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Consumo

De moeda a chave de fenda, Emiliano conhece segredos do Fusca “perfeito”

Ele tem uma garagem especializada, onde realiza restaurações, consertos e venda dos carros em Campo Grande

Alana Portela | 02/07/2019 08:13
Emílio abrindo o capô traseiro do Fusca para olhar (Foto: Alana Portela)
Emílio abrindo o capô traseiro do Fusca para olhar (Foto: Alana Portela)

O mecânico Emiliano Tibcherani é defensor de carteirinha do Fusca. Considera o carro um dos mais confiáveis, que nunca o deixará o dono na mão se ele estiver preparado com uma chave de fenda, alicate e uma moeda. “Uma cliente disse que o cabo do acelerador estourou e não conseguia trazer aqui, pedi para colocar uma moedinha entre o parafuso e a base, aí conseguiu chegar”, conta.

Apesar de antigo e de ser muito rejeitado nos dias atuais, o veículo é “pau” pra toda obra se souber fazer aquela boa gambiarra até chegar no conserto. Como todo expert em Fusca, o mecânico é cheio de “macetes” para se virar em momentos dos imprevistos. “Se caso travar o motor por conta de um super aquecimento, deixe o carro descansar e quando refrescar é só dar partida que pega de novo. Dilatou toda mangueira, pode não prestar mais, mas ele te leva até o local”, diz.

O mecânico é formado em Direito, tem a empresa Emílio Automóveis, na Vila Carlota, especializada neste tipo de veículo. Ele atua na área há 17 anos e conta que encanto pelo automóvel começou quando era criança. “Essa paixão surgiu na infância porque na minha época, o que rolava era Fusca, não tinha outro tipo de veículo mais confortável”, lembra.

Emílio é formado em Direito mas deixou a profissão para ser mecânico (Foto: Alana Portela)
Emílio é formado em Direito mas deixou a profissão para ser mecânico (Foto: Alana Portela)

Contudo, foi após uma crise financeira em 2008 que Emílio, como é conhecido, resolveu mexer apenas com Fuscas. “Tive um desiquilíbrio e só me sobrou um gol preto velho de 1992 e resolvi reformar. Depois de uma semana, vendi e comprei três Fuscas, e desde então não parei. A escolha do veículo também foi por conta da estrutura, pois não precisa de elevador. É só colocar um macaco, tirar uns quatro parafusos e soltar o motor”, explicou.

Ao perceber a facilidade em trabalhar com os carros, Emílio decidiu fazer restauração dos veículos e, para isso comprou novos automóveis para substituir as peças e entregar ao cliente um Fusca bom e barato. “Não tem outro veículo com manutenção mais baixa do que esse. Se for pegar um Corsa ou Celta é duas vezes mais caro. Um amortecedor do Fusca custa R$ 90,00, enquanto de uma Mercedes o preço é de R$ 1,6 mil”, disse. “Dá para fazer adaptação do Para-choque, Paralamas, farol e até colocar um ar condicionado”, completou.

Na garagem de Emílio tem 16 Fuscas (Foto: Alana Portela)
Na garagem de Emílio tem 16 Fuscas (Foto: Alana Portela)
O mecânico mostra os carros que estão para consertos na garagem (Foto: Alana Portela)
O mecânico mostra os carros que estão para consertos na garagem (Foto: Alana Portela)

Atualmente em sua garagem, Emílio conta com cerca de 16 Fuscas entre carcaça, restauros para vendas e consertos. “Compro os carros de alguns leilões para fazer as trocas das peças. Já cheguei a ter até 79 Fuscas”.

Por ser vários carros, alguns até ganharam nomes. “Todos as nomeações são referentes a cor do carro e o mais comum é o Herbie, por causa do filme. Esse já não está mais aqui. Já apareceu carros com nomes de Penélope charmosa, garçom, preto e branco”. Como um bom vendedor, Emílio também um Fusca em sua casa, esse nomeou de “Brancão”.

Cuidado e vantagens - Emílio realiza todos os tipos de reparos no Fusca desde troca de óleo à troca de retrovisor, amortecedor e outros. Cada carro na sua garagem merece uma atenção diferente, tem um na cor preta que receberá uma nova pintura. “Ficará preto fosco por fora, enquanto por dentro será pintado de vinho. Vou deixar uma coisinha bem charmosa”, disse. “Tem um que estava há 24 anos na mão de uma mesma pessoa, e na semana que vem vou desmontar e fazer uma pintura nova, trocar os pneus. Depois arrumar as borrachas, arrancar o painel, realizar o polimento na parte de vidraçaria”, completa.

