Embrapa aposta em novas estratégias contra carrapato que ameaça rebanho bovino
Infestação compromete produtividade, gera prejuízos milionários e força adoção de novas tecnologias no campo
O Rhipicephalus microplus, o popular carrapato-do-boi, segue como um dos maiores inimigos da pecuária brasileira. O parasita, que já era problema em tempos de predominância da raça Nelore, tornou-se ainda mais desafiador com a multiplicação de cruzamentos e raças mais sensíveis, colocando em risco a produtividade da pecuária nacional.
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O carrapato-do-boi (Rhipicephalus microplus) continua sendo um dos principais desafios da pecuária brasileira, especialmente com a diversificação das raças bovinas. Segundo a Embrapa, o parasita pode causar significativa redução na produção, com perdas de até 90 litros de leite por dia em vacas leiteiras e 2,3 arrobas anuais em gado de corte. Para combater o problema, a Embrapa desenvolve novas tecnologias, incluindo o Museu do Carrapato, uma plataforma digital informativa, e um sistema de controle estratégico. A instituição também trabalha em uma vacina contra o parasita, prevista para ser lançada nos próximos anos, visando minimizar os prejuízos milionários causados à pecuária nacional.
Segundo o pesquisador da Embrapa em Mato Grosso do Sul, Renato Andreotti, a infestação compromete diretamente o desempenho dos animais. "O carrapato causa perda de peso pela irritabilidade, perda de sangue que pode levar à anemia, além de provocar lesões que evoluem para miíases e até danos posteriores no couro", explica.
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Na prática, o prejuízo é mensurável. Em um rebanho leiteiro, por exemplo, 138 carrapatos em uma vaca são suficientes para reduzir a produção em até 90 litros de leite por dia. Já em bovinos de corte, 180 parasitas podem representar queda de 2,3 arrobas por animal ao ano.
Além disso, o impacto vai além da balança: há custos com mão de obra, aquisição de acaricidas, equipamentos e instalações necessárias para o manejo.
A Embrapa recomenda o chamado controle estratégico, método adotado também em outros países. A proposta é utilizar o produto adequado no momento certo, respeitando as particularidades de cada rebanho e região.
Uma das ferramentas lançadas pela instituição é o Museu do Carrapato, plataforma digital que reúne informações sobre o ciclo de vida do parasita, resistência a produtos químicos e relação com o clima. A ideia é ajudar técnicos e produtores a tomar decisões mais seguras no manejo.
Outras tecnologias também estão em fase de desenvolvimento. Entre elas estão a régua do carrapato, utilizada para medir a sensibilidade de cada raça ao parasita; o sistema lone tick, que aproveita a sobrevivência limitada das larvas no pasto para interromper o ciclo sem a necessidade de produtos químicos; e a vacina contra o carrapato, apontada como uma das soluções mais promissoras e que deve ser lançada nos próximos anos.
Embora invisível para quem não vive o dia a dia no campo, o carrapato é capaz de gerar prejuízos milionários e até comprometer a competitividade da carne brasileira no mercado global.
"A única forma de minimizar os prejuízos é seguir o controle estratégico", reforça Andreotti. O alerta é claro: sem ciência e manejo adequado, até um parasita de poucos milímetros pode fazer a pecuária perder fôlego.
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