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Idalene nunca comeu carne e prova que ser vegetariano não mata

Crescer ouvindo comentários preconceituosos fez com que ela se tornasse nutricionista para provar o contrário

Aletheya Alves | 31/03/2023 07:05
Idalene conta que alimentação sem carne nunca causou prejuízos. (Foto: Paulo Francis)
Idalene conta que alimentação sem carne nunca causou prejuízos. (Foto: Paulo Francis)

Apesar do número de pessoas que não consomem produtos de origem animal seguir crescendo nas últimas décadas, ainda há muita gente que acredita ser essencial ter uma dieta baseada em carne. Provando que ser vegetariano não mata, a nutricionista Idalene Rocha conta que em 35 anos de vida, nunca comeu carne e sempre foi saudável.

Se hoje, com todas as informações compartilhadas graças à internet, o preconceito ainda é forte, Idalene comenta que uma vida ouvindo opiniões alheias fez com que ela se preparasse para tudo. E, tendo crescido em um meio vegetariano, fez com que ela decidisse realmente trabalhar mostrando que a alimentação com base vegetal é tão possível quanto qualquer outra.

Retornando ao início de sua história, a nutricionista explica que tanto seu pai quanto sua mãe eram vegetarianos. “Meu pai fazia palestras sobre saúde, era iridólogo, uma profissão analisa as íris dos olhos. E minha mãe era culinarista, fazia cursos de culinária e tudo sempre na alimentação vegetariana. Então, me criei nesse meio”.

Na época, o motivo para os dois adotarem a dieta vegetariana unia uma questão religiosa e também de saúde, como ela relata. Isso porque os dois eram adventistas e prezavam por uma alimentação mais saudável.

Hoje, a nutricionista atende apenas o público vegetariano e vegano. (Foto: Paulo Francis)
Hoje, a nutricionista atende apenas o público vegetariano e vegano. (Foto: Paulo Francis)

Por saber que é incomum alguém que realmente tenha passado a vida toda sem consumir carne, Idalene costuma dizer que só para algo de outro mundo para quem é de fora.

“A partir do momento em que você não tem contato com alimento cárneo, aquele universo é normal. A gente, eu e minha irmã, só fomos entender que era diferente quando fomos para a escola e os colegas e professores começaram a perguntar o motivo de a gente não comer”, diz a nutricionista.

Apesar disso, manter uma dieta com proteínas vegetais era algo tranquilo até pela experiência de sua mãe e por ter procurado um profissional que acompanhasse sua saúde. “Ela trabalhava nesse ambiente de alimentação, então, em casa, a gente sempre tinha carne vegetal como o seitan, por exemplo, que é uma alternativa barata, nutritiva e proteica”.

Em meio às dúvidas, a nutricionista pontua que a preocupação com a saúde sempre aparece quando comenta sobre sua vida. “Eu não tive nenhuma dificuldade, até porque meus pais sempre se preocupavam em manter nossa imunidade boa e pensando em formas naturais de fazer isso. Então, a gente não adoecia com frequência”, explica.

De proteína de soja a seitan, alternativas à carne são variadas. (Foto: Paulo Francis)
De proteína de soja a seitan, alternativas à carne são variadas. (Foto: Paulo Francis)

Hoje, como nutricionista, ela pontua que há caminhos tranquilos para deixar a carne e os produtos de origem animal de lado. E, como para qualquer pessoa, o acompanhamento de um nutricionista é essencial.

Seja para quem come carne ou não, fazer acompanhamentos para verificar vitaminas e outros pontos da saúde alimentar é necessário em geral. Isso porque tanto quem come carne quanto quem não come precisa manter uma dieta saudável.

Na prática, um dos comentários que surgem é a suposta necessidade de vegetarianos e veganos usarem suplementos. Mas, conforme Idalene, essa ideia é perigosa.

“Veganos, vegetarianos ou não, as pessoas saem comprando vitaminas, mas o que não sabem é que o excesso provoca, muitas vezes, o mesmo resultado da carência. Então, o importante é procurar um nutricionista para fazer uma suplementação necessária caso seja assim avaliado”, diz.

Voltando para sua trajetória, conforme foi crescendo, o que era focado na dieta se tornou uma missão de vida, como Idalene narra. Mais do que não comer carne, ela notou que os outros âmbitos de sua vida, incluindo a profissão, poderiam se voltar para a causa animal.

“Senti na minha vida inteira as dificuldades da minha mãe com pediatras, depois eu como adulta e na adolescência também porque socializar nesse período é complicado. Na vida acadêmica, sofri bullying até dos professores. Eu tinha uma professora que olhava para mim e dizia ‘gente, vegetariano é doente, anémico, não seja vegetariano’ e, claro, aquele recado era para mim”, explica sobre as memórias.

Por isso, escolheu ser nutricionista e, com o tempo, foi se adaptando até conseguir trabalhar apenas com os públicos vegetarianos e veganos. “De 35 anos para cá, percebo que a sociedade tem melhorado muito, aceitado mais, mas ainda existe muito preconceito, principalmente por parte dos profissionais da área da saúde”.

Além de ser nutricionista, Idalene coordena o núcleo regional da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) e conta que tenta mostrar que as falas preconceituosas, sem conhecimento, não levam a lugar nenhum.

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