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Faz Bem!

De Minas a São Paulo, caminhar 113km fez Fábio rever a fé e o que é essencial

Paula Maciulevicius | 14/12/2016 06:20
Fábio Roque, saindo de Paraisópolis, em Minas, para encontrar a si e a fé. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Fábio Roque, saindo de Paraisópolis, em Minas, para encontrar a si e a fé. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Primeira placa avisa que são 132 km de percurso, trechos que eles fizeram, à pé, 113.
Primeira placa avisa que são 132 km de percurso, trechos que eles fizeram, à pé, 113.

Aposentar aos 50. Comprar uma casa até lá. Trocar o carro confortável por um mais simples. Viajar só de ônibus. Foram essas as resoluções práticas para a vida que Fábio trouxe do "Caminho da Fé", inspirado do Caminho de Santiago de Compostela, a peregrinação brasileira termina no Santuário de Aparecida. Mas andar 113 quilômetros de Minas Gerais a São Paulo fez com que ele percebesse e revesse muito mais coisa: a fé e o que é essencial nesta trajetória.

Fábio Roque é professor, diretor de escola e tem 43 anos. Dono de um humor que te faz rir só de estar perto, descobriu através dos trekkings mais que um estilo de vida, como é possível fazer grandes amizades. 

Há seis, quase sete meses, que ele começou a calçar os tênis, por a mochila nas costas e trilhar caminhos até então desconhecidos, onde o destino final pode ser a mais bela cachoeira da região, mas o que importa mesmo é a caminhada e não o fim.

No caminho até Luminosa, segunda cidade.
No caminho até Luminosa, segunda cidade.
Fé por todos os lados.
Fé por todos os lados.

"Comecei a fazer, a gostar e perceber que o caminhar me faz bem", fala sobre os primeiros quilômetros percorridos lá no começo. O primeiro trekking foi uma caminhada rural pela região do Cerro Corá de 3 quilômetros. "Fui sem conhecer ninguém, meio tímido, mas foi algo meio mágico. Aquele caminho, aquelas pessoas. Porque o que se faz em Campo Grande? Praticamente você vai para um barzinho beber. Eu gosto, só que fazer só isso, faz mal", compara.

E foi assim que ele, mesmo morando há 11 anos na Capital, viu uma nova forma de criar laços de amizade, uma coisa considerada difícil em Campo Grande. Além do físico, o psicológico também mudou com as trilhas. Os hábitos de Fábio foram se adequando ao estilo de quem encara a natureza como mestre e até na comemoração do aniversário do casamento do irmão, ele acampou na fazenda que sediou a festa ao invés de ficar nos quartos.

"Eu levei a minha barraca, porque o trekking é viciante. Cheguei lá e conversando com um primo meu, ele me falou do Caminho da Fé", conta o professor. O roteiro original sai de Águas da Prata e vai até Aparecida do Norte, as duas no Estado de São Paulo.

Em Luminosa.
Em Luminosa.
Cidade pequenina que se "esconde" como um buraco em volta de morros.
Cidade pequenina que se "esconde" como um buraco em volta de morros.
Instrumentos da caminhada.
Instrumentos da caminhada.
De auxílio e fé.
De auxílio e fé.
Indicativo da próxima parada: Campos do Jordão.
Indicativo da próxima parada: Campos do Jordão.

Na volta, em casa, Fábio foi pesquisar o que era o caminho, seus roteiros e colocou na cabeça que faria. Chamou uma amiga, Veruska, se planejou e encarou os 113 quilômetros agora, em novembro. O roteiro original previa 132, mas percalços fizeram com que a dupla andasse trechos de carona. 

"Eu precisava de algumas coisas: resgatar minha religião, que sou católico e estava um pouco afastado, tirar um pouco da ansiedade e aprender algumas coisas na vida. E isso foi, não digo um divisor de águas radical, mas o Caminho da Fé me ajudou como pessoa e ser humano", descreve.

Dos propósitos que ele tinha, a fé foi restaurada, o autoconhecimento redescoberto e a vontade não parar nunca mais de caminhar também. "Até já tenho um novo desafio, o Caminho da Luz", brinca. 

Aos 43 anos, sem praticar muita atividade física e sempre torcendo o nariz para academia. Fábio tinha em mente que caminhar é o movimento que lhe faz bem e junto dos bótons que coleciona, levou muita disposição e esperança na mochila para os cinco dias de Caminho. 

"Saí de Paraisópolis, em Minas e fui até Aparecida do Norte pela Serra da Mantiqueira. O que ele traz para você? Mostra que existe um mundo além. Para que eu vou querer ter um carro muito bom? Não tem necessidade, vou trocar o meu por um mais simples. Vou andar de ônibus, ficar só com as 20h do meu concurso... Depois vou fazer outras coisas. O Caminho da Fé me trouxe isso: essa questão de desprendimento e de que tem muito caminho ainda a ser percorrido", resume.

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Veruska, a amiga, Fernando um peregrino e Fábio. No trajeto, é comum a troca de experiências e relatos pessoais.
Veruska, a amiga, Fernando um peregrino e Fábio. No trajeto, é comum a troca de experiências e relatos pessoais.
No trajeto para Pedrinhas em um dos trechos em que Fábio esteve a 2,7 mil metros de altitude. Ao fundo, a amiga Veruska.
No trajeto para Pedrinhas em um dos trechos em que Fábio esteve a 2,7 mil metros de altitude. Ao fundo, a amiga Veruska.
Bem pertinho já.
Bem pertinho já.
E em Aparecida do Norte.
E em Aparecida do Norte.
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