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Comportamento

Sonho de André e Ireno fez a pequena Sofia ter pais em dose dupla

Em outubro de 2018, uma ligação telefônica dava início a uma fase repleta de amor e de sonhos realizados

Danielle Valentim | 11/08/2019 07:10
Ireno à esquerda, André e Sofia na sala de casa. (Foto: Kísie Ainoã)
Ireno à esquerda, André e Sofia na sala de casa. (Foto: Kísie Ainoã)

O primeiro Dia dos Pais de André e Ireno tem gostinho de amor e sonho realizado. O casal se despiu dos medos e mergulhou de cabeça no sonho de ter uma filha. Sofia acaba de completar 1 ano, com uma festa digna de princesa rodeada de amigos, familiares e, claro, dois pais bem corujas.

Depois de uma “gestação” de dois anos e meio, os servidores públicos André Afonso Vilela, de 42 anos, e Ireno de Arruda Batista, de 38, que estão juntos há dez anos, viram a filha pela primeira vez. Sofia nasceu prematura com cerca de 1,2 kg e após dois meses foi apresentada aos pais, em outubro de 2018.

Hoje depois de um ano, o pacotinho de amor pesa quase nove quilos, não tira o sorriso do rosto e habita um lar que transmite muito amor. O Lado B foi conhecer essa família de perto e ouvir a aventura de dois pais de primeira viagem.

Sofia toda faceira durante a entrevista. (Foto: Kísie Ainoã)
Sofia toda faceira durante a entrevista. (Foto: Kísie Ainoã)
Sofia no ensaio de um ano. (Foto:Diana Pereira Fotografia)
Sofia no ensaio de um ano. (Foto:Diana Pereira Fotografia)

Sofia ainda não fala, mas são tantos sons saindo da boca, que logo se percebe a semelhança com o pai André, o mais comunicativo e que também foi um filho adotado.

“Desde a infância tive desejo de ter filhos adotivos. Talvez ligado a história de que eu também sou adotivo. Depois de alguns anos conversando com o Ireno amadurecemos a ideia de ter um filho. Fomos ao Fórum e bem na época tinha um curso para doação no início de 2016. Concluímos e entramos com a documentação para a adoção”, conta sobre o início.

Desde o início, os dois gostariam de ter uma menina, até porque Ireno é tio de quatro meninos. Em principio, o casal colocou a preferência para crianças de zero a dois anos e depois estenderam para quatro anos.

Desde o início, os dois gostariam de ter uma menina, até porque Ireno é tio de quatro meninos. (Foto: Kísie Ainoã)
Desde o início, os dois gostariam de ter uma menina, até porque Ireno é tio de quatro meninos. (Foto: Kísie Ainoã)
No período de espera da ligação, André e Ireno começaram a participar do grupo de GEAAV. (Foto: Kísie Ainoã)
No período de espera da ligação, André e Ireno começaram a participar do grupo de GEAAV. (Foto: Kísie Ainoã)

No período de espera da ligação, André e Ireno começaram a participar do grupo de GEAAV (Grupo de Estudos e Apoio à Adoção Vida). Os encontros foram muito importante para aguentar a ansiedade e conhecer a história de outras pessoas.

A ligação – Quarta-feira, 10 de outubro de 2018, 19h. Véspera de feriado. André e Ireno jantavam em um restaurante, quando o telefone tocou.

“A primeira pergunta ao telefone é se já estavam habilitados. Após todos os questionamentos e informação de que estávamos selecionados, a assistente social nos chama para conversar na segunda-feira, dia 15? Eu já querendo que fosse no dia seguinte. Aceitamos e fomos embora do restaurante, afinal, a fome já tinha acabado”, lembra André.

Espera para conhecer Sofia depois da ligação do Fórum foi a mais longa. (Foto: Kísie Ainoã)
Espera para conhecer Sofia depois da ligação do Fórum foi a mais longa. (Foto: Kísie Ainoã)
Quarto de Sofia. (Foto: Kísie Ainoã)
Quarto de Sofia. (Foto: Kísie Ainoã)

A espera até segunda-feira foi um verdadeiro teste de sanidade. André não daria aula naquele feriado, mas Ireno estava prestes a cumprindo plantões de 24h no fim de semana.

“No dia seguinte à ligação Ireno, que também não tinha dormido, foi trabalhar e eu já passei o dia tentando imaginar o rosto. Porque na ligação eles não dão as características. A única coisa que adiantaram é de que teríamos de ir com tempo para conversar e em seguida visitar a maternidade, ou seja, era um recém-nascido”, lembra.

Bolsa estourando – O bebê estava chegando e o quarto não tinha móveis. Mas para quem já havia esperado tanto, esse o menor dos problemas.

Depois de quinta-feira inteira de agonia, sexta foi dia de compras. Para recebê-la com tudo que tinha direito André e Ireno saíram em busca do berço, carrinho de bebê, bebê conforto, roupas e tudo que ela tinha direito. O quarto foi montado, Ireno iniciou os plantões mais longos da vida e André foi lavar tudo para receber Sofia.

“Na segunda-feira seguimos para o Fórum. Chegamos uma hora antes e formos atendimento meia hora depois do combinado, então imagina como estávamos. Depois de receber todas as informações sobre o bebê veio a tão esperada pergunta: querem conhecer? Eu já respondi: Viemos para isso”, recorda André.

