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Faz Bem!

Para quem está emagrecendo, a vida social pode sim ser uma descoberta prazerosa

Liziane Berrocal | 08/06/2015 06:57
No casamento do filho de uma amiga.
No casamento do filho de uma amiga.

O primeiro evento social que eu fui logo após a minha cirurgia foi uma reunião de amigos de infância que fazemos periodicamente. O cardápio não poderia ser o mais propício e foi escolhido a dedo para me agradar: caldos.

Claro, que não eram os caldos ralos que faziam parte da minha dieta, mas sim caldos substanciosos tipo caldo de feijão preto, pucheiro e caldo de mandioca. Eu já estava com 17 dias de cirurgia e poderia experimentar um pouquinho de caldo de feijão (dieta pastosa) e acabei me aventurando num caldinho de pucheiro que foi cuidadosamente deixado sem pimenta para mim.

O mimo feito pela minha irmã Lais, pelo meu cunhado Cristiano e minha amiga Priscila juntamente aos meus amigos para “comemorar” o sucesso da minha cirurgia me deixou feliz da vida e foi praticamente o meu retorno a “vida social”.

Mas a partir dali, eu saberia, que nem todas as festas e todos os momentos sociais que eu teria seriam próprios para quem foi submetido a um procedimento como esse, tanto pela comida e bebida servida, quanto pela chuva de perguntas. E para quem como eu, que está aqui no Campo Grande News toda semana e tem um perfil social intenso, as perguntas são mais intensas ainda.

Então finalmente com um mês de cirurgia, enfrentei a minha verdadeira prova de fogo. Fui ao aniversário de um aninho da filha de um casal de amigos. Na festa, os amigos e conhecidos todos queriam saber como eu estava, quanto já tinha emagrecido (no primeiro mês foram 18 quilos) e o que iria comer.

Não me fiz de rogada e com minha bolsinha térmica, saquei meu lanchinho e ali participei da festa, como qualquer convidado. E olha, a tentação foi só pelo quibe frito, porque os doces mesmo, nem fizeram falta. Porque cada abraço de "Nossa, como você está mais magra", alimentava minha alma, me deixava super doce!

Então, comecei a observar como é o comportamento das pessoas que sofrem algum tipo de restrição alimentar como eu atualmente tenho. Em casa temos dois celíacos, meus sobrinhos são alérgicos ao glúten e por ser uma doença, tudo que contém o tal do ingrediente eles não podem comer, já somos acostumados a sair de casa com nosso kit festa e nossa marmitinha. Mas participando do grupo com as meninas que também se submeteram ao procedimento, percebi que muita coisa muda. Já falei diversas vezes aqui que comer é muito mais do que se alimentar, comer é uma convenção social, que une as pessoas, que reúne famílias.

E em nossas conversas que muitas vezes abordam assuntos como esses, trocamos experiências, como a nossa vida social muda depois da cirurgia, e o interessante é que mesmo deixando de comer, a vida social acaba mudando para melhor, já que com o emagrecimento a autoestima melhora, o relacionamento com o espelho fica mais afável e o nosso relacionamento com o mundo também.

A diversão fica por conta das histórias tipo da amiga que contou que o paquera para agradar deu doces em compota, coisa que ela não pode nem pensar em comer e que o outro que ficou apaixonadinho queria porque queria levá-la para jantar fora, mas com apenas três meses de procedimento, ainda não seria possível isso, já que nós demoramos pelo menos uma hora para comer, e não é legal num primeiro encontro, ficar uma hora de boca fechada (se comer conversando entra ar, se entrar ar é vômito na certa, daí, o encontro vira piada).

Ou de comemoração, como o churrasco que fiz com os mesmos amigos e que naquele dia, pela primeira vez sentei em uma cadeira de plástico - um dos meus sonhos de obesa - e que todos meus amigos comemoraram e minha irmã me sorriu feliz com um sorriso cúmplice de vitória! Lembro até hoje o beijo que meu marido me deu por aquela vitória!

E com isso vamos trocando experiências sobre como tornar nossas vidas mais fáceis e muito mais divertidas após a bariátrica. Como sentar toda fina e pedir um suco, porque além de ser saudável a gente super respeita nossa nutricionista Mariana Corradi, ou ir em um super casamento e levar iogurte no carro porque está com um mês de cirurgia e não pode ficar sem se alimentar.

O mais importante nisso tudo é o bariátrico ter em mente que a vida lá fora não pára, e que é preciso continuar vivendo, com a diferença que a comida agora não é mais o centro de tudo e que não há problema algum de chegar num lugar e apenas dizer: “Não obrigado, eu não posso”. Afinal, é a nossa saúde, mas é também a alegria de estar com aqueles que amamos!

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