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Comportamento

Transverônica e descidinha da Maracaju, memórias da cidade que narramos em 2016

Paula Maciulevicius | 29/12/2016 06:25
Fachada não é mais de motel e vem ganhando ares de condomínio. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Fachada não é mais de motel e vem ganhando ares de condomínio. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

Descidas que provocam frio na barriga, histórias que pareciam lenda, mas com requintes reais. Em 2016, o Lado B se aventurou a descrever as memórias afetivas da cidade. Quem cresceu aqui sempre ouviu falar delas e foi batendo à porta ou sentindo na risada de uma criança, que procuramos contá-las, na tentativa de fazer o campo-grandense de nascença e coração se apropriar das histórias da nossa cidade.

Da reunião de pauta surgiu o primeiro resgate que marcou o ano. O que virou o Motel Verônica? Para quem desconhece o lado de cá do jornalismo, antes do repórter ir às ruas, uma conversa entre os assuntos do dia e as lembranças de um passado se cruzam na reunião entre os editores e foi ali que o motel que por anos deu nome à região próxima à UFMS, voltou à nossa memória.

Batemos à porta de uma fachada que parou no tempo. E já estávamos prestes a ir embora, quando um trio chegou de bicicleta. O Motel Verônica virara uma república de estudantes. Convidados a conhecer a estrutura por dentro, o que restou mostra quão luxuoso era o imóvel construído 50 anos atrás.

Motel deu apelido à avenida, tinha até sala de espera e virou casa de estudante

Pátio servia e serve até hoje de estacionamento. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Pátio servia e serve até hoje de estacionamento. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

Pioneiro em Campo Grande, o motel foi “copiado” de São Paulo, mas tinha uma peculiaridade: antes de entrar, os carros passavam por uma espécie de ‘piscina’, a água lavava as rodas, porque a região era um barro só.

Das lendas de que se ouve um choro à meia-noite, no local, para uma das histórias mais arrepiantes da cidade. A Bruxa da Sapolândia vai virar livro. Ninguém nunca soube o paradeiro de Célia de Souza depois que saiu da prisão. No terreno de sua casa que existe até hoje, encontraram dois corpos de crianças. À época, imputaram à Célia o título de macumbeira e que ela havia usado os pequenos em rituais de magia negra.

Por anos a história assombrou a vida de moradores da região do bairro Amambaí, até mesmo de André Luiz, o autor do livro que ‘romantizou’ a vida da bruxa da Sapolândia.

Pesadelo da infância, história de mulher que apavorou Campo Grande vira romance

Casa onde morou Célia de Souza, no bairro Amambaí, que ficou conhecida como a "Bruxa da Sapolândia". (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Casa onde morou Célia de Souza, no bairro Amambaí, que ficou conhecida como a "Bruxa da Sapolândia". (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

O passado também voltou às lembranças como num filme. O Lado B sempre foi um lugar das pautas de todo mundo e um dia, uma jornalista nos ligou encantada com o local onde estava sentada.

À espera de um exame destes admissionais e demissionais, ela soube que na sala de espera estavam poltronas do antigo Cine Alhambra, que por anos funcionou na Avenida Afonso Pena. Foram dias e dias tentando chegar à médica dona do local e quando conseguimos, sentamos nas mesmas poltronas que tanta gente assistiu aos filmes na telona. Compradas pela rua, elas são parte do que sobrou de uma época que não volta mais.

Vendidas em "trio" elas tiveram apenas os pés refeitos. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Vendidas em "trio" elas tiveram apenas os pés refeitos. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

Compradas na rua, poltronas do Alhambra recepcionam pacientes em clínica

E por falar em anos saudosos. Postais da Campo Grande dos anos 50 ganharam as redes sociais em 2016. Relíquia do arquiteto Hugo Segawa, foi em leilões em São Paulo que ele arrematou cenas que boa parte de nós não vivemos, mas temos saudades. 

