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Consumo

À espera do "sim" de autoridades, ideia de remarcar festas tem vingado

Campanha partiu, logo no início da pandemia, dos gestores de eventos, primeiro setor que parou e o último que deve voltar

Paula Maciulevicius Brasil | 06/04/2020 16:22

O coronavírus tem tirado o sono de muita noiva e as que conseguem dormir, têm pesadelos com o vírus que chegou suspendendo a entrada ao som da marcha nupcial e o encontro no altar. Desde que o primeiro decreto proibiu aglomerações, ainda em março, as datas foram todas repensadas, isso porque tem vingado a ideia do "não cancele, remarque.

"Como é uma situação muito incerta, aconselhei minhas noivas a adiarmos os casamentos de março, abril e maio", conta a cerimonialista Karla Lyara. De junho em diante, por enquanto os casamentos foram mantidos. "Até porque o segundo semestre já está supre preenchido. Como todos os eventos foram adiados, houve super lotação, não estamos conseguindo mais nenhum sábado livre com fornecedores. Alguns estamos adiando para começo do ano que vem", expõe a situação.

Isso porque precisa bater a agenda entre salão, buffet, DJ, fotógrafo, vídeo, decoração e cerimonial. "Mas como é uma situação de força maior, não estou cobrando nenhum valor a mais, nenhuma multa. Conversei com os meus parceiros que estão sendo bem flexíveis", fala Karla. Trabalhando com sonhos, a saída é encontrar uma data boa para todo mundo.

"Nossa campanha é, e estamos reforçando, com todos os cerimonialistas do Brasil é de não cancele, remarque. A gente trabalha com sonhos, e devido a essa situação, precisamos achar uma data boa para todos para adiar esse evento, se houver cancelamentos, vai gerar uma crise enorme, desestruturar financeiramente fornecedores. O que estamos pedindo para os casais é que entendam, que tenham empatia", diz a cerimonialista.

Decoradora de casamentos, Duanne Moreira, conta que a maioria dos clientes estão remarcando ou deixando a decoração em aberto até resolver uma data. "Temos falado para remarcar com todos os fornecedores, para acharmos uma data em comum, assim ninguém sai perdendo. Com todos os meus colegas, a maioria dos clientes remarcou sim", diz.

Já são 28 anos à frente de eventos em Mato Grosso do Sul. Tempo suficiente para viver várias situações, mas uma pandemia que exige isolamento social, é caso inédito na carreira do cerimonialista Antônio Osmanio.

O último casamento realizado por ele foi no dia 14 de março, em seguida saiu o decreto impedindo aglomerações, o que fez com que a agenda virasse de cabeça para baixo. Desde então, uma campanha tem ganhado clientes e as redes sociais: "não cancele, remarque".

"O setor de eventos é o mais afetado, de evento e de turismo. Fomos o primeiro a parar, e seremos o último a voltar", comenta. O evento mais "próximo" que ele tem na agenda ficou para o dia 16 de julho. "É muito tempo sem evento, os garçons não têm serviço, os motoristas. Este pessoal está desesperado. As lojas de roupa, de vestido de noiva, por exemplo, até puderam abrir, mas a pessoa não pode experimentar, o que não adianta nada. Uma noiva não vai comprar o vestido sem provar", exemplifica.

Ele e todo uma cadeia de fornecedores estão se juntando para assinar uma carta que será enviada às autoridades de Campo Grande e do Estado. Feita aos moldes de um documento dirigido ao Governo do Estado de Santa Catarina, o setor de eventos pede medidas que auxiliem neste momento, como linhas de crédito, normativas para cancelamento de contratos de forma justa para ambos os lados, além de proteção fiscal com prazos.

"Estamos hiper preocupados, porque o 'não cancele, remarque' até funcionou para eventos sociais, como casamentos, mas os corporativos, foram todos cancelados", completa.

Advogado especialista em Direitos do Consumidor, Hugo Medeiros explica que a pandemia deve até mudar cláusulas de contratos. "No setor de turismo está previsto questão de guerra, mas de pandemia, é realmente muito difícil algum contrato prever. Acredito que esta será inclusive uma mudança de cultura".

Apesar de todo mundo tem direito a cancelamento de contrato e receber parte do dinheiro de volta, o que ele tem recomendado também é empatia. "O que eu faço é para se ter um pouco de consciência e, dependendo se o serviço der para ser utilizado futuramente, que remarque ou que no momento do cancelamento, seja feito um acordo para devolver em parcelas, de forma que a sociedade de maneira geral não sofra com isso".



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