Campo-grandense está em filme nos EUA com Alessandra Negrini

Isabella Woodall cresceu em Campo Grande, mas foi nos Estados Unidos que veio a chance de atuar em um filme que é brasileiro e que ultrapassou as barreiras nacionais. A tetraneta de José Antônio Pereira, um dos fundadores da Cidade Morena, faz parte do elenco do filme Quase Deserto com Alessandra Negrini.

Por aqui, o sobrenome de casada Woodall vira o de batismo, Mota Pereira. Aos 32 anos, ela conta que nunca imaginou que dividiria a tela com nomes de peso como a atriz carioca, a norte-americana Angela Sarafyan, Daniel Hendler e Vinícius de Oliveira.

Desde a infância, Isabella lidou com depressão e traumas. Aos 10 anos, encontrou uma espécie de abrigo improvável na série 'Buffy, a Caça-Vampiros'. O enredo sobre amizade e força feminina virou companhia diária. Como a TV aberta não colaborava muito, a versão dublada sumiu e o pai encontrou episódios em inglês e espanhol. A partir daí, Isabella se jogou no idioma.

Os vídeos de Avril Lavigne e Alanis Morissette também entraram no pacote. Aos 11 anos, Isabella já falava inglês fluentemente. A chegada aos Estados Unidos aconteceu aos 22 anos.

“Aliás, conheci Alanis. Meditei com ela. É loucura. Eu não acredito nas coisas que eu já consegui fazer aqui. Na infância eu amei Buffy tanto que eu comecei a pesquisar tudo. Isso desenvolveu a minha paixão por filmes. Todo fim de semana eu pegava filmes nas locadoras. Assistia ao Oscar todo ano. Isso eu com 12, 13 anos. Eu falava que moraria aqui quando eu ainda estava com 11 anos”.

A ida ao país estadunidense foi como babá de crianças. Depois ela conseguiu fazer faculdade por lá, cursou Recursos Humanos e atuou por 5 anos. Depois perdeu o emprego e foi aí que a arte cênica entrou na história.

“Precisava ficar legalmente depois da faculdade. Não sabia como começar na área, então fiz Recursos Humanos. Fiquei sem chão quando perdi o emprego, mas vi que era hora de apostar. Fiz aula de teatro. Fiz meu primeiro filme independente e fui começando a fazer curtas por aqui.”

A estreia em um longa de maior visibilidade veio agora, no filme internacional Quase Deserto. A produção retrata a vida de imigrantes latinos sem documentação nos Estados Unidos e mistura suspense, drama social e tensões políticas.

“O roteiro é muito gostoso de ler. Esse filme foi muito bem pensado. Está acontecendo agora. O filme traz a parte política e mostra a vida de latinos sem documentação aqui nos EUA. Eu tenho duas cenas, é um papel pequeno, estou começando. Aí, alguns dias antes, descobri que a Alessandra Negrini estava no filme. Realizei um sonho de fazer um filme no meu país, mas fora dele. Fiquei chocada com o elenco. É uma mistura americana, brasileira e argentina. A Angela Sarafyan fez Buffy.”

Ela conta que, para alguém que passava tardes estudando como as séries eram feitas, pisar num set com Negrini e com Sarafyan, que participou de Buffy, parece meio poético. O filme estreia nos cinemas no dia 27 de novembro.

“Ser ator não é só ser ator, é ter ideia de negócios, e eu também precisei aprender mais sobre isso. Fiquei em Los Angeles por 3 meses, fazendo curso, e continuo estudando.”

Além de Quase Deserto, Isabella acaba de finalizar o terror psicológico Sara Sarita, dirigido por Kate Queen e Maddie De La Garza, da Queen Studios, em Ohio. Ela mesma admite que às vezes precisa respirar fundo para acreditar no que está acontecendo.

O fato é que a menina de Campo Grande que aprendia inglês com vampiros, rock alternativo e muita curiosidade agora começa a ocupar espaço no cinema internacional. E se o trajeto até aqui já foi improvável, a próxima virada parece apenas questão de tempo.

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