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Comportamento

No álbum de José, fotos contam história de lixão que virou "point" de motocross

Na década de 70, dois lugares em Campo Grande fizeram sucesso com treinos e disputas de motocross. Você lembra?

Thailla Torres | 07/11/2018 08:32
Pista no Parque dos Poderes, próximo à Avenida do Poeta, também em 1978. (Foto: José Neves Mendonça)
Pista no Parque dos Poderes, próximo à Avenida do Poeta, também em 1978. (Foto: José Neves Mendonça)

Aos 65 anos, o vendedor José Neves Mendonça é mais um personagem que guarda fotos antigas de Campo Grande para contar histórias. Hoje, o álbum antigo está quase todo digitalizado, porque o arquivo é precioso e revela cenas de eventos importantes para a cidade.

Da década 70, as fotos que vieram de José para o Lado B contam sobre um antigo lixão, nos altos da Avenida Euler de Azevedo, que em 1975 virou ponto de encontro para o campo-grandense assistir campeonatos amadores de motocross.

Outro ponto da cidade lotava com os campeonatos. Era no Parque dos Poderes, onde o campeonato durou mais tempo e o espaço com terra continua até hoje, próximo à Avenida do Poeta.

Pista na região do bairro São Francisco, em 1978, onde hoje há condomínios e um supermercado Comper. (Foto: José Neves Mendonça)
Pista na região do bairro São Francisco, em 1978, onde hoje há condomínios e um supermercado Comper. (Foto: José Neves Mendonça)

José lembra que famílias e grupos de amigos se reuniam aos fins de semana toda vez que um evento anunciado. O campeonato era realizado por vendedores motocicletas e acessórios na cidade, além de apaixonados por motos. Quem topava competir chegava cedo e logo o campo-grandense se ajeitava nos locais sem nenhuma estrutura como grade de proteção ou arquibancadas, tinha muita gente que permanecia dentro das pistas.

O vendedor não competia, mas se dedicava a assistir e registrar alguns instantes com sua câmera Ricoh na mão.

“Em 1975, nos altos da Avenida Euler de Azevedo, havia um grande aterro que no passado havia sido um lixão da cidade. Quando ele foi desativado, a terra virou point para os apaixonados por motocross. Naquela época não tinha muito que fazer em Campo Grande, então quem podia se deslocava até lá”.

Naquele tempo o local era longe, porque o Bairro São Francisco, praticamente, só existia até a igreja matriz. Anos depois, surgiram os bairros Coophasul e Vila Nasser, que tomaram o cerrado que surge discretamente em uma das fotos. “Quem não tinha carro, pegava carona com a família e os amigos só para assistir”.

José, aos 25 anos, era quem fotografava os momentos nas pistas. (Foto: Arquivo Pessoal)
José, aos 25 anos, era quem fotografava os momentos nas pistas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Os treinos começavam pela manhã, mas a brincadeira não durava o dia todo. “Observa-se que as motos não tinham tecnologia, alguns nem tinham acessórios apropriados e os patrocínios só foram surgindo depois de 1978. Por isso, tudo era muito rápido, porque os caras não tinham tanta grana para bancar gasolina e peças. Também não havia cobrança de ingressos”.

Hoje, José digitaliza mais de 1,5 mil fotografias tiradas entre as décadas de 70 e 80, para que Campo Grande não fique sem memória. “Eu sinto que após a divisão do estado, muita coisa ficou lá com o Mato Grosso, permaneceu, mas aqui também fizemos história e isso não pode ser esquecido. Eu guardo essas fotos com muito carinho”, explica.

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Sem nenhuma estrutura e nem cobrança de ingresso, público ficava nos meio das pista. (Foto: José Neves Mendonça)
Sem nenhuma estrutura e nem cobrança de ingresso, público ficava nos meio das pista. (Foto: José Neves Mendonça)
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