O bruxismo pode fazer seu maxilar travar de vez, saiba como evitar

Sabia que o seu bruxismo pode travar sua mandíbula? O ato de apertar os dentes ou ranger pode parecer inocente, mas a longo tempo, causar prejuízos graves ao seu maxilar. Um deles é o travamento, seja parcial ou completo. A dentista Daisilene Baena Castillo, especialista em dor orofacial e disfunção temporomandibular, explica melhor o problema e ressalta que qualquer pessoa, em qualquer faixa etária pode ter bruxismo.

O travamento pode acontecer de dois jeitos: por causa do músculos apertados (trismo) ou articular. No primeiro caso, a cabeça da mandíbula pode deslocar para frente. Isso pode acontecer em uma das articulações, e raramente bilateral (com as duas articulações).

“Tal fato não é frequente, o termo "travar" é popular, mas em linguagem científica, falamos de trismo, que é a limitação de abertura bucal geralmente associada a dor e espasmo dos músculos mastigatórios. Já no travamento articular, é uma disfunção da articulação temporomandibular, conhecida como ATM, especialmente relacionada ao deslocamento do disco articular com ou sem redução (ou seja, com ou sem retorno à posição de origem)”.

A sensação de mandíbula travada se dá por causa do disco articular, que não retorna à posição normal durante o momento da abertura da boca, o que impede a abertura. “É isso que o paciente percebe como “mandíbula travada”.”

Ela explica que qualquer pessoa pode ter de bruxismo, independe de sexo e faixa etária e que está diretamente relacionado com o sistema nervoso central (SNC).

“O travamento não está associado só ao bruxismo. É uma atividade repetitiva dos músculos mastigatórios caracterizada por apertar, ranger ou empurrar os dentes. Ele pode ocorrer involuntariamente, sem que perceba, durante o sono (bruxismo do sono) ou durante o dia (bruxismo em vigília), a pessoa também pode não perceber”.

Alguns sinais e sintomas do bruxismo frequentes são o desgaste ou fraturas nos dentes, sensibilidade dentária, marcas de mordida na língua e bochechas, estalos na articulação da boca (ATM), dor de cabeça, tensão nos músculos da face e pescoço, além de distúrbios do sono.

A ansiedade também pode intensificar a situação e agravar o quadro que já existe. Inclusive, ela aumenta a percepção da dor e o impacto funcional. “Ela ativa o sistema nervoso central e o sistema nervoso autônomo. Isso leva a um estado de hipervigilância e aumento do tônus muscular, incluindo os músculos mastigatórios.”

Mas o que fazer nesses momentos de dor causados pelo bruxismo?

Daisilene pontua que se o diagnóstico for trismo muscular, medicação analgésica, repouso mandibular e compressa quente e úmida podem relaxar a musculatura e facilitar o retorno à posição de origem.

Já quando o travamento é articular, a avaliação de um especialista em DTM, o quanto antes, é necessário para voltar à posição normal da boca.

“Existem outros fatores anatômicos, funcionais ou adaptativos que favorecem a instabilidade da articulação temporomandibular (ATM). Podemos elencar alguns que podem favorecer o travamento: deslocamento anterior do disco, articular com redução, lassidão ligamentar, alterações da morfologia articular, fatores musculares crônicos. Importante destacar que o bruxismo, especialmente quando associado a sobrecarga postural, estresse emocional e ausência de tratamento adequado, pode acelerar o processo degenerativo intra-articular.”

E tem cura?

Para o desespero de alguns não existe uma medicação que “cure” o bruxismo. Mas para alívio de muitos existem recursos que aliviam e melhoram a qualidade de vida de quem tem o problema.

“São vários os recursos para controlar o bruxismo: medicação à base de benzodiazepínicos (em casos raros), placa interoclusal, compressa quente e úmida, fisioterapia, controle dos micro despertares do sono, controle do estresse e ansiedade, controle dos hábitos. O foco é proteger os tecidos e reduzir a atividade muscular excessiva.”

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