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Diversão

"À Beira do Caminho”: fórmula manjada, mas eficiente, revela o menino Vinícius

Marta Ferreira | 12/08/2012 09:09
O caminhoneiro João e o menino Duda, do filme "À Beira do Caminho" (Foto: Divulgação)
O caminhoneiro João e o menino Duda, do filme "À Beira do Caminho" (Foto: Divulgação)

Quando Vinícius Nascimento surge na telona em “À Beira do Caminho”, interpretando Duda, a pergunta vem no ato: quem é esse menino de olhos tão expressivos? Quando termina o novo filme de Breno Silveira, o mesmo que dirigiu o sucesso “2 Filhos de Francisco”, a indagação grita: “O que será dessa criança daqui para frente?”.

É que entre um ponto e outro, o garoto selecionado entre mais de 800 candidatos no Nordeste brasileiro já se tornou a nova fofura do cinema nacional, com potencial semelhante ao de outro Vinícius, de Oliveira, aquele que contracenou com Fernanda Montenegro em "Central do Brasil", em 1997.

Não é só a presença do menino que faz lembrar "Central do Brasil". “À Beira do Caminho”, que estreou esta semana, também é sobre uma criança que sai por aí à procura do pai e encontra um parceiro de busca de mal com a vida. Em "Central do Brasil", a escritora de cartas Dora se vê obrigada a ajudar Josué, a contragosto. Agora, é o caminhoneiro João quem tem a vida invadida por um moleque persistente.

João, interpretado pelo ator baiano João Miguel, é um homem amargurado pela perda da mulher e pela culpa de se considerar o responsável por isso. Sua escolha de vida é fugir de tudo, se enclausurar em um caminhão pelas estradas nordestinas, falando e vivendo só o necessário.

Até aparecer Duda. O menino se esconde na carroceria do caminhão, primeiro é desprezado pelo caminhoneiro e depois constróem uma relação quase paterna, de altos e baixos e de transformação na vida de ambos.

Homem e menino fazem a mesma viagem de reconciliação com o passado. Tudo isso ao som de canções de Roberto Carlos, apontadas como inspiração para o roteiro. A jornalista Lea Penteado, dona do argumento, diz ter juntado frases de "Sentado à Beira do Caminho", "A Distância" e "O Portão" para a ideia do filme.

A trilha de Roberto é anunciada como uma grande atração, mas para quem teme um certo enjôo de sucessos do Rei, isso não chega a acontecer. Nem a aparente semelhança com “Central do Brasil” faz a história soar repetitiva. João não é Dora. Nem Duda é Josué.

É um novo enredo, com novos dilemas pessoais, mas com uma fórmula que não é nova nem no cinema nacional nem no internacional. Crianças convivendo com personagens durões volta e meia aparecem no cinema do mundo todo.

Tanto que o Oscar de filme estrangeiro de 1997 foi para uma produção Tcheca, “Kolya”, com essa mesma temática: um solteirão convicto “herdava” um menino após um casamento de fachada. A convivência, é claro, o tornava diferente. Em 1999, como os brasileiros bem se lembram, outra história com criança, o italiano “A vida é bela”, levou novamente a estatueta de filme estrangeiro, derrotando “Central do Brasil”.

Cotado para ser uma das grandes bilheterias do ano, “À Beira do Caminho” tem cheiro de nova tentativa brasileira de voltar a ter uma indicação ao Oscar, com uma história que, se não tem muito de novo, tem o suficiente para gerar curiosidade e empatia pela dupla Duda e João.

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