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Diversão

Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, "ganha vida" na Flib

Com cerca de 3x2 metros, o barraco é pequeno o bastante para "sufocar" e contar a história da escritora

Por Natália Olliver e Clayton Neves | 17/09/2025 14:22
Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, "ganha vida" na Flib
Flib recria casa de madeira da escritora Carolina Maria de Jesus (Foto: Clayton Neves)

A 9ª edição da Flib, (Feira Literária de Bonito) começou nesta quarta-feira (17) dando vida a casa de madeira da homenageada Carolina Maria de Jesus. Para fazer o público imergir no que ela significou e o impacto do livro 'Quarto de despejo' foi recriado o lugar onde a escritora morou com os três filhos. A casa está instalada na Praça da Liberdade, onde acontece grande parte da programação gratuita. As atividades seguem até dia 21.

RESUMO

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A 9ª edição da Feira Literária de Bonito (Flib) homenageia a escritora Carolina Maria de Jesus com uma réplica de sua antiga residência. Instalada na Praça da Liberdade, a casa de madeira de 3x2 metros reproduz fielmente o ambiente onde a autora viveu com seus três filhos, incluindo móveis básicos e trechos de sua obra "Quarto de despejo". A exposição destaca a trajetória da escritora negra, que passou de catadora de papel a uma das vozes mais importantes da literatura brasileira do século 20. A instalação conta com audiodescrição e fotografias históricas, incluindo um raro registro ao lado de Clarice Lispector, evidenciando sua contribuição para a transformação da literatura nacional.

O barraco tem só uma janela e uma porta e mede cerca de 3x2 metros. O cômodo é pequeno o bastante para sufocar quem entra. Dentro, uma cama, um fogão, uma mesa com cadeira, livros que inspiraram a escritora e quadros com trechos de 'Quarto de despejo'. A cada detalhe, um lembrete do espaço apertado e da vida marcada pela resistência.

Ao redor da instalação, imagens de Carolina mostram a trajetória da catadora de papel do lixão até a escritora consagrada. Entre as fotos, um registro raro ao lado de Clarice Lispector. Dentro da casa,  também há audiodescrição para guiar os visitantes. Vozes narram trechos do livro e contextualizam a força de uma obra que virou divisor de águas na literatura brasileira.

Romilda Pizzani, ativista do movimento negro, comenta que a escritora apresenta um mundo de possibilidades onde não é comum existir.

“Mesmo sendo criada e convivido em um espaço onde elas possivelmente não aconteceriam. O esperançar vem dela. Ela mostra que existe isso onde quer que você esteja. A gente está falando de referência, as crianças terem essa referência é muito mais que importante é colocar em, prática a lei 10639”.

Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, "ganha vida" na Flib
Romilda, ativista do movimento negro na réplica da casa de Corolina Maria de Jesus (Foto: Clayton Neves)

Ela diz respeito a norma que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira em todas as escolas de ensino fundamental e médio). “Ter como referência ela é falar do nosso povo, da nossa história, mas acima de tudo acreditar e dizer sim, é possível”, completa.

A curadora da Flib, Maria Adélia Menegazzo, já havia destacado em agosto, durante o lançamento do evento, a importância dessa escolha:

“Quando a gente pensa nessa categoria literária, de diário, autobiografia, nada melhor que Carolina Maria de Jesus, porque o livro Quarto de despejo: diário de uma favelada é uma espécie de ponto de virada da literatura brasileira contemporânea. A linguagem que ela usa não é a normalmente aceita pelo sistema literário. Ela escreve como fala, isso é inovador. Uma coisa é ter um autor com formação e que tenta imitar alguém que não fala a língua 'culta'; outra coisa é alguém que é assim mesmo. Ela expressa dessa maneira o que pensa, vive e o enfrentamento do mundo."

Carolina Maria de Jesus (1914–1977), mulher negra, favelada, catadora de papel e praticamente autodidata que se tornou uma das vozes mais surpreendentes da literatura do século 20. Com Quarto de despejo, não só rompeu barreiras sociais e raciais, como também alterou para sempre o modo como o Brasil lê a si mesmo.

Confira a programação desta quarta-feira:

  • 16h: CIRCUITO CULTURAL – Tenda das Crianças – Oficina “Confecção de Brinquedos Artesanais a partir de materiais reaproveitáveis” com Ramona Rodrigues – Praça da Liberdade
  • 16h: CIRCUITO PEDAGÓGICO – Projeto “Espaço Energia” – Unidade móvel educacional da Energisa – Praça da Liberdade
  • 17h: Cortejo Pilad Rebuá
  • 17h30: Abertura Pavilhão das Letras
  • 18h: Abertura Oficial – Palco Principal
  • 18h: CIRCUITO CULTURAL – Tenda das Crianças “Brincadeiras Tradicionais” com Ramona Rodrigues – Praça da Liberdade
  • 18h30: Premiação Concurso de Redação – Palco Principal
  • 19h: MUSICAL – Show “AfroAfetos” com Silveira Soul – Palco Principal
  • 20h: MUSICAL – Show “Pau, Pedra & Corda” com Begèt de Lucena – Palco Principal
  • 21h: MUSICAL – Show Mulheres de Quinta – Palco Principal

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