ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 27º

Comportamento

Tiro colocou Clenilza na cadeira de rodas e no pódio de campeã brasileira

Mulher estava grávida de um mês quando o ex-marido atirou no peito dela

Guilherme Henri | 27/04/2018 08:05
Clenilza recebeu bolsa atleta pódio do Governo do Estado para continuar a atirar (Foto: Guilherme Henri)
Clenilza recebeu bolsa atleta pódio do Governo do Estado para continuar a atirar (Foto: Guilherme Henri)

Grávida de um mês, o tiro do ex-marido a colocou em uma cadeira de rodas. A expressão certa para quem teve o filho e ainda criou mais quatro já nascidos seria “dar a volta por cima”. Mas, no caso de Clenilza Barbosa Gonçalves, 44 anos, o adequado é bem maior. Sem trauma algum do passado, ela subiu no lugar mais alto do pódio cinco vezes consecutivas, se consagrando campeã brasileira de tiro adaptado na Carabina SH1.

Pelo feito, a atleta recebeu nesta semana do Governo de Mato Grosso do Sul, a Bolsa Atleta, que vai permitir que ela continue a atirar. Mas, nos corredores do Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, Clenilza era o que muitos encontraram dentro de casa: a típica mãe brasileira, cujo só o endereço muda.

“Você não lavou o tapete que te pedi. Não tem vergonha não moleque?”, esbravejava a mãe ao filho mais novo de 14 anos, que carregou mesmo depois de ser atingida por um tiro no peito, do ex-marido.

Ao lado do filho, a mulher não entra em detalhes sobre o dia do atentado, porém explica que o tiro causou uma lesão medular. “Depois de muito tempo e fisioterapia, até consigo mexer os pés e me levantar sozinha. Mas, o equilíbrio que falha. Ou me jogo pra frente ou para trás”, detalha.

Clenilza conta que não teve tempo algum para trauma. Tinha cinco filhos para criar. Mas, um dia, estava na associação a qual participava e viu alguém atirar por esporte. Bastou apenas “um pulo” para que a mulher também pegasse na arma e começasse a atirar. E o esporte hoje rende a atleta cinco títulos consecutivos de campeã brasileira. “Trauma nenhum não. Atiro mesmo”, diz Clenilza, com a fala rápida.

Ela descreve a sensação de quando segura a arma como “concentração total”. “Não escuto nada. O tiro é 50% eu e 50% a arma”, afirma.

Além do esporte, a mãe também é atleta dentro de casa. “Faço de tudo. Limpo, cozinho. Esses dias mesmo chegou visita em casa e me pegaram no pulo carpindo o quintal”, conta em meio as risadas.

Sobre a bolsa que recebeu, Clenilza adianta, “esse ano o título também vai ser meu, se Deus quiser”. Outro sonho que também pretende realizar até o final deste ano é comprar a sua própria carabina. “É caro. Uns R$ 7 mil, mas eu chego lá”, termina.

Nos siga no Google Notícias