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Comportamento

Professora que não desiste de ensinar volta todo dia à escola onde se aposentou

Paula Maciulevicius | 16/05/2017 08:21
Isaura já se aposentou, mas volta todos os dias à escola com o mesmo sorriso. (Foto: Marcos Ermínio)
Isaura já se aposentou, mas volta todos os dias à escola com o mesmo sorriso. (Foto: Marcos Ermínio)

Aonde a gente visse dona Isaura saberia que ela responde a quem chamá-la de professora. De óculos, sorriso e um semblante sereno, de quem tem de amor à profissão o mesmo que de paciência, Isaura já se aposentou, mas volta todos os dias à escola. Nos últimos 20 anos de trabalho, ela esteve dentro da sala de aula da Escola Estadual São José e há dois é voluntária na hora de dar reforço aos alunos. 

"O que eu estou fazendo hoje? Dando reforço. Se eu não quiser vir, não venho. Mas eu venho todos os dias. Agora estamos trabalhando na produção de texto sobre trânsito", explica a professora Isaura Almeida Cândido.

De longe a gente já acompanhava o carinho com que ela para, corrige e ensina os dois alunos do 3º ano que lhe acompanham. 

De longe a gente já acompanhava o carinho com que ela para, corrige e ensina. (Foto: Marcos Ermínio)
De longe a gente já acompanhava o carinho com que ela para, corrige e ensina. (Foto: Marcos Ermínio)

Aos 69 anos, Isaura se aposentou primeiro no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, 12 anos atrás, para depois encerrar a carreira no estadual. "Por que eu faço isso? Porque eu amo. Gostaria de voltar aos meus 20 anos para começar tudo de novo", sonha.

Douradense de nascença, foram sete anos de trabalho no Sul do Estado, mais nove em São Paulo para então chegar a Campo Grande. Só no Auxiliadora foram 18 anos e outras duas décadas no São José.

"Como aqui a diretora era uma irmã do Auxiliadora, eu vim para cá com ela. Mudou a direção e é uma escola maravilhosa, então continuei dando reforço. O dia que eu não puder, eu vou ficar triste", já imagina.

"Enquanto eu puder andar e escrever, eu estarei ensinando", diz. (Foto: Marcos Ermínio)
"Enquanto eu puder andar e escrever, eu estarei ensinando", diz. (Foto: Marcos Ermínio)

A vida toda foi passada dentro da sala de aula. Professora do 1º ao 4º ano do Fundamental, Isaura ama e acredita no que faz até hoje.

"Amo a educação e a gente sempre tem esperança de a cada ano poder melhorar um pouco mais. Enquanto eu puder andar e escrever, eu estarei ensinando", avisa.

Na tarefa da aluninha, além da produção textual, a professora pega no pé da letra cursiva. "Ela está com dificuldade, porque eles começam na de forma", explica a nós.

A família não só a apoia, como tem orgulho. Com a única filha longe de casa, só fica ela e o marido na residência. Todo dia, às 7h da manhã, a professora deixa onde mora, na Vila Rosa, para chegar onde vive, no São Francisco. 

"Para mim isso aqui é terapia também. Muitas vezes eu venho à tarde ajudar, quando tem alguma coisa e eles me chamam, eu estou sempre pronta". 

Se pudesse voltar no tempo, Isaura diz que teria estudado mais, na área de educação. A persistência da professora que não desiste de ensinar é inspiração para o coordenador pedagógico da escola

"É amor pela profissão, escola e alunos. Hoje a gente está num mundo em que as pessoas quase não estão nem aí. Quando eu vejo alguém assim, fico emocionado. É inspiração e incentivo", sente Rone Rabelo, de 42 anos. 

Foi ele quem sugeriu que o Lado B fosse conhecer a doce professora Isaura. 

Se pudesse voltar no tempo, Isaura diz que teria estudado mais, na área de educação. (Foto: Marcos Ermínio)
Se pudesse voltar no tempo, Isaura diz que teria estudado mais, na área de educação. (Foto: Marcos Ermínio)
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