Como minimizar os impactos do estresse causado pelo forte calor em bovinos
Calor intenso causa redução da imunidade, diminui a produção de leite e traz perdas reprodutivas

As mudanças de temperaturas podem influenciar diretamente no desempenho dos bovinos, impactando desde o peso dos animais até a eficiência reprodutiva dos rebanhos. Para evitar essas perdas e garantir a máxima performance produtiva do gado, é importante que os pecuaristas conheçam os efeitos do estresse térmico e saibam como mitigar os impactos para não perder a rentabilidade do seu sistema produtivo.
Em Mato Grosso do Sul 95% do gado é engordado a pasto, o que aumenta a exposição ao calor, apesar de 80% desse gado ser da raça nelore ou anelorado, portanto de origem indiana, adaptado para enfrentar altas temperaturas.
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Segundo Caio Borges, gerente de indústria de produtos para pecuária, os impactos das altas temperaturas variam de acordo com a categoria e origem dos animais, levando em consideração a zona de conforto térmico e os limites máximos e mínimos de temperatura que os animais suportam.
“Estudos mostram que para bovinos recém-nascidos, a temperatura mínima crítica é de 10ºC, com o conforto térmico entre 18 e 21ºC, e o limite máximo é de 26ºC. Nos bovinos europeus, a temperatura mínima é de -10ºC, conforto térmico entre -1 e 16ºC, sendo a temperatura máxima de 27ºC. Já nos bovinos indianos, o limite mínimo é de 0ºC, o conforto térmico entre 10 e 27ºC e a temperatura máxima suportada de 35ºC”, resume Borges.
Os perigos da hipertermia
Ele comenta que, quando são submetidos a temperaturas elevadas que ultrapassam o índice considerado suportável, os animais ficam sujeitos à hipertermia, exigindo processos termorreguladores de perda de calor para o retorno da temperatura corporal normal. Além disso, quando os limites toleráveis são ultrapassados, alguns impactos são gerados no desempenho e na saúde do animal, como redução da imunidade, diminuição da produção de leite, perdas reprodutivas, aumento da incidência de acidose ruminal e queda no consumo de matéria seca.
“A resposta do animal ao estresse é determinada pela intensidade e duração da exposição ao estressor, podendo gerar respostas adaptativas comportamentais, como, por exemplo, a redução de atividade nas horas mais quentes do dia, intensificação do pastejo durante a noite, busca por sombra e/ou imersão em água durante o dia, respostas fisiológicas como aumento da frequência respiratória, redução no metabolismo energético e respostas imunológicas que levam à redução da imunidade do animal”, lista Borges.
Suplementação adequada
Neste cenário, para a tentativa de adaptação ao estresse térmico, os nutrientes ingeridos por meio da dieta que seriam encaminhados ao crescimento e desenvolvimento do animal precisam ser redirecionados para a manutenção do equilíbrio térmico na tentativa de amenizar os impactos gerados pelo estresse. Com isto, algumas medidas devem ser tomadas para garantir o maior conforto dos animais visando a redução nos impactos produtivos das fazendas.
“É muito importante fornecer área de sombra, garantir a ventilação adequada, dar acesso a água limpa e em volumes suficientes, ajustar as práticas de alimentação para incentivar os animais ao consumo durante os períodos mais frescos do dia e remanejar manejos reprodutivos para os horários não tão quentes”, reitera Borges.
Relação sombra x bem-estar
Nesse sentido, o uso de ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta) garante bem-estar aos animais, com o oferecimento de sombra, além de contribuir para a mitigação dos gases de efeito estufa causados pela atividade.
Um estudo realizado em 2020 e divulgado pela Associação Rede ILPF constatou que Mato Grosso do Sul é o estado com maior área destinada aos sistemas integrados na produção agropecuária, seguido pelo Mato Grosso e Rio Grande do Sul. São mais de 3,1 milhões de hectares com integração lavoura-pecuária-floresta em diferentes configurações, mesclando dois ou três componentes de cultura no sistema produtivo.
No mercado há soluções em forma de suplementos, que fornecem as vitaminas e microminerais em quantidade e qualidade adequadas para que o organismo animal tenha maior poder de combate e redução dos efeitos negativos gerados pelo estresse térmico.