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Comportamento

Vira-lata "vela" cadela morta após atropelamento no bairro Aero Rancho

Elverson Cardozo | 23/06/2012 15:00
"Guardião de quatro patas" não deixou cadela morta por nenhum minuto. (Fotos: Rodrigo Pazinato)
"Guardião de quatro patas" não deixou cadela morta por nenhum minuto. (Fotos: Rodrigo Pazinato)

Ele tem quatro patas, não tem nome, tampouco endereço fixo. Vive nas ruas, mas deixou de ser anônimo. Desde a tarde desta sexta-feira (22), um cachorro, "vira-lata", é o guardião do corpo de uma cadelinha, também sem raça definida, que morreu após ser atropelada por um carro na avenida Tirso de Almeida, prolongamento da Ernesto Geisel, região do bairro Aero Rancho, em Campo Grande.

Segundo moradores, logo após o acidente, foi ele quem arrastou a cadela do asfalto para a grama, no canteiro da via, de onde não a deixou por nenhum minuto. Situação que chamou a atenção de quem passou pelo local ou mora na região.

Situação comoveu dona de casa Cristina Benevides. "Parece que ele tem mais consciência que um ser humano", disse.
Situação comoveu dona de casa Cristina Benevides. "Parece que ele tem mais consciência que um ser humano", disse.

A cena comoveu a dona de casa Cristiane Benevides, de 38 anos, que sugeriu a reportagem ao Lado B. Para guardar o corpo da cadela, o vira-lata enfrentou frio e chuva. "Parece que ele tem mais consciência que um ser humano", disse.

Cristiane afirma que o animal apareceu "do nada", como a cadelinha que acabou morrendo. "Ele estava bonito, mas emagreceu porque ficou no sol o dia todo", relatou.

Na tentativa de evitar que o cachorro fique ainda mais debilitado, a dona de casa colocou ração e água em frente à residência onde trabalha, mas o animal parece obstinado a se dedicar ao luto.

É com o olhar triste e carregado que o "guardião de quatro patas" caminha de um lado para o outro e não deixa ninguém se aproximar do corpo que vela.

De tempos em tempos, deita ao lado da cadela morta, como quem ainda procura uma explicação para o que aconteceu. "É mais que um ser humano", afirmou a decoradora Rosangela Alves Ferreira, de 34 anos.

A auxiliar de enfermagem aposentada, Ana Luzia de Sena, de 57 anos, diz o sentimento do cachorro é contagiante. Ver o animal cuidando do outro, já morto, torna a situação ainda mais emocionante. "Eu fico com dó, ainda mais porque tenho um em casa", conta.

Para conseguir fazer um registro do cachorro, o fotógrafo do Campo Grande News, Rodrigo Pazinato, precisou ser rápido no clique e correu, várias vezes, para não levar uma mordida inesperada.

Teimoso, resolveu se aproximar do vira-lata e descobriu que a agressividade era, na verdade, excesso de cuidado com a cadela morta. "Ele é mansinho", afirmou, depois que conseguiu afagar o animal.

Vira-lata caminha de um lado para o outro...
Vira-lata caminha de um lado para o outro...
E parece buscar uma explicação para o que aconteceu.
E parece buscar uma explicação para o que aconteceu.
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