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Diversão

Longe da avenida, Carnaval da “molecada” em Corumbá é nos blocos

Paula Vitorino | 21/02/2012 21:10

Enquanto famílias assistem aos desfiles, jovens da cidade e de fora vão para Corumbá só para sair nos blocos. Os mais tradicionais não desceram a avenida este ano e festa perdeu a cara de Carnaval

Bloco novato, Disculpintão, foi um dos poucos que ainda desceu a avenida.
Bloco novato, Disculpintão, foi um dos poucos que ainda desceu a avenida.

Enquanto o Carnaval desfila o glamour com as escolas de samba na avenida, o público de 18 a 30 anos é peça rara de se encontrar. Os jovens parecem dormir durante o desfile e só por volta da meia-noite começam a surgir, passando pela avenida em pequenos grupinhos, mas depois voltam a desaparecer.

Todos uniformizados com as camisetas do bloco carnavalescos do dia e os canecos à tiracolo, eles seguem para a Arena. No local, do outro lado da cidade, acontece a concentração dos blocos independentes, que parece dividir o Carnaval de Corumbá em dois.

“O nosso carnaval é aqui, é onde encontramos a galera”, diz o folião que veio de Recife, Tulio Cruz, de 24 anos.

Todos os foliões que o Campo Grande News conversou confessaram não ter assistido ao desfile das escolas de samba. Um dos motivos, explica Marlon Batista, de 21 anos, é que prefire "descansar, aproveitar para dormir" ao invés de ir assistir o desfile. "É muito chato”.

“Venho pro Carnaval de Corumbá para sair nos blocos, isso é que importa”, acrescenta Cauê Wundulich, de 24 anos.

A graça da folia, explica o folião Tulio, vai desde a bebida liberada, a música e as mulheres da paquera, ingredientes certos dos blocos.

Às 4h da madrugada de segunda, enquanto corre para não perder a descida do trio-elétrico do bloco novato Disculpintão, um dos únicos que desceu a avenida, a foliã Luciana de Souza, de 20 anos, explica que a animação dos blocos é diferente e garante o Carnaval de Corumbá.

Cada dia é a vez de um bloco diferente sair. A festa é open bar e a camiseta para cada dia varia, mas a pista custa em média R$ 100 e o camarote R$ 140.

Blocos tradicionais não desceram avenida e festa ficou sem cara de Carnaval.
Blocos tradicionais não desceram avenida e festa ficou sem cara de Carnaval.

Sem cara de Carnaval - Outra característica dos blocos era a descida pela avenida, atrás do trio-elétrico, mas nesse ano os três blocos mais tradicionais - o Afoga o Ganso (sábado e terça), Biriguis (domingo) e Os Guerreiros (segunda) - não saíram para a avenida e a festa aconteceu só dentro da Arena.

“Antes a gente ia pro bloco e descia pela avenida, aí era bom. Agora ficou aqui só parado”, diz Diogo Freitas, de 22 anos, no bloco Os Guerreiros.

A mudança fez a festa perder um pouco da cara de Carnaval e não agradou alguns foliões. O ambiente e a iluminação lembram o de festas eletrônicas, diferenciando apenas pela música carnavalesca.

“Parece uma festa comum, não tem a mesma graça, nem parece Carnaval”, diz Cauê.

Paquera - A mudança no blocos também atrapalhou a paquera, já que os foliões contam que era na descida e subida da avenida que rolava a “pegação”.

Uma menina de 20 anos conta que cada descida era no mínimo cinco beijos em rapazes diferentes. Os foliões passavam fazendo “o arrastão de beijos”.

“A pegação, mesmo, rolava na saído do trio”, diz Marlon.

Mas como ainda é Carnaval e tudo vale, os integrantes dos blocos ficaram até o amanhecer na Arena e não faltaram amores carnavalescos.

Já no fim do bloco Os Guerreiros, por volta das 5h30 da madrugada de terça, o provável casal Natália Viana, de 23 anos, e Gulherme Jefrey, de 24 anos, terminam a festa juntos depois de se conheceram no bloco e garantem que são um exemplo de “amor de Carnaval”.

Avaliação - O prefeito Ruiter Cunha explicou que a mudança no Carnaval dos blocos este ano partiu da própria organização dos grupos, mas que vai funcionar como um teste para os outros anos.

“Os grupos resolveram fazer esse e vai depender da aceitação do público”, diz.

Segundo ele, um dos objetivos da mudança foi diminuir os gastos com a saída do trio-elétrico.

O Carnaval dos blocos termina hoje com o Afoga o Ganso.

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