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Psicóloga virou porta-voz de pacientes com câncer para reorganizar sentimentos

Especialista fala da importância de um acompanhamento psicológico paralelo ao tratamento médico contra o câncer

Thailla Torres | 07/01/2018 08:46
Há 6 anos, Cristiane exerce a Psicologia com pacientes com câncer e em fase terminal. (Foto: André Bittar)
Há 6 anos, Cristiane exerce a Psicologia com pacientes com câncer e em fase terminal. (Foto: André Bittar)

Cristiane Lang, de 44 anos, mergulhou de cabeça nas pesquisas sobre o câncer. Começou o curso de Psicologia pensando em clinicar, mas descobriu no meio do caminho a chance de fazer  diferente.

Hoje é psicóloga com pós-graduação em Oncologia, pelo Instituto Albert Einstein em São Paulo. Gaúcha que vive em Campo Grande há 30 anos, a profissão fez ela enxergar um caminho de fortalecimento todos os dias, para pacientes, inclusive, em fase terminal. "Toda minha família é da Oncologia. Me formei em Psicologia e senti a demanda de profissionais que atuassem especificamente com esses pacientes, mas aqui em Campo Grande não encontrei ninguém".

A dificuldade, na visão da psicóloga, é porque os pacientes ainda olham com resistência para o tratamento psicológico aliado ao tratamento médico. "Muitos pacientes quando descobrem o câncer pensam que vão morrer e nada mais resta. Por isso, a Psicologia surgiu com força nos últimos anos para esse enfrentamento. É possível mostrar um caminho menos difícil, mesmo sabendo que há pouco tempo de vida em alguns casos".

A profissão fez Cristiane lidar diretamente com a morte, muitas vezes, porque a maioria de seus pacientes já está em estágio terminal. "É o lado mais difícil e triste, porque saber que há pouco tempo de vida é avassalador na vida de um paciente. Falar então da morte, ainda é um tabu, mas pode ser libertador".

Cristiane se pauta em métodos de enfrentamento para transformar a vida dos pacientes. "Meu papel é trazer a saúde mental mesmo quando parece impossível e o maior instrumento é a escuta"

Há 6 anos, passou a dar voz às dores e angústias de seus pacientes. "As vezes eles não conseguem colocar para fora tudo o que sentem. A família também não dá conta de dizer a verdade sobre os medos ou aflições. Por isso acabo fazendo uma intermediação entre o paciente e a família".

E qual o efeito de uma conversa? O paciente se sente amparado e compreendido. "Isso ajuda a encontrar forças e em contrapartida, fazer com que a família entenda que no câncer, vão existir altos e baixos em diversos momentos".

Cristiane orienta a família sobre as boas intenções que nem sempre ajudam na recuperação. "Quando o paciente em estado terminal ouve: 'não fica assim' ou 'você tem que ficar bem', nem sempre é motivador. Ao contrário, são frases que não deixam ninguém bem. Mesmo que as pessoas falem com a melhor das intenções, não existe um botão que se possa apertar para despertar a felicidade. Então é preciso cuidado da família e das pessoas mais próximas até no diálogo".

A dedicação é para ajudar o paciente a desfrutar o que resta da vida. "Rever os amigos, reatar laços, perdoar e pedir perdão. São detalhes importantes no tratamento e que uma ajuda psicológica pode ser fundamental para que esse paciente termine a vida em paz".

Num primeiro momento, Cristiane admite que é difícil lidar com partidas tão repentinas e histórias de vida que são levadas pela doença. "Nunca é fácil, é uma coisa que precisei aprender a lidar porque cada paciente tem uma história diferente, todas são muito tocantes e envolvem muitos sentimentos".

Por isso,  trabalhar com os pacientes é, diariamente, transformador. "Em cada história aprendi ver os meus problemas com um olhar diferente. Porque no meio de todas essas histórias, há muita superação, pacientes que não estão mais com o câncer e que encontraram forças onde menos imaginavam. E a dor acaba nos ensinando a colocar os problemas nos seus devidos lugares e intensidades".

O contato com a psicóloga é pela sua fanpage no Facebook.

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