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Diversão

Fé, fronteira, música e poesia em noite de desfile prejudicado pela iluminação

Thailla Torres | 01/03/2017 07:42
Carro alegórico da Vila Carvalho, com show de interpretação durante desfile. (Foto: Marcos Ermínio)
Carro alegórico da Vila Carvalho, com show de interpretação durante desfile. (Foto: Marcos Ermínio)

A terça-feira (28) de desfiles das escolas do Grupo Especial de Campo Grande teve homenagens a dois ícones da cultura sul-mato-grossense. A Igrejinha levou o centenário do poeta Manoel de Barros à avenida e a Deixa Falar escolheu apresentar a história do Grupo Acaba. A Catedráticos do Samba também não buscou inspiração muito longe, falou sobre a Colônia Paraguaia". Já a campeão de 2016, Vila Carvalho, escolheu o enredo "Salve Jorge Guerreiro da Vila", em homenagem ao padroeiro da escola

Neste ano, a estratégia de apresentação prejudicou um pouco o evento. Como as duas agremiações de maiores torcidas entraram primeiro, boa parte do público foi embora antes da última passar. Sobrou para a Deixa falar fechar o desfile e ainda enfrentar problemas de iluminação na avenida do samba.

A comissão de frente veio representando Ogum. (Foto: Marcos Ermínio)
A comissão de frente veio representando Ogum. (Foto: Marcos Ermínio)

A campeã Unidos da Vila Carvalho entrou na avenida às 20h49 com nove alas e três carros alegóricos. 

Na comissão de frente, dançarinos representavam Ogum, como é conhecido São Jorge nas religiões afro. O primeiro carro alegórico representava a Capadócia, cidade onde nasceu o santo. As baianas vieram de princesa, porque segundo a fé, ele lutou contra um dragão para salvar a vida dela.

O último carro alegórico foi o que mais empolgou a plateia. Chamado de martírio, teve um show de interpretação no meio da avenida. 

Durante os ajustes da bateria, o mestre Wlauer de Carvalho, 26 anos, disse que a escola entrou no desfile para o tudo ou nada. "Foi um ano de muito trabalho, nossa única expectativa é ser campeã". Em 2016 a escola levou o título, mas em 2015, foi a vez da maior rival, a Igrejinha que venceu e quebrou a sequência de vitórias. 

Primeiro carro alegórico da Carvalho, destaque de luxo. (Foto: Marcos Ermínio)
Primeiro carro alegórico da Carvalho, destaque de luxo. (Foto: Marcos Ermínio)

E a vice do ano passado foi também a segunda a entrar ontem. A Igrejinha desfilou com muita poesia no enredo "Sempre acho que na ponta do meu lápis tem um nascimento". Manoel de Barros sorriu na avenida, em alas sobre o Pantanal, as aves e até o amigo Bernardo, representado pela bateria.

Em cada carro, uma poesia mostrava a grandeza na simplicidade do nosso poeta. O escritor Rosildo Vasconcelos também teve texto levado pela escola ao público, ele contribuiu com um artigo sobre Manoel. "Pra mim foi um honra. Na verdade me senti uma letra dele e a escola conseguiu passar um poucos das brincadeiras com as palavras", descreve.

Homenagem a Manoel de Barros pela Igrejinha. (Foto: Marcos Ermínio)
Homenagem a Manoel de Barros pela Igrejinha. (Foto: Marcos Ermínio)
Referências da natureza. (Foto: Marcos Ermínio)
Referências da natureza. (Foto: Marcos Ermínio)
História de vida do poeta foi lembrada na avenida. (Foto: Marcos Ermínio)
História de vida do poeta foi lembrada na avenida. (Foto: Marcos Ermínio)

Com tema "Colônia Paraguaia", a Catedráticos do Samba também entrou confiante com as cores da fronteira.

A comissão de frente trouxe um grupo de dança folclórica com figurino para marcar a valorização da renda usado pelos paraguaios. Lado a lado, bandeiras do Paraguai, Brasil e Mato Grosso do Sul mostraram a união de povos e a criação de uma cultura plural.

"É uma das culturas mais influentes no nosso Estado. Não há como negar o papel importante da colônia paraguaia e que faz crescer também grande parte do País", explica o diretor de comunicação da escola, Oscar Martinez.

