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Consumo

Como Janaína trocou o Direito pelas costuras e se deu bem no interior

De mil para seis mil reais: como o projeto Dona Della impulsionou negócio de ex-advogada

Por Thailla Torres | 01/05/2025 10:16
Como Janaína trocou o Direito pelas costuras e se deu bem no interior
Hoje, Janaína faz mochilas, bolsas de maternidade e, vez ou outra, se emociona quando vê uma cliente mandando fotos da peça pronta.

Em Bataguassu, cidade com 23 mil habitantes, uma mulher decidiu trocar o código penal pelas linhas e agulhas. E acertou o ponto. Aos 40 anos, Janaína Marques se diz empresária. Mas a história dela não começou em ateliê colorido, começou em fóruns, com pilhas de processos. Por 16 anos, ela foi advogada trabalhista. Hoje, faz mochilas, bolsas de maternidade e, vez ou outra, se emociona quando vê uma cliente mandando fotos da peça pronta com um “obrigada” cheio de afeto.

A virada começou na pandemia, sem aviso prévio. Enquanto o mundo tentava entender o vírus, ela tentava entender o pedal da máquina de costura. Começou fazendo máscaras. Depois, nécessaires. Tudo autodidata, no tempo entre uma audiência online e outra. Foi testando, errando, refazendo. Até que acertou, e quando percebeu, os pedidos estavam indo além da roda de amigos e parentes.

“Comprei uma máquina industrial e investi em cursos. Mas ainda era difícil mostrar meu trabalho para mais gente. Faltava entender como transformar aquilo num negócio de verdade”, conta.

Como Janaína trocou o Direito pelas costuras e se deu bem no interior
A virada começou na pandemia, sem aviso prévio.

A resposta veio numa feira da cidade, quando ela conheceu o projeto Dona Della, uma iniciativa voltada ao empreendedorismo feminino. Janaína se inscreveu, participou das formações e ganhou fôlego. Começou a entender de marketing, de precificação, de estoque. E viu as vendas crescerem.

“Antes eu vendia mil reais por mês. Depois, bati seis mil. Foi uma virada total”, diz, sem rodeios.

A vida também mudou de ritmo. A casa virou ateliê. O tempo, antes contado em prazos de processos, passou a ser medido pelas encomendas. E, com a clientela crescendo, surgiram novos planos: costurar couro, contratar ajuda, investir em mais duas máquinas. “Não quero parar. Tenho muita coisa para fazer ainda”, diz.

Janaína virou uma das referências da cidade. Já foi chamada para palestras, eventos, rodas de conversa. E hoje, quando olha para trás, não se arrepende da escolha. “Descobri que posso viver do que amo. Foi um reencontro comigo mesma.”

O projeto que a acolheu, Dona Della, atende atualmente dezenas de mulheres em cidades como Bataguassu, Brasilândia, Santa Rita do Pardo e Água Clara, com ações voltadas para o fortalecimento emocional, capacitação e acesso ao mercado. É uma iniciativa da MS Florestal com a Bracell Social.

De acordo com a coordenadora de Responsabilidade Social da MS Florestal, Michelle Oliveira de Almeida, em Mato Grosso do Sul há 120 mulheres atendidas pelo Dona Della em três municípios, sendo 67 em Bataguassu. “O projeto tem ações com foco no socioemocional para empoderamento feminino, ações de mercado e de conexão que promovem ambiente para desenvolvimento e posição da mulher empreendedora”.

Mas para Janaína, o que também vale ressaltar é o fio invisível que costura tudo isso: a liberdade de ter recomeçado. Com as próprias mãos.

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