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Ghost of Tsushima é puro cinema; confira nossa análise

Fernando Fenero | 28/07/2020 07:36
(Foto: Silvio Haddad)
(Foto: Silvio Haddad)

O samurai é uma figura tão emblemática na cultura pop quanto o cowboy do western, e por mais que pareça estranha a afirmação, a produção audiovisual do nobre guerreiro japonês influenciou muito o cinema americano, e consequentemente todo o cinema do mundo que usa até hoje essas referências nas narrativas.

E não se pode falar em samurai no contexto do entretenimento sem pensar em Akira Kurosawa, diretor de obras de arte como “Os Sete Samurais” de 1974 (o qual serviu de inspiração para os faroestes “Sete homens e um destino”), “Yojimbo, o guarda costas”, “Sonhos” e outras preciosidades. Kurosawa é considerado o pai da visão moderna do samurai, e talvez quem mais tenha popularizado o termo no resto do mundo.

Então estamos em 2020, no mundo afetado por uma pandemia e em um momento que o cinema retrai, segura seus lançamentos, e amarga prejuízos, por outro lado, a indústria de games parece bem de saúde, e já no final da vida de lançamentos para o PlayStation 4, a Sony finalmente entrega Ghost of Tsushima.

Desenvolvido pelo estúdio Sucker Punch, o game justifica a adição dos dois primeiros parágrafos da análise, é realmente um filme de samurai, onde o jogador controla o protagonista, essa afirmação é tão verdadeira que já de cara é possível adotar o modo Kurosawa e jogar em preto e branco quase exclusivo das produções japonesas da época, que é somado a uma impressionante dublagem japonesa (a original é em inglês).

Quando anunciado na Paris Games Week a quatro anos atrás, o jogo já chamava muita atenção, não só pela proposta, mas pela qualidade gráfica, e quem está acostumado com o mercado de games, sabe que nem tudo que reluz é ouro. Nesse caso a aposta que haveria downgrade visual fracassa, o jogo é realmente muito bonito, e insisto em dizer que faz isso usando como referência a fotografia artística do eterno diretor nipônico.

Como em Red Dead Redemption 1 e 2, aqui o mundo é muito vivo, você enfrentará duelos, poderá salvar pessoas, terá a companhia de animais que podem te atacar ou ajudar a encontrar um item, e a passagem de tempo ocorre naturalmente. Isso coloca o jogador dentro da história, que conta com mais um diferencial bastante elegante de ser conduzida pelo vento, tal qual um GPS natural mas que convém para a narrativa. O Japão feudal aqui retratado mistura os elementos reais da geografia do lugar, com paisagens saídas dos contos mais fantásticos da época dos samurais, e até o clima volátil e opressivo do país é bem representado, dias bonitos são interrompidos por fortes tempestades cheia de raios e trovões.

(Foto: Silvio Haddad)
(Foto: Silvio Haddad)

Com relação ao roteiro, nele somos apresentados a Jin Sakai, um nobre samurai órfão de pai e criado por seu tio, ambos enfrentam as invasões mongóis ao Japão no século 13, historicamente lideradas pelo terrível Kublai Khan que atacou o arquipélago com 23 mil soldados e 800 navios. A invasão começa pela ilha de Tsushima, que é devastada pela horda mongol, e tem sua primária fonte de proteção dizimada, perdendo quase todos seus samurais.

Sobrevivente do massacre, Jin Sakai vive o conflito interno entre seguir a tradição secular dos samurais, e sobreviver ajudando seu povo com táticas pouco honrosas.

E é nesse ponto que Ghost of Tsushima brilha como a jóia que é, o jogador controla a narrativa, e conduz esse conflito interno de Sakai. O jogo permite uma mecânica de stealth, evitando completamente o combate direto, matando mongóis pelas costas enquanto estão distraídos ou usando lâminas de arremesso como kunais e explosivos. Há uma vastidão de possibilidades no cenário, desde se esgueirar por debaixo das construções, saltar pelos telhados, usar a grama alta e se esconder entre caixas e montes de feno. O stealth proporcionado aqui é pelo menos no mesmo nível da série Metal Gear, e não erro em afirmar que supera a franquia Assassins Creed, mesmo sendo esse o nicho dos jogos da Ubisoft.

Acha pouco honrado matar seus adversários dessa forma? Não há problema algum, o jogador pode desafiar abertamente as tropas inimigas promovendo os famosos duelos de espada como no cinema, uma das coisas mais divertidas de se fazer no jogo. O combate é todo muito bem construído, um jogador habilidoso pode vencer oponentes poderosos mesmo sem as devidas atualizações de atributos e equipamentos, e o combate com múltiplos adversários é sensacional.

Se você ainda tem dúvidas sobre a qualidade de Ghost of Tsushima, considere assistir alguns vídeos do jogo no Youtube, sob risco de se apaixonar pelo game, que segue por enquanto exclusivo para PlayStation 4, tanto em mídia física quanto em formato digital pela PSN.

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(Foto: Silvio Haddad)
(Foto: Silvio Haddad)

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