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Comportamento

Quando deu na telha, Elisia vendeu tudo e recomeçou a vida em Búzios aos 65 anos

Paula Maciulevicius | 17/05/2017 09:03
Costureira de mão cheia, Elisia levou ateliê para Búzios. (Foto: Arquivo Pessoal)
Costureira de mão cheia, Elisia levou ateliê para Búzios. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na primeira viagem que Elisia fez sozinha, ela já sentiu que só voltaria a Campo Grande para buscar a mudança. Aos 65 anos, quem sempre viveu à sombra do marido e depois à da filha, como ela mesma narra, agora tem de se virar até para mexer no celular. Sem nunca ter saído daqui, quando deu na telha, ela foi-se embora para Búzios, onde hoje é dona de dois brechós. Tudo isso em quatro meses.

"Eu sempre gostei muito de mudança, apesar de nunca ter saído de Campo Grande em 65 anos. Me deu na telha, mas eu não vim a esmo. Sabia para onde estava indo, foi de caso pensado", explica Elisia Nantes Coelho.

Não é por medo de julgamentos, e sim por cautela, que na hora de narrar os fatos ela faz questão de frisar: já tinha familiares estruturados em Búzios. Com uma prima e uma irmã morando na cidade turística, quando Elisia planejou as férias, já avisou a clientela daqui que iria e talvez nem voltasse.

Elisia, a prima Hélia e Lúcia. As três sócias do brechó. (Foto: Arquivo Pessoal)
Elisia, a prima Hélia e Lúcia. As três sócias do brechó. (Foto: Arquivo Pessoal)

Costureira de mão cheia, ela ouvia em seu ateliê "que loucura!" e que, por ser cidade de praia, não ia ter serviço para ela lá não. Se tivesse escutado, Elisia não teria ganhado a liberdade que veio junto com a autonomia. Agora, até "fama" em Búzios ela diz que já ganhou.

"Eu sempre costurei, sempre trabalhei. Sou muito simples, minha vida é muito simples", enfatiza dona Elisia. Não é por praia, sol ou mar que ela se mudou não. Tanto é que em quatro meses de novo endereço, a costureira só foi duas vezes para a praia. "E por acaso", emenda.

"Eu vim trabalhar, ser útil para a humanidade e cada vez mais ajudar o maior número de pessoas", diz.

Da família, quem foi primeiro começou a comprar roupas usadas e revendê-las e, quando Elisia chegou anunciando que ficaria, entrou como terceira sócia no brechó que já ganhou até filial. "Me ofereci e abrimos a segunda loja, já pensando na terceira", avisa.

Brechó já tem até filial e em breve inaugura terceira loja. (Foto: Arquivo Pessoal)
Brechó já tem até filial e em breve inaugura terceira loja. (Foto: Arquivo Pessoal)

Viúva há 10 anos, a mudança de Elisia não foi só de Estado e sim de vida. "Eu fui pensando primeiro na minha autonomia, em ficar sozinha de tudo. Vim para me libertar, aqui eu não tenho filha para me ajudar no celular. Eu vivi primeiro à sombra do marido, depois à da minha filha. Eu tenho que crescer, aprender a viver sozinha", sente.

Com os quatro filhos morando em Campo Grande, cada um na sua casa, Elisia não queria dar trabalho e sim "curtir". "Eu estou curtindo muito, vivendo muito feliz. Nunca imaginei que faria isso. Viajei dois dias de ônibus e não conseguia entender como que eu nunca tinha viajado sozinha na vida", reflete.

Realizada, dona Elisia diz que encontrou a liberdade de ir e vir e percebeu que, para isso, não precisa nem de carro. "Aqui já conheci um estúdio de pilates, vou e volto a pé para casa. Em Campo Grande, só andava de carro, 10 quadras e eu ia de carro, não sei por que", se pergunta hoje.

A casa dela está sendo terminada agora. Alugada, os primeiros móveis e eletrodomésticos foram todos emprestados. "Comecei do zero aqui. O que eu trouxe foi só meu ateliê de costura e que ficou na loja. Mas agora já devolvi tudo o que era emprestado e arrumei minha casinha", conta toda faceira.

Se nunca é tarde para mudar de vida? Dona Elisia tem a certeza que não. "De repente, já aconteceu..."

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Elisia e a irmã Lúcia. (Foto: Arquivo Pessoal)
Elisia e a irmã Lúcia. (Foto: Arquivo Pessoal)
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