Postais de colecionador mostram como Campo Grande dos anos 50 era linda

Das 52 cadeiras que encontrou à venda, médica comprou 40. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)
Das 52 cadeiras que encontrou à venda, médica comprou 40. (Foto: Arquivo/Fernando Antunes)

Diversão na infância, até hoje a "descidinha" da Maracaju dá frio na barriga

Uma das coisas que pauta o Lado B e nos move são as emoções. Aquelas que vivemos ou que assistimos. Dia desses, no caminho de volta para casa, o som da risada de uma criança surpreendeu. Não pelo riso e sim pela volta no tempo que ela foi capaz de fazer. A menininha soltou os bracinhos ao descer na garupa da moto a descidinha da Maracaju, que por anos e até hoje, causa a mesma reação em pequenos e grandinhos.

Dias depois, 15 minutos naquele trecho nos rendeu uma matéria e a prova de que o saudosismo está também nas emoções sentidas quando criança e que só a rua pode proporcionar.

Descida da Maracaju marcou gerações com um friozinho na barriga. (Foto: Silas Souza)
Descida da Maracaju marcou gerações com um friozinho na barriga. (Foto: Silas Souza)

Escrever sobre a cidade, uma escolha feita pelo Lado B há cinco anos, é contar dos lugares e personagens que conhecemos desde sempre, mas sabemos tão pouco. Há anos acompanho outdoors de Roberto para Regina. E em 2016, foi a vez de saber e revelar a história deste casal.

Quem é Regina, musa de Roberto que há anos espalha outdoors de amor pela cidade?

Um dos quatro outdoors espalhados pela cidade. O primeiro deles com a foto dos dois. (Foto: Arquivo/ Fernando Antunes)
Um dos quatro outdoors espalhados pela cidade. O primeiro deles com a foto dos dois. (Foto: Arquivo/ Fernando Antunes)

E falando em revelar, as fotografias de Roberto Higa são a nossa história em preto e branco e colorido. Neste ano, o mestre postou em seu Facebook uma foto de Chacrinha, num show, prestes a fazer strep-tease em Campo Grande. O resgate valeu risadas e contou a muita gente que desconhecia que ele também passou por aqui, anos atrás.

Strip tease de Chacrinha em Campo Grande deixou baterista boquiaberto

Ao fundo, boquiaberto, baterista Miguelito, à época com 18 anos. (Foto: Roberto Higa)
Ao fundo, boquiaberto, baterista Miguelito, à época com 18 anos. (Foto: Roberto Higa)

Em casa menonita, ninguém fala português, todos usam macacão, mas já rola tereré

As curiosidades sempre nos moveram e quando um pessoal que usava macacão e as mulheres avental começou a aparecer na cidade, fomos atrás. Encontramos famílias menonitas morando na rua onde a imprensa passa todos os dias, próximo à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e Adolescente. Fomos bem recebidos, apesar de olhares receosos e contamos a história deles, que não falam português, mas já tomam tereré e chegaram aqui para tratarem de câncer.

Roda de tereré na garagem de casa reúne os homens menonitas. (Foto: Arquivo/ Fernando Antunes)
Roda de tereré na garagem de casa reúne os homens menonitas. (Foto: Arquivo/ Fernando Antunes)

E também foi assim que ligamos para o primeiro celular do Estado, que até hoje atende o mesmo dono. À época, o presenteado com a linha foi o então governador Pedro Pedrossian e 24 anos depois, o telefone continua, com o mesmo número e quem fala alô é Benedito, motorista de Pedrossian naquele tempo.

Dono do 1º telefone celular de MS ainda atende com mesmo número, 24 anos depois

Contar boas histórias é a nossa maior diversão e que 2017 nos traga muito mais narrativas que mostrem quão incrível é a Campo Grande que vivemos.

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Famoso "tijorola", celular pesava, tinha bateria enorme e ainda 'flip'. O auge da década de 90. (Foto: Alcides Neto)
Famoso "tijorola", celular pesava, tinha bateria enorme e ainda 'flip'. O auge da década de 90. (Foto: Alcides Neto)
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