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Jogo com DNA brasileiro, Pixel Ripped 1989 é a junção de nostalgia e tecnologia

Edson Godoy | 13/08/2018 12:00
Pixel Ripped 1989. Desenvolvido pela softhouse brasileira ARVORE, o jogo foi lançado em 22 de maio deste ano.
Pixel Ripped 1989. Desenvolvido pela softhouse brasileira ARVORE, o jogo foi lançado em 22 de maio deste ano.

Quando a servidora pública Ana Ribeiro decidiu largar seu cargo estável e seguro para estudar desenvolvimento de jogos, nem imaginávamos que essa decisão pessoal iria influenciar também a vida de jogadores em todo o mundo. E tudo começou com um sonho: Ana estava de frente à TV jogando um game da geração 16-bit em um quarto todo pixelado, à medida que o jogo avançava, a estética do quarto evoluia junto com os gráficos do game, até o ponto em que ambos tinham o mesmo nível de realismo.

Assim nasceu a ideia do título o qual Ana iria se dedicar por quatro anos, e que evoluiu para o game que iremos avaliar hoje: Pixel Ripped 1989. Desenvolvido pela softhouse brasileira ARVORE, o jogo foi lançado em 22 de maio deste ano para Oculus Rift e HTC Vive e 31 de julho para PlayStation VR, que é a versão que avaliamos. Neste jogo de realidade virtual carregado de nostalgia, você assume o papel da heroína Dot cujo nome reflete a forma da protagonista: ela é um “ponto”, assim como era o herói do clássico Adventure de Atari 2600. Dot precisa salvar seu mundo que está sendo ameaçado pelo terrível Lorde Cyblin.

Dot precisa salvar seu mundo que está sendo ameaçado pelo terrível Lorde Cyblin.
Dot precisa salvar seu mundo que está sendo ameaçado pelo terrível Lorde Cyblin.

Lorde Cyblin ameaça não só o mundo pixelado da heroína, mas também o mundo real, onde vive Nicola, uma levada estudante da segunda série que irá ajudar Dot a enfrentar os perigos do jogo nos dois mundos. E quando falo em dois mundos, é de forma literal, pois você joga ao mesmo tempo no mundo real de Nicola e no mundo da aventura de Dot.

Como na primeira fase, em que Nicola está dentro da sala de aula e precisa continuar jogando seu Gear Kid – uma referência misturada de Game Gear e Game Boy – sem que sua professora veja. Ao mesmo tempo em que você precisa superar os desafios do portátil, há a necessidade de distrair sua professora. Se ela te flagrar três vezes com seu Gear Kid, é game over. Já no console portátil em suas mãos, você joga o incrível jogo de aventura 2D em plataforma que usa elementos dos melhores do gênero.

Lembra que falamos que Dot é um ponto? É claro que superar Lorde Cyblin como “apenas um ponto” fica muito mais difícil, né? Então durante o jogo, a personagem pode comer pixels e à medida que vai comendo ela vai evoluindo, até se tornar a imponente heróina da capa do jogo, que tem clara inspiração na Samus Aran da série Metroid. E se Dot for atingida, ela perde os pixels, igual Sonic perde as argolas.

Já falei de várias referências a jogos clássicos. Isso é só o começo. O título é um prato cheio para retrogamers. Há referências em todos os cantos do game, como uma fase em que você dirige o veículo voador do Alex Kidd, ou outra em que você precisa atirar em monstros usando seu Gear Kid como se fosse um Game Pad do Wii U, e quando consegue um power up você escuta a voz dizendo: “heavy machinegun”, igual ao game Metal Slug. Aliás, nesse lance do Game Pad, é como se fosse um jogo de realidade aumentada dentro de um jogo de realidade virtual. Sensacional!

A história é criativa e super bem amarrada, tornando o game uma experiência extremamente prazerosa.
A história é criativa e super bem amarrada, tornando o game uma experiência extremamente prazerosa.

São ao todo 4 fases, todas com boss battles e dificuldade muito bem ajustada. A curva de aprendizado do jogo está excelente, começando naquela mamatinha suave e culminando na última fase com um desafio e tanto.

O jogo consegue ser um fanservice de primeira para os apaixonados por videogame. Receita quase infalível para agradar, não? Eu disse quase porque nostalgia sem qualidade, não chega a lugar nenhum. E Pixel Ripped não decepciona nem um pouco em todos os demais quesitos técnicos. O trabalho de arte do game é incrível: tudo nele foi pensado de forma a ambientar de fato o jogador com toda a atmosfera de final dos anos 80, em meio aos consoles de 8-bit.

As músicas e efeitos sonoros são excelentes e tudo foi feito utilizando sons existentes nos sintetizadores da época. Os gráficos são super bem trabalhados e a jogabilidade é excelente, com controles que respondem sempre muito bem, o que é ainda mais difícil de conseguir se levarmos em conta a quantidade de gêneros diferentes existentes dentro da aventura, como ação 2D em plataforma com elementos de run and gun, jogo de tiro, shmup e por aí vai.

Além de todas as qualidades citadas, a história é criativa e super bem amarrada, tornando o game uma experiência extremamente prazerosa, principalmente para aqueles gamers que viveram a gloriosa terceira geração com seus consoles de 8-bit. Por enquanto o jogo está disponível apenas em mídia digital, mas a produtora está estudando a viabilidade de um lançamento também em mídia física no futuro. Estamos torcendo.

Outra coisa legal é que a própria Ana Ribeiro já declarou que o objetivo é tornar Pixel Ripped uma série, onde cada jogo seria ambientado em uma época diferente, passando pela segunda geração, com gráficos no padrão do Atari 2600 e ambientado na década de 70, quarta geração com os fantásticos jogos de 16-bit, até a quinta geração, no início da popularização dos jogos 3D, com gráficos no padrão de PlayStation e Nintendo 64.

Por tudo o que vi nesse game, torço para que os planos dêem certo. Pixel Ripped 1989 é uma aula de inovação, que mistura a nostalgia e o retrô com a alta tecnologia de uma forma inusidatamente deliciosa.

Confira abaixo o vídeo que fizemos mostrando Pixel Ripped 1989. Conheça o Vídeo Game Data Base, o museu virtual brasileiro dos videogames. A coluna de games do Lado B tem o apoio do Expo Video Game

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