Turmas da UFMS se reencontram para celebrar 45 anos das Artes

Mais de 100 pessoas entre ex-alunos, professores aposentados e da ativa, se reuniram no fim de semana para celebrar os 45 anos do curso de Artes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O encontro foi marcado por abraços demorados, histórias que voltaram à tona e lembranças de uma época em que, mais do que nunca, fazer arte era um ato de resistência.

Da primeira turma, formada em 1980, até formandos mais recentes, o almoço foi um mergulho coletivo em quatro décadas e meia de memória e transformação.

A iniciativa começou de forma tímida, com a intenção de reunir apenas a turma de 1995, como conta a professora Hericka Escandolhero, uma das organizadoras.

“Nós temos um grupo da turma de 95 e nos encontramos duas ou três vezes por ano. Como esse ano fazem 30 anos que a gente entrou no curso, pensamos em fazer um reencontro. Mas a ideia foi crescendo”, explica.

Com ajuda dos professores, a proposta se espalhou e acabou se tornando a comemoração oficial dos 45 anos do curso. “Começamos a abrir o grupo de WhatsApp, um foi chamando o outro, e de repente o que era um encontro de turma virou algo muito maior”, detalha.

Gente de todo canto veio para a festa. De São Paulo, Nova Andradina, Dourados. “Teve até gente da primeira turma. Foi emocionante reencontrar amigos, professores, colegas que hoje são mestres e doutores. A gente ficou passando fotos antigas, relembrando as viagens culturais que fazíamos com apoio da universidade. Fomos para Salvador, Minas Geraid, para o Sul do País.. Foram anos maravilhosos”, afirma Hericka.

O reencontro foi também um lembrete de como o curso de Artes moldou trajetórias pessoais e profissionais. “Quando entrei na universidade, eu era uma menina da periferia, estudei a vida toda em escola pública e não fazia ideia do mundo que se abriria ali. A universidade foi um divisor de águas na minha vida. Hoje sou professora e continuo vivendo a arte que aprendi ali”, revela Hericka.

Para Nilsa Leite, de 53 anos, formada em 1997, o encontro foi tão esperado quanto intenso. “Foi maravilhoso. Professores que hoje são nossos colegas de profissão estavam lá. Alguns já aposentados, outros ainda produzindo arte. Tivemos até chamadas de vídeo com colegas que estão fora”, relata.

Nilsa também relembra as dificuldades da época em que o curso ainda engatinhava dentro da estrutura universitária. “Não tínhamos nem prédio próprio. Usávamos salas emprestadas da engenharia, da biologia. Os materiais eram caros, a gente fazia vaquinha, coletava argila no brejo, reciclava papel. Era tudo na raça, mas foi um período riquíssimo”, afirma.

Naquela época, o curso se chamava Educação Artística e abrangia diversas linguagens, como música, teatro, dança, folclore, pintura e escultura. “Hoje está mais segmentado, mas naquela época a gente fazia de tudo. E isso foi bom, porque permitiu que cada um se encontrasse naquilo que mais gostava”, explica.

Nilsa lembra com carinho de colegas que hoje são professores doutores, cineastas, atores renomados e produtores culturais. “O Silvio Baccitelli, por exemplo, está envolvido com peças de teatro na Broadway. É uma alegria ver como a arte que cultivamos na UFMS se espalhou pelo mundo”, afirma.

Confira a galeria de imagens:

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