ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 24º

Diversão

Uma noite de músicas clássicas e com o rasqueado de Beth e Betinha

Elverson Cardozo | 20/05/2012 11:34
Show de Beth e Betinha durou aproximadamente 30 minutos. (Foto: João Garrigó)
Show de Beth e Betinha durou aproximadamente 30 minutos. (Foto: João Garrigó)

A noite foi fria, mas regada a músicas clássicas e ao inconfundível rasqueado sertanejo da primeira dupla feminina de Mato Grosso do Sul, Beth e Betinha. Pela diferença entre os estilos, a descrição pode até parecer improvável, mas aconteceu e deixou os moradores do Jardim Aeroporto, em Campo Grande, com gosto de “quero mais”.

A platéia não era das mais lotadas, pelo contrário, sobrou espaço, mas não faltou empolgação. O pintor Ednei Pinheiro Alves, de 33 anos, fez que questão de levar os dois filhos à rua Heitor Vieira de Almeida, local onde aconteceu as apresentações.

“É raridade ter algum evento aqui no bairro”, comentou, acrescentando que a iniciativa é uma forma de valorizar e levar cultural a quem está distante. Brenda Paiva, a mais velha, de 14 anos, não tirava os olhos da Orquestra Jovem, da Fundação Manoel de Barros.

Orquestra Jovem da Fundação Manoel de Barros. (Foto: João Garrigó)
Orquestra Jovem da Fundação Manoel de Barros. (Foto: João Garrigó)
Edinei fez questão de levar os dois filhos, que já estudam a música. (Foto: João Garrigó)
Edinei fez questão de levar os dois filhos, que já estudam a música. (Foto: João Garrigó)

Para a adolescente, que também é musicista na banda mirim de PM (Polícia Militar), os shows musicais são uma forma de incentivo. Ednei conta que o filho caçula, Richard Paiva, de 7 anos, já está aprendendo a tocar bateria e que, por isso, também foi junto. “Ele é bom de ritmo”, diz, todo orgulhoso.

Antonia da Silva Pereira, de 58 anos, e Jerson Gomes, de 78 anos, chegaram cedo para não perder nenhum detalhe. Das últimas cadeiras acompanhavam toda a apresentação. A nora, a auxiliar de serviços gerais Roseli Paredes, de 53 anos, foi quem convidou o casal. “Traz cultura para o bairro”, relatou.

No palco o maestro Eduardo Martinelli interagiu com o púbico e explicou um pouco da função da orquestra e dos instrumentos. Depois, pediu que alguns dos músicos, se maneira rápida, fizessem pequenos solos para a platéia.

No repertório, músicas clássicas de compositores brasileiros e regionais como Chalana e Mercedita. Para o maestro, a aceitação do público, apesar de pequeno, foi acima do inesperado e, além disso, indica que é possível trabalhar com música erudita na comunidade.

Maestro Eduardo Martinelli acredita que é possível trabalhar com música erudita nos bairros. (Foto: João Garrigó)
Maestro Eduardo Martinelli acredita que é possível trabalhar com música erudita nos bairros. (Foto: João Garrigó)

“Vale a pena insistir. A experiência mostra que pode dar certo”, relatou. A sensação de tocar no teatro e ao ar livre, declarou, são diferentes. “É como jogar futebol no campo e na quadra”.

Por volta das 9h, após a apresentação da orquestra, a dupla sertaneja Beth e Betinha subiu ao palco. As irmãs - que formaram a primeira dupla sertaneja feminina do Estado e estão na ativa há mais de 50 anos - tocaram e cantaram por aproximadamente 30 minutos.

Betinha relembrou um pouco da trajetória e afirmou que a raiz sertaneja está ficando para trás. “Sertanejo raiz, para nós, é Teodoro e Sampaio, Tonico e Tinoco, Milionário José Rico... Não que os outros não sejam bonitos, mas é que os outros não são raiz”, disse.

Depois do show, em entrevista, comentou que apesar das 5 décadas dedicadas à música, muitos jovens não conhecem a história da dupla, daí a importância do evento, tanto para levar cultura a um bairro relativamente afastado quanto para divulgar o trabalho às novas gerações.

Dupla critica onda universitária e diz que o verdadeiro sertanejo está sendo esquecido pelo público. (Foto: João Garrigó)
Dupla critica onda universitária e diz que o verdadeiro sertanejo está sendo esquecido pelo público. (Foto: João Garrigó)

Além disso, comentou sobre a onda universitária. “Não tem nada de sertanejo”, disse. “O verdadeiro sertanejo tem amor, poesia, fala ‘e aí, comadre? Está tudo bem?”, exemplificou.

O presidente da associação de moradores, Elvis Rangel, de 32 anos, afirmou que a proposta era criar um evento que reunisse toda a família e terminasse, no máximo, às 22h. O trabalho de divulgação começou há uma semana em escolas, postos e outras entidades espalhadas pela região.

Elvis Rangel afirmou ainda que o show de Beth e Betinha veio para atender, em especial, ao público da terceira idade do Cras (Centro de Referência e Assistência Social) instalado no bairro.

O evento – Show nos bairros - é uma realização da prefeitura de Campo Grande em parceria com a Fundac (Fundação Municipal de Cultura).

Poucas pessoas assistiram às apresentações. (Foto: João Garrigó)
Poucas pessoas assistiram às apresentações. (Foto: João Garrigó)
Nos siga no Google Notícias