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Lado Rural

Soja em MS é considerada regular e ruim em quase 30% das plantações

Medições foram feitas por técnicos do Projeto Siga-MS em diferentes regiões de cultivo no Estado

Por José Roberto dos Santos | 06/03/2024 17:16
Colheitadeira em operação em área agrícola de MS. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)
Colheitadeira em operação em área agrícola de MS. (Foto: Divulgação/Aprosoja-MS)

Do total da área plantada de soja prevista para Mato Grosso do Sul – de 4,245 milhões de hectares – até a data de 1º de março deste ano, 29,2% dessa área é considerada "regular" e "ruim". Isso representa quase 1,250 milhão de hectares.

A consideração é de técnicos do Projeto Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio), que percorrem diariamente diferentes regiões de cultivo no Estado. Os dados fazem parte do Boletim Casa Rural 549, divulgado na terça-feira, 5, pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS).

A medição dá uma ideia da dimensão do desastre nas lavouras de soja de Mato Grosso do Sul, que pode repetir o mesmo desempenho negativo do ciclo 2021-2022, quando o Estado registrou uma redução de 40% na produção da soja, que é o principal grão produzido em MS. Na época, a produtividade foi castigada pela estiagem, o que vem se repetindo este ano, além das altas temperaturas em fases importantes do desenvolvimento da planta.

Na terceira semana de fevereiro, a área plantada considerada "regular" e "ruim", totalizava 21,9%.

Para uma lavoura ser classificada como "ruim", ela deve apresentar diversos critérios negativos, tais como alta infestação de pragas (plantas daninhas, pragas e doenças) ou falhas no estande de plantas, desfolhamento excessivo, enrolamento de folhas, amarelamento precoce das plantas, entre outros defeitos que causem perdas significativas de produtividade.

Uma classificação "regular" é atribuída a lavouras que apresentam poucos problemas relacionados a pragas, estande de plantas razoável e pequeno amarelamento das plantas em desenvolvimento.

Gráfico mostra as condições das lavouras de MS, por região. (Imagem: Sistema Famasul)
Gráfico mostra as condições das lavouras de MS, por região. (Imagem: Sistema Famasul)

Replantio acima da média

Outro dado que evidencia as péssimas condições das lavouras de soja no Estado é a grande área replantada desde a liberação da semeadura, em 15 de setembro do ano passado. Até o final de fevereiro, um total de 243.771,12 hectares foram replantadas em todas as 8 regiões produtivas classificadas pelo Siga-MS. Isso representa 5,72% da área plantada prevista no Estado, quando um replantio considerado normal por agricultores consultados pela Coluna Lado Rural seria entre 2% e 2,5%.

Soma-se a isso o fato de que as lavouras de MS tiveram 16,81% de sua área afetada duramente pela estiagem, num total de 716.856,95 hectares.

Desastre pode ser maior

Segundo o boletim Casa Rural, em Mato Grosso do Sul foram identificados quatro níveis distintