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Lado Rural

Bioinsumo amplia recuperação de áreas degradadas e pode fortalecer restauração

Tecnologia da Embrapa reúne microrganismos capazes de atender mais de 30 espécies florestais

Por José Cruz | 14/11/2025 16:53
Bioinsumo amplia recuperação de áreas degradadas e pode fortalecer restauração
A inovação amplia o alcance da técnica de recuperação de solos com o uso de microrganismos. Foto: Sérgio Miana de Faria.

Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia desenvolveram um inoculante biológico de amplo espectro capaz de atender pelo menos 31 espécies florestais leguminosas, abrindo caminho para projetos de restauração mais eficientes e de menor custo.

RESUMO

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Um novo inoculante biológico desenvolvido pela Embrapa Agrobiologia promete revolucionar a recuperação de áreas degradadas. O produto, que atende 31 espécies florestais leguminosas, supera a alta especificidade entre plantas e bactérias, tornando projetos de restauração mais eficientes e econômicos.A tecnologia, resultado de três décadas de pesquisa, utiliza rizóbios e fungos micorrízicos que formam simbiose com as plantas, melhorando a absorção de nutrientes e água. Em apenas um ano, apresenta resultados visíveis na cobertura vegetal, reduzindo a dependência de adubos químicos e favorecendo o retorno da biodiversidade.

A tecnologia tem potencial direto para fortalecer ações de recomposição ambiental em Mato Grosso do Sul, onde a recuperação de áreas degradadas é prioridade em regiões pressionadas pela agropecuária e pela exploração do solo.

O produto, ainda em fase final de desenvolvimento, supera um desafio histórico da restauração ecológica: a alta especificidade entre plantas e bactérias. Das mais de 800 estirpes de rizóbio estudadas, duas foram selecionadas pela eficiência em formar simbiose com dezenas de espécies nativas e de valor econômico.

“Com o uso dessas estirpes, eliminamos uma barreira importante para aplicação em larga escala”, explica o pesquisador Sérgio Faria, da Embrapa Agrobiologia. Segundo ele, o inoculante reduz custos, facilita a logística de viveiros e permite que restauradores utilizem um único produto para diferentes espécies.

Três décadas de pesquisa até chegar ao inoculante multiespécies

A técnica de recuperação com microrganismos começou a ser desenvolvida há mais de 30 anos. À época, o desafio era reativar solos totalmente degradados, restabelecendo fertilidade e criando condições para o retorno da vegetação.

O trabalho se expandiu ao longo das décadas, e hoje a Embrapa reúne uma base de dados com centenas de espécies de leguminosas adaptáveis a diferentes tipos de solo e clima, incluindo os cenários encontrados em Mato Grosso do Sul. “O conhecimento acumulado permite orientar projetos de restauração para praticamente todas as condições do País”, afirma o pesquisador Alexander Resende.

Como funciona: a força dos microrganismos

A tecnologia baseia-se na associação simbiótica entre plantas e microrganismos. Rizóbios, bactérias do solo, colonizam as raízes das leguminosas e formam nódulos capazes de capturar nitrogênio da atmosfera. Já os fungos micorrízicos ampliam a capacidade das raízes em absorver água e nutrientes.

Essa combinação acelera a formação de matéria orgânica, melhora a estrutura do solo e restabelece processos ecológicos essenciais, como ciclagem de nutrientes e retenção de água. “Estamos otimizando uma simbiose natural para reconstruir fertilidade e preparar o retorno da biodiversidade”, explica o pesquisador Eduardo Campello.

Resultados consistentes em áreas degradadas

A técnica apresenta resultados visíveis em cerca de um ano, com cobertura vegetal e estabilização do solo. Em quatro a cinco anos, as áreas atingem aspecto de vegetação jovem, com árvores e arbustos formando um novo equilíbrio ecológico. Em longo prazo, a recuperação favorece o retorno da fauna e o surgimento natural de novas espécies vegetais.

Esses resultados reforçam o potencial do inoculante para projetos de recomposição em MS, que enfrenta desafios específicos ligados à erosão, compactação do solo e restauração de áreas de preservação permanente.

Sustentabilidade e menos dependência de adubo químico

O inoculante reduz a necessidade de adubação nitrogenada mineral em viveiros e áreas em restauração, evitando perdas de nitrogênio para o solo e para a atmosfera — um problema comum em fertilizantes convencionais.

A redução de custos e o impacto ambiental positivo colocam a tecnologia como alternativa alinhada às metas nacionais de recuperação de vegetação nativa e compromisso climático.

A inovação está disponível para parceiros interessados em levar o produto ao mercado e ampliar o uso em projetos de restauração.