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Comportamento

O que os nomes significam para homens que resolveram ser mulher

Ângela Kempfer e Anny Malagolini | 24/09/2012 10:06
Alexia foi uma das poucas a não pensar muito na escolha do nome quando resolveu deixar de ser Alex.
Alexia foi uma das poucas a não pensar muito na escolha do nome quando resolveu deixar de ser Alex.

As transformações são radicais. Robson vira Scarllet, Thiago agora é Priscila, Vilmar virou Jéssika.

Alexia, de 22 anos, foi uma das poucas a não pensar muito na escolha do nome quando resolveu deixar de ser Alex. Acrescentou só duas letras, o suficiente para resolver o constrangimento de se sentir mulher, mas ser chamada de homem. Há alguns anos, conseguiu na Justiça o direito de trocar o nome na Carteira de Identidade, mas em casa, ela continua Alex. “Mas não me importo”, garante.

A confirmação, preto no branco, de um nome feminino no RG, é para a maioria a consagração da história iniciada muito tempo antes, até na infância, e que teve como um dos poucos capítulos divertidos o momento de escolher uma nova identidade.

A família de Nicole Coler, 22 anos, também é irredutível como a de Alexia. Para todos, ela ainda é Carlos Valdonato, mesmo com a rotina de 3 anos “montada” para ganhar a vida em shows. O novo sobrenome é uma homenagem a um amigo.

Desde os 12 anos de idade, Vilmar queria ser outra pessoa e então virou Jéssika. Hoje, aos 32, a travesti lembra que a homenagem no caso dela foi à uma jogadora de vôlei. Como Nicole, considerou um critério bem diferente da maioria, que pensa logo em glamour ou sorte.

A travesti Scarllet sempre teve um nome “sem graça”. Era Robson Luis, mas decidiu que merecia algo mais forte, como “Scarlett O'hara”, a filha mimada de fazendeiro rico, que teve de começar do zero durante a guerra. Personagem interpretada pela atriz Vivien Leigh no filme “O vento levou”.

Patativa Flower hoje é drag queem, mas nasceu Lantieiri de Souza. Como cresceu chamada de forma nada convencional, na hora da escolha também não poderia ser comum. Quando resolveu mudar de vez de lado, pensou em “liberdade”. “Patativa é o nome de ave. Talvez daí dá para imaginar o porquê de eu ter escolhido”.

Patativa Flower hoje é drag queem, mas nasceu Lantieiri de Souza.
Patativa Flower hoje é drag queem, mas nasceu Lantieiri de Souza.

Jeferson Aparecido da Silva tem 17 anos e aos 16 já tinha um nome novo. Escolheu "Eduarda" por ser feminino e já fez família e amigos se acostumarem com a ideia. “Não tem mais volta”, enfatiza.

Já aos 17, Thiago Plácido decidiu se tornar Priscila Rangel. Apenas 3 anos se passaram, mas a transformação já rendeu o título de Miss Gay Mato Grosso do Sul.

O nome escolhido não é exagerado como de muitas colegas, comenta. Priscila é a prova de que o universo purpurina também aceita simplicidades. “Escolhi esse nome por ser bonito. Se pudesse ter uma filha, ia chamar de Maria, para homenagear minha avó”.

É claro que todos esses exemplos são os extremos de uma luta de quem veste a causa da diversidade. Tem muita gente por aí, que não ganha a vida montada, mas também escolheu ser diferente e briga para alterar a identidade.

Hoje no Brasil é mais fácil trocar o nome na Carteira de Identidade, mas ainda é necessário tempo e determinação. Mas há exceções pelo País.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, travestis e transexuais ganharam neste ano o direito de solicitar ao órgão de identificação estadual a Carteira de Nome Social, documento com mesmo valor e função da Carteira de Identidade, mas com o tratamento nominal que eles escolheram ou adotaram no lugar daquele com que foram registrados.

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