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Diversão

Ricaça se entope de Cloroquina em peça sobre "Mulher Monstro"

Grupo do Rio Grande do Norte trouxe espetáculo inédito na cidade

Jéssica Fernandes | 04/12/2021 09:30
A peça "Mulher Monstro" exibida ontem, no Teatro Mace. (Foto: Álvaro Herculano)
A peça "Mulher Monstro" exibida ontem, no Teatro Mace. (Foto: Álvaro Herculano)

Direto do Rio Grande do Norte, o  Sem Cia de Teatro realizou apresentação inédita na Capital. Com a peça “A Mulher Monstro”, o grupo cativou sorrisos, provocou reflexões e arrancou aplausos vigorosos do público campo-grandense na noite de ontem (03), no Teatro Elite Mace.

O espetáculo, por meio de uma linguagem drag queen, trouxe reflexões a respeito do cenário político-social da atualidade com muito sarcasmo, ironia e humor. Para fazer a crítica social, a companhia reuniu falas, opiniões e discursos veiculados nas redes sociais de políticos e outras figuras públicas.

Na peça, o ator José Neto Barbosa, 30 anos, deu vida à figura de uma burguesa cis, cristã, conservadora e preconceituosa, que reflete a visão intolerante da sociedade brasileira. A personagem performática e expressiva realizou monólogos e interagiu com o público fazendo provocações que mesclaram o bom humor e a sagacidade.

Durante espetáculo, ator segura caixa de remédio. (Foto: Álvaro Herculano)
Durante espetáculo, ator segura caixa de remédio. (Foto: Álvaro Herculano)

Na jaula, posicionada no centro do palco, a figura narrou histórias que, pouco a pouco, revelavam a natureza fanática e intolerante. No primeiro ato, intitulado “Monstro”, ela surgiu vestindo uma máscara animalesca, emitindo diversos sons e retirando da bolsa caixas que representavam a cloroquina e ivermectina.

Já na segunda parte, “Cotidiano”, a cristã começou a fazer monólogos em que narrava situações pessoais, como o suicídio do filho, a traição do marido e o casamento do sobrinho com outro homem. As nuances da personagem eram enfatizadas com a rápida mudança de expressão facial, tom de voz e modo de falar. A expressividade da atuação ganhava ênfase com o jogo de luzes, que transitavam entre claro e escuro.

O espetáculo chegou ao ápice no terceiro e último ato, “Escarro”. Neste momento, a burguesa expressou todas as falas carregadas com uma visão do militarismo conservadorismo, machismo, racismo e homofobia.

Ator realizou discurso no final da peça. (Foto: Álvaro Herculano)
Ator realizou discurso no final da peça. (Foto: Álvaro Herculano)

Após quase duas horas, a peça Mulher Monstro chegou ao fim com direito a discurso emocionado do ator. Em poucas palavras, ele resumiu para a plateia a essência da trama. "Esse espetáculo é um grito de socorro", afirmou.

Ao Lado B, o diretor e dramaturgo José Neto Barbosa comentou que a apresentação do grupo é a primeira em quase dois anos. “É uma emoção muito grande, particularmente, estava esperando todos os dias para que acontecesse”, conta.

Em relação à obra, ele destaca que o conteúdo é resultado de diversos acontecimentos no cenário político e da pandemia. “O espetáculo é um acúmulo de tudo que vem acontecendo desde 2016, então, agora, nós puxamos referências da pandemia. É um espetáculo mutante, porque vai se transformando a cada dia. Em todas as apresentações, colocamos textos e formas novas ”, conclui.

Integram a Sem Cia de Teatro: 

Preparadora e Produtora: Isadora Gondim

Iluminador e sonografista: Sergio Gurgel Filho

Produtor Artístico: Mychell Ferreira

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