Ensaio pré-níver da Sofia. (Foto: Diana Pereira Fotografia)
Ensaio pré-níver da Sofia. (Foto: Diana Pereira Fotografia)
Sobre o ensaio: uma fofura. (Foto: Diana Pereira Fotografia)
Sobre o ensaio: uma fofura. (Foto: Diana Pereira Fotografia)

Na maternidade, ao se depararem com Sofia, André e Ireno garantem “foi amor à primeira vista”. “Assim que eu a vi tão pequena peguei no colo e perguntei se poderia fazer uma foto. A assistentes me perguntaram: É a filha de vocês? E eu respondi: É óbvio, que é. Tiramos fotos e entramos com o pedido da guarda”, conta André.

Como Sofia só poderia sair do hospital com a autorização da guarda, o casal precisou voltar no dia seguinte no Fórum para buscar a autorização e retornar a maternidade. A médica da menina conversou com André e Ireno e ainda brincou que a partir daquele momento estavam internados até aprenderem tudo. Mais dois dias no hospital e no dia 17 de outubro, Sofia recebeu alta.

Da água para o vinho – Com Sofia em casa tudo mudou. Apesar de tios, os cuidados com a filha foram totalmente diferentes. Foi tudo novo, inclusive a licença adotante de André, um dos primeiros servidores municipais a conseguir os 120 dias para cuidar da filha.

Ireno não conseguiu ficar em casa, porque a lei não prevê licença adotante para o pai. André conseguiu a licença prevista para mães. “Eu tirei quatro meses de licença adotante, no município fui um dos primeiros a conseguir os 120 dias e tive a prorrogação por mais 60 dias. Então fiquei seis meses e mais um mês de férias”, lembra.

Quando a certidão definitiva ficou pronta. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando a certidão definitiva ficou pronta. (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos primeiros quatro meses, André dormiu no corredor entre os quartos para cuidar da filha. “Eu assumia mais essas responsabilidade, porque Ireno chegava cansado do plantão e fomos levando. Aí vieram as correrias médicas. Todas as fases. A gente passa a entender o lado da mulher. Eu dormia a cada intervalo. Meia hora mamando, mais meia hora para arrotar, troca fralda, coloca para dormir”, conta.

André que teve mais tempo em casa chegou a passar por situações engraçadas, já que normalmente quem sai com o filho é a mulher. “Teve uma vez que ao chegar ao Fórum, uma senhora nem fechou a porta do carro e veio correndo perguntando se eu precisava de ajuda. Eu respondi que estava tranquilo e ela me disse que a cena era rara. Mas é uma experiência muito rica”, disse.

Os rolês não só diminuíram, como também mudaram. A primeira é: Dá para levar criança?

Um dia antes da festa de aniversário, a Certidão de Nascimento definitiva com o nome dado pelos pais ficou pronta, como um presente. Era oficial, Sofia Batista Vilela estava registrada. “Antes da certidão definitiva nós usávamos Sofia como nome afetivo, porque nos documentos ainda constava o nome da mãe”, explica André.

Ache a Sofia? (Foto: Arquivo Pessoal)
Ache a Sofia? (Foto: Arquivo Pessoal)
Festa de princesa da Sofia. (Foto: Diana Pereira Fotografia)
Festa de princesa da Sofia. (Foto: Diana Pereira Fotografia)
Hall da festa. (Foto: Diana Pereira Fotografia)
Hall da festa. (Foto: Diana Pereira Fotografia)

A festa – Ireno lembra que a festa de Sofia foi desejada por todos e a lista de convidados preenchida com nomes realmente presentes na vida da menina.

“Eu priorizei amigos e familiares que acompanharam todo no processo da adoção. Montamos tudo, ficou muito bonito. Pelo incrível que pareça não faltou ninguém”, pontua Ireno.

Os dois receberam muito apoio e desde os seis meses de vida a festa começou a ser planejada. Da decoração aos vestidos, tudo foi escolhido e encomendado a dedo. Como a festa foi completa, Sofia até modelou para um ensaio pré-niver.

É papai em dobro? Então o serviço pode ser dobrado. A rotina da casa começa às 5h. A primeira a ser arrumada é Sofia, que às 6h é deixada com a babá. Entre tanto esforço toda a recompensa é devolvida em amor. Sofia é um bebê amado, sorridente e um grude com os papais.

André é coordenador pedagógico no período diurno e professor na Unigran algumas vezes na semana. Para deixar a aventura um pouco mais eletrizante, André viaja uma vez na semana a Rio Claro-SP para aulas do doutorado. “Eu faço doutorado na Unesp de São Paulo e para as aulas saio na madrugada via São Paulo ou via Campinas e volto no último voo. Então é pique”, frisa.

Já Ireno divide a rotina com dois plantões de 12h e o restante da semana em expediente de 6h. Dessa forma, o casal concilia os horários para os dois terem tempo com a pequena Sofia.

Sofia é um grude com os papais. (Foto: Kísie Ainoã)
Sofia é um grude com os papais. (Foto: Kísie Ainoã)

E para quem pensa em adotar ou que já está aguardando ansiosamente na fila, o casal dá aconselha: “Vale a esperar. Por mais que soframos aquela angústia, pois vira a criança certa. Se nós não tivéssemos esperado dois anos e meio, nós não teríamos a Sofia. E é por ela que vivemos e fazemos tudo”, pontua André.

“É como o André disse, é muito gratificante, você obtém muitas respostas e às vezes chora do nada. E para quem tem dúvida e está na ansiedade, busquem o Geaav é uma boa alternativa para tirar dúvidas e ver experiências. Depois da chegada da Sofia nós voltamos para contar a nossa experiência”, completa Ireno.

O casal agora participa de um grupo de pós-adoção. Nos encontros novos papais sanam dúvidas com documentação, prazos e demais questionamentos.

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