ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, SEGUNDA  18    CAMPO GRANDE 27º

Diversão

Vanessa da Mata fez show com aula de música, ao vivo e sem truques

Cantora trouxe um repertório que misturou hits da própria carreira com clássicos de diferentes gerações

Por Thailla Torres | 18/08/2025 07:48
Vanessa da Mata fez show com aula de música, ao vivo e sem truques
Nascida em Alto Garças, no interior de Mato Grosso, ela não perdeu tempo para cortar qualquer fronteira invisível. “Não gosto dessa rixa, não” (Foto: Daniel Reino)

Vanessa da Mata pisou no palco montado no Parque das Nações Indígenas às 19h15 desde domingo (17), segurando um ramalhete de lírios brancos no pé do microfone. Abriu o show com "Eu te apoio em sua fé", seguiu com "Não me deixe só" e, na terceira música, interagiu com a intérprete de Libras e a sensação foi de que estava, de fato, em casa.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Vanessa da Mata encantou o público no Parque das Nações Indígenas com um show diverso e emocionante. A cantora mato-grossense mesclou sucessos da carreira com clássicos da música brasileira, homenageando artistas como Luiz Gonzaga, Djavan, Gal Costa e Tim Maia. A apresentação foi marcada pela interação com o público e contextualização das músicas, criando uma ponte entre plateia e memória coletiva. Além dos sucessos populares, Vanessa surpreendeu com interpretações inusitadas, como uma ária da ópera Gianni Schicchi, de Puccini. O show, que durou quase duas horas, celebrou a ancestralidade da música brasileira e apresentou ao público mais jovem canções que marcaram gerações. Acompanhada por banda e backing vocals, Vanessa demonstrou potência vocal e versatilidade, transitando por diferentes gêneros musicais, do sertanejo à ópera, com naturalidade e emoção.

Nascida em Alto Garças, no interior de Mato Grosso, ela não perdeu tempo para cortar qualquer fronteira invisível. “Não gosto dessa rixa, não”, disse ainda no camarim à imprensa, sobre a velha disputa entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

E se alguém esperava uma noite de autopromoção do novo álbum Todas Elas, saiu surpreso. O público viu algo maior: um repertório que misturou hits da própria carreira com clássicos de diferentes gerações, que ela fez questão de contextualizar. Vanessa não apenas canta ela explica, narra, apresenta. Cada música virou ponte entre plateia e memória coletiva.

Vanessa da Mata fez show com aula de música, ao vivo e sem truques
MS Ao Vivo foi neste domingo (17) (Foto: Daniel Reino)

Em Bonito, três nos atrás, a artista havia feito um show centrado no trabalho novo. Em Campo Grande, a estratégia foi outra. No meio da apresentação, vieram nomes que a formaram: Luiz Gonzaga, Djavan, Gal Costa, Tim Maia. Quando a música era sua, ela. Quando era de outro compositor, vinha com uma história.

Foi assim com Sonho Meu, de Dona Ivone Lara “a primeira mulher a compor samba”, destacou. Ou com "Um Dia de Domingo", quando o guitarrista e diretor musical Maurício Pacheco assumiu o papel de Tim Maia, arrancando aplausos. Teve ainda Diana, com “O meu amado, porque brigamos”, e Zezé di Camargo e Luciano, reinterpretados em versão roqueira de "Você Vai Ver".

Vanessa da Mata fez show com aula de música, ao vivo e sem truques
Vanessa ao lado do guitarrista e diretor musical Maurício Pacheco que assumiu o papel em alguns momentos do show. (Foto: Daniel Reino)

É estratégico”, explicou em entrevista ao Campo Grande News. “Em shows abertos como esse, a ideia é trazer o popular e a ancestralidade. Mostrar para a galera mais nova músicas que eles nunca ouviram, mas que fizeram parte da vida da minha mãe e da minha avó. Gosto dessa função de atualizar o público.”

A surpresa maior veio quando ela, do nada, anunciou o desafio: uma ária da ópera Gianni Schicchi, de Puccini. O mio babbino caro saiu de sua voz com naturalidade quase desconcertante.

O ramalhete de lírios no pé do microfone, aliás, não era adereço. No camarim, Vanessa explicou: “Esse lírio é de Oxum, da água. Fica no chakra da espiritualidade, para neutralizar e equilibrar. Descobri depois que simbolizava isso, mas sempre me acompanhou.” O arranjo, inclusive, foi feito por um campo-grandense, o biólogo e artista floral Marcelo Rezende.

No palco, a cantora foi acompanhada por duas backing vocals afinadíssimas e uma banda que segurou a ousadia de transitar do sertanejo ao samba, da MPB à ópera. A voz de Vanessa, que parece nunca exigir esforço, ecoava potente. “É show feito ao vivo mesmo, dá outra emoção”, disse. E deu.

Entre uma canção e outra, lembrava compositores pouco celebrados, como Odair José: “Ele é a tradução exata da generosidade do povo simples do Brasil.”

No meio da noite, um coro começou a gritar “Vanessa, eu te amo”. Ela respondeu, rindo: “Preciso me lembrar disso quando estiver no hotel sozinha.”

Foram quase duas horas de espetáculo, encerradas com Banho de Chuva, cantada a plenos pulmões pela plateia. Vanessa deixou o palco alta em todos os sentidos, na altura, na potência vocal, no repertório.

Um show público que custou R$ 230 mil ao cofre estadual, segundo publicação no Diário Oficial, mas que entregou que até parece raro hoje em dia, a chance de ver uma cantora em estado cru, experimentando gêneros, costurando memórias e lembrando que música ao vivo, ao vivo mesmo, ainda tem o poder de arrepiar.

No fim, quem esperava apenas um apanhado de sucessos saiu com uma aula gratuita de cultura popular. Um domingo que provou que vale, e muito, sair de casa para ouvir quem sabe cantar, e cantar ao vivo, sem truques.

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.