Dos três carros alegóricos, um deles, falou da erva mate tradicional e foi destaque de luxo. Em seguida, as alas representaram a erva mate, o tereré, as mulheres chipeiras, e as que cantam músicas religiosas e rezam durante à noite. 

O segundo carro alegórico trazia a capela da Virgem de Caacupé, padroeira do Paraguai.

Augustín ficou emocionado pela homenagem à colônia paraguaia.(Foto: Marcos Ermínio)
Augustín ficou emocionado pela homenagem à colônia paraguaia.(Foto: Marcos Ermínio)

Segurando a bandeira da terra natal na arquibancada, o paraguaio Agustín Antônio Cazal Lopes não conteve a emoção. Ele vive com a família em Mato Grosso do Sul há 7 anos, mas em dezembro deve retornar com a esposa e os filhos para Assunção.

"Vim para trabalhar e acabei ficando, porque o Estado é muito próximo. Quando eu soube da homenagem, fiquei muito emocionado. O desfile foi lindo demais", diz Augustín.

Para fechar a noite de desfiles, a Deixa Falar entrou na avenida por volta de 00h40. Com enredo "Tem cheiro de camalote, tem gosto de tarumã", esse ano a escola homenageou o Grupo Acaba, que completou 50 anos de história com o regionalismo em cada letra e melodia. 

Vestidos todos de branco, como manda o figurino clássico deles, os músicos viram sua trajetória musical na avenida. Por conta do horário, as arquibancadas não estavam lotadas, mesmo assim, a escola entrou confiante na busca do primeiro título dentro do Grupo Especial.

Carnavalesco e vice-presidente da escola, Fran Fabian se diz super fã do Acaba. "Sou fã número 1 e quando eu tive essa ideia, foi para mostrar o que temos de melhor e incrível na nossa cultura. Eles aceitaram ser tema e isso nos deixou muito felizes", conta Fran. 

Com recursos menores, a escola fez o que pode para garantir o desfile na raça. "A gente está confiante que esse ano podemos ser campeã. Fizemos um Carnaval usando muita criatividade e reciclagem. Porque pra gente isso é cultura, já que todo mundo da escola precisa entrar na história junto com a gente", reforça Fran.

Parte dos integrantes do Grupo Acaba entraram no terceiro carro alegórico da escola. (Foto: Marcos Ermínio)
Parte dos integrantes do Grupo Acaba entraram no terceiro carro alegórico da escola. (Foto: Marcos Ermínio)

A comissão de frente foi inspirada nas flores de camalote, folclore pantaneiro e o homem boiadeiro, explica a coreografa Suzane Fernandes. "Quando soube do enredo, eu quis inserir tudo que a gente ouve na música deles aqui. Homenagear o grupo é um abraço à cultura, porque eles fazem parte do nosso Estado e amam o Pantanal", diz.

A Deixa Falar foi a única escola que passou sufoco na avenida por conta da iluminação. Assim que os jurados começaram a contar o tempo, após minutos de fogos de artifício, algumas lâmpadas se apagaram nos postes. Mas nada impediu a escola de seguir em frente. Com 11 alas e 3 carros alegóricos, a escola fechou o desfile com parte dos integrantes do Grupo Acaba.

Entusiasmado, Tião César, um dos músicos, agradeceu. "Não temos nem palavras, é uma sensação muito emocionante. Nos sentimos lisonjeados em estar compartilhando esse momento com eles". 

A apuração das campeãs do Carnaval 2017 será hoje, a partir de 17h.

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Alegórico com referência do Pantanal, que faz presença nas canções do Acaba.
Alegórico com referência do Pantanal, que faz presença nas canções do Acaba.
Bateria da Deixa Falar.
Bateria da Deixa Falar.
Apesar de pouca platéia, escola entrou para brilhar. (Foto: Marcos Ermínio)
Apesar de pouca platéia, escola entrou para brilhar. (Foto: Marcos Ermínio)

Confira a galeria de imagens:

  • Os Catedráticos do Samba. (Foto: Marcos Ermínio)
  • Vila Carvalho. (Foto: Marcos Ermínio)
  • Vila Carvalho. (Foto: Marcos Ermínio)
  • Vila Carvalho. (Foto: Marcos Ermínio)
  • Vila Carvalho. (Foto: Marcos Ermínio)
  • Vila Carvalho. (Foto: Marcos Ermínio)
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