Nesse Fusca a ideia é pintar de preto fosco por fora e por dentro pintar de  vinho (Foto: Alana Portela)
Nesse Fusca a ideia é pintar de preto fosco por fora e por dentro pintar de vinho (Foto: Alana Portela)
O mecânico arrumando a porta de um dos Fuscas da garagem (Foto: Alana Portela)
O mecânico arrumando a porta de um dos Fuscas da garagem (Foto: Alana Portela)

Ele conta que o Fusca tem quatro marchas e alcança até 160 quilômetros por hora, mas têm alguns motorzinhos mais fortes que vão a 200 quilômetros. “É um dos carros mais rápido a título de arrancadão porque aceita um preparo de motorização. Hoje colocam dentro de uma caixa do câmbio a quinta marcha”, disse.

Para comprar um Fusca, o mecânico diz que o preço varia de acordo com a paixão ou necessidade. “Se quiser um para quebrar um galho com R$ 2 mil a R$ 3 mil dá para compra um. Mas se for para arrumar e deixar bonitinho é mais”.

O Fusca também ajuda na economia segundo Emílio, pois com o tanque cheio pode fazer de oito a dez quilômetros.Outra questão é que por ser antigo, a direção é mecânica, mas pode ser adaptada. “Para ficar elétrica coloca a direção do carro Monza ou do Uno. Fica quase que uma direção hidráulica, não vê peso nela”.

Mais uma vantagem desse modelo de carro é em relação ao IVPA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores), que não é cobrado. “Só tem que pagar o licenciamento e o seguro”, conta o mecânico.

Emílio diz que o modelo de carro serve para todas as viagens (Foto: Alana Portela)
Emílio diz que o modelo de carro serve para todas as viagens (Foto: Alana Portela)

Viagens - Emílio relata que todas às vezes que precisa viajar é o seu fiel “Brancão” que o leva. “Vou para qualquer lugar, Terenos, Ponta Porã”, disse. Na época de faculdade, em 1986, ele tinha outro Fusca e usava para se locomover entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. “Naquele tempo saia de Ponta Porã e ia para Marília – SP todos os dias. Era uns 770 quilômetros, ia e voltava”, disse.

“Sou fascinado em Fusca. Tudo cheira novo, existe o barulho dele. A coisa glamorosa de antigamente é era o chaveirinho para viagem que guardava a mala do lado de fora, na traseira do carro. Tem o porta-malas, que é o chiqueirinho, todos os garotos da época andava nele, cabia sete pessoas no automóvel tranquilo”, lembra.

Alguns carros são comprados pelo mecânico para serem restaurados e vendidos (Foto: Alana Portela)
Alguns carros são comprados pelo mecânico para serem restaurados e vendidos (Foto: Alana Portela)

Necessidade ou paixão - Existem dois motivos para gostar de um Fusca, o primeiro seria a necessidade porque é barato, ou por paixão como o caso da advogada Olinda das Merces Tavares Felizardo que comprou um Fusca 1976, com Emílio em 2017. Ela já teve outros Fuscas e fala sobre o apreço por esse modelo de carro.

“Meu primeiro carro foi um Fusca vermelho 1972, quando tinha 20 anos. Com o tempo vendi e fui para São Paulo, onde comprei outro modelo na cor azul 1974 e voltei para Campo Grande. Depois de um tempo, vendi o azul para o Emílio porque precisa de outro carro maior. Nos tornamos amigos, e em 2017 quando estava sem nada ele arrumou esse outro de 1976”, conta.

“Já tentaram comprar de mim. Me ofereceram R$ 50 mil e até um Chevrolet Cruze 2017, que nem sabia quanto era. Mas não fiz um carro para vender, tenho porque é apego. Quando peguei nem embreagem tinha e precisava amarrar as portas para segurar e nunca deixou na mão. Meu marido, filho e até minhas cachorras amam o carro, faz parte da família”, concluiu.

A garagem do Emílio está localizada entre na Rua Spipe Calarge 1217 - Vila Carlota

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Olinda comprou um Fusca 1976 e diz que não se desfaz dele (Foto: Alana Portela)
Olinda comprou um Fusca 1976 e diz que não se desfaz dele (Foto: Alana Portela)
Olinda chegando na garagem de Emílio (Foto: Alana Portela)
Olinda chegando na garagem de Emílio (Foto: Alana Portela)
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