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Comportamento

Velha rodoviária vira divã na madrugada para quem sai da balada

Anny Malagolini | 15/07/2013 06:48
Além de servir lanches, atendentes da velha rodoviária viram 'psicólogos' na madrugada em Campo Grande. (Foto: Anny Malagolini)
Além de servir lanches, atendentes da velha rodoviária viram 'psicólogos' na madrugada em Campo Grande. (Foto: Anny Malagolini)

Quem trabalha como atendente, na noite, já está acostumado a lidar com essas situações: cliente depois da balada, de porre e com muita história para contar. O local que era pra ser para comer e dar fim à noite se torna um verdadeiro divã.

Garçom amigo é aquele que te serve e ainda lhe empresta os ouvidos para os desabafos na madrugada, causados por crises amorosas e até financeiras.

Em pouco tempo trabalhando como atendente na madrugada, na antiga rodoviária da Capital, Rodrigo Santos, de 17 anos, conta que já “cresceu” muito só ouvindo relatos da vida dos clientes. Mas além da atenção, alguns não só pedem opinião como também sinceridade. “Já tive cliente que trazia as meninas para lanchar e perguntava minha opinião, qual era a mais bonita e até dão gorjeta por isso”, conta Rodrigo, que apesar da pouca idade, já deu conselho a gente “adulta”.

São histórias da vida, desde a infância e até o roteiro da noite, o que fizeram e o que ainda pretendem fazer. Enredos por vezes repetidos, mas que ainda surpreendem quem é veterano em atender. Em 22 anos fazendo lanches na noite campo-grandense, Edilson da Silva, o “Baiano”, é figura conhecida desde os tempos em que os fins de noite acabavam nos canteiros da avenida Afonso Pena.

Com tantos anos na madrugada, nem todas as histórias tiveram um bom final. Foram cervejas jogadas na cara, mesa quebrada, briga de casal e lamentação de quem fica na mesa depois de ver toda a cena. Mas também tem reconciliação, comemoração ao novo emprego e tudo, é claro, dividido na beira da chapa quente do trailer. “Aqui também é lugar de desabafo e é isso que dá graça nas longas noites de trabalho”, afirma Baiano.

Há oito anos, Alceu Hausmanen, 42 anos, serve lanches. No entanto, além de lancheiro já se auto nomeou psicólogo, depois de ouvir tanta história, de forma neutra, sem emitir palpites ou conselhos. “Eles chegam e a gente vai ouvindo os casos, mas não dou pitaco, não está incluído no serviço”, brinca.

Mas com o avançar da noite, o local recebe o dobro de clientes e com a tamanha movimentação ele confessa que fica difícil trabalhar e a análise psicológica acaba atrapalhando. “Tem uns que exageram, estão bêbados e perdem o bom senso”.

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