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Sabor

De bocaiúva a pequi, ovos de Páscoa têm recheios de frutas regionais

Associação de produção orgânica fabrica ovos diferentes para uma Páscoa regional e mais saudável

Raul Delvizio | 29/03/2021 06:25
Para um sabor mais saudável, ingredientes regionais para recheios surpreendetes de ovos de Páscoa (Foto: Paulo Francis)
Para um sabor mais saudável, ingredientes regionais para recheios surpreendetes de ovos de Páscoa (Foto: Paulo Francis)

Sem exagerar no açúcar ou pecar pela falta de sabor, uma associação sul-mato-grossense resolveu aproveitar a Páscoa deste ano para elaborar e comercializar ovos com ingredientes bem regionais, como a bocaiúva, pequi, jatobá e a famosa castanha de baru.

Ideia da empreendedora Rosa Maria da Silva, 58 anos. "O campeão é o brigadeiro de baru – e agora na versão low carb. Se já são frutas agroecológicas, também merecem adicionar outros produtos naturais que acrescentam saúde e gostosura sem pecar no excesso", garante.

Rosa Maria é a empreendedora e presidente de associação que visa preservar o cerrado de MS (Foto: Paulo Francis)
Rosa Maria é a empreendedora e presidente de associação que visa preservar o cerrado de MS (Foto: Paulo Francis)
É ela quem fabrica os ovos; aqui, recheados com brigadeiro de pequi e castanha de baru (Foto: Paulo Francis)
É ela quem fabrica os ovos; aqui, recheados com brigadeiro de pequi e castanha de baru (Foto: Paulo Francis)

Nas suas receitas de Páscoa vai manteiga ghee, creme de leite feito com castanha de caju, cacau 100%, farinha de amaranto e até alfarroba – conhecidinha pelos veganos com a fruta substituta do chocolate. "Damos preferência para uma alimentação natural,  sem conservantes,  aromatizantes e os outros 'antes' industrializados da vida", assegura.

Seja de pequi, bocaiúva, castanho de baru ou jatobá, os ovos saem por dois valores: R$ 25,00 (embrulhados no papel celofane) e R$ 30,00 (colocados na caixinha de presente). Demais recheios – com nas versões low carb – ficam a critério do cliente.

Rosa Maria esclarece que não comercializa kits, apenas os ovos pelo preço individual. "E ainda quando é época de outras frutas, fazemos de geléias, doces, brigadeiros, bolos, salgados, tortas, sucos, biscoitos até pães mais saudáveis", confirma.

Ovo recheado de brigadeiro de café "sem culpa" feito durante especialização (Foto: Arquivo Pessoal)
Ovo recheado de brigadeiro de café "sem culpa" feito durante especialização (Foto: Arquivo Pessoal)
Na ocasião, experiência resultou nessa cocada "de todos os santos" feito por Rosa Maria (Foto: Arquivo Pessoal)
Na ocasião, experiência resultou nessa cocada "de todos os santos" feito por Rosa Maria (Foto: Arquivo Pessoal)

Além de mestre-cuca, Rosa Maria é presidente da Broto Frutos Culinária do Cerrado, uma associação em que o mote é preservar o bioma do cerrado por meio da produção orgânica e do extrativismo sustentável e ainda ajudando quem só sobrevive disso.

"A matéria prima vem dos nossos agricultores associados. São eles quem colhem na propriedade ou no entorno de onde vivem, espalhados pelo estado. O bioma cerrado é riquíssimo. Só aqui em Campo Grande, por exemplo, eu e meu esposo também colhemos alguns itens. Todo esses pés frutíferos as pessoas não conhecem ou, pior, sabem o que é e nem valorizam. Preferem comprar dos grandes centros essas mesmas frutas que, quando vêm pra cá, são cheias de agrotóxico, carregam preço exorbitante e ainda chegam 'passadinhas'", explica.

Castanha de baru é coletada por famílias que trabalham com cultivo e manejo agroecológico (Foto: Paulo Francis)
Castanha de baru é coletada por famílias que trabalham com cultivo e manejo agroecológico (Foto: Paulo Francis)
Fruta bastante conhecida do sul-mato-grossense, pequi virou sabor de ovo de Páscoa (Foto: Paulo Francis)
Fruta bastante conhecida do sul-mato-grossense, pequi virou sabor de ovo de Páscoa (Foto: Paulo Francis)
Farinhas "diferentonas" fazem parte da receita, como esta vinda do pé de jatobá (Foto: Paulo Francis)
Farinhas "diferentonas" fazem parte da receita, como esta vinda do pé de jatobá (Foto: Paulo Francis)

Pela associação, o trabalho de Rosa Maria – além de comprar a matéria-prima dos associados e fazer dela receitas clássicas utilizando esses ingredientes diferentes – é mostrar que até na Páscoa pode se deliciar um ovo na versão regionalizada.

"Vale a pena apreciar esses pratos feitos com os frutos pois não só desperta a curiosidade do povo mas ajuda também a divulgar o que é nosso, valorizar o agricultor extrativista que depende muitas vezes dessa renda extra para sobreviver", diz.

Todas as adaptações para as versões saudáveis é ela mesma que faz. "Procuro informações, faço cursos e dou preferência pelo diferencial para que nossa associação possa se reerguer devido a crise advinda da pandemia. Devagarinho vamos nos organizando e em breve tudo voltará ao normal", torce.

Recheio de brigadeiros também vêm na versão low carb, isto é, com menos açúcar e gordura (Foto: Paulo Francis)
Recheio de brigadeiros também vêm na versão low carb, isto é, com menos açúcar e gordura (Foto: Paulo Francis)
Polpa da bocaiúva é transformada em brigadeiro, enquanto o resto da fruta vira tradicional suco (Foto: Paulo Francis)
Polpa da bocaiúva é transformada em brigadeiro, enquanto o resto da fruta vira tradicional suco (Foto: Paulo Francis)

Divulgar e ajudar a preservar o bioma cerrado faz parte da sua missão. "Somos agricultores familiares e a coleta é feita de forma sustentável. A permanência do bioma depende do nosso manejo, isso tanto do campo quanto da cidade. Valorizar o que é nosso faz a roda da economia girar por aqui mesmo. Agrega valor, aumenta o turismo local, valoriza produtos e traz mais naturalidade aos sabores únicos", finaliza.

Os ovos podem ser encomendados pelo telefone (67) 99900-0935.

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