhamento em grupo, mas ouvidos acolhedores que ajudam refletir sobre a vida e desarmar o gatilho do suicídio.

"É o trabalho de ouvir o outro como um ser humano. Quando a pessoa compartilha uma dor o sofrimento diminui. É como se você levantasse a válvula de uma panela pressão. Isso fortalece as pessoas porquê boa parte dos casos de suicídio estão relacionamento com a rejeição e os medos da rejeição. Quando você aceita o outro incondicionalmente, isso fortalece e, quando alguém ouve nossos problemas, a gente consegue raciocinar melhor", explica o presidente Gerson Mardine Fraulob, voluntário do GAV desde 2011.

A grupo funciona em Campo Grande há 18 anos e já atendeu cerca de 2,5 mil ligações por mês. Atualmente, as ligações diminuíram porque a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) cancelou o número 141, em que a ligação era gratuita. O atendimento resiste pelo telefone (67) 3383-4112, mas o presidente garante que em breve dois celulares vão contribuir com os atendimentos. "Estamos nos preparando para recuperar os atendimentos instalando números de duas operadoras. Assim, teremos telefone fixo e celulares para ajudar quem precisa", diz Gerson.

O grupo tem 40 voluntários, mas seria necessário dobrar o número de pessoas para conseguir atender 24 horas. "Hoje, atendemos apenas das 7h às 23h. Queremos ampliar o atendimento porque esse é um trabalho realizado no mundo todo. As pessoas ligam e conversam à vontade. Ajudar o outro é gratificante e o serviço pode ser feito por qualquer pessoa". 

Seja um voluntário - Para fazer parte do grupo é necessário ter no mínimo 18 anos e fazer um curso de formação que começa no próximo dia 2 de fevereiro. Não é preciso formação profissional, apenas sensibilidade explica o presidente. "Tem que estar disposta a ouvir e em relativo equilíbrio para aceitar o outro incondicionalmente".

Também é necessário dispor de tempo para realizar os plantões de atendimento. No GAV os atendimentos são realizados em plantões de 4 horas semanais, de domingo a sábado, inclusive feriados. O voluntário de atendimento deve realizar pelo menos um plantão semanal, em horário compatível com a sua vida pessoal, podendo, se o desejar, fazer mais de um plantão por semana.

As incrições podem ser feitas pelo telefone (67) 3383-4112, site ou e-mail: gav.campogrande@gmail.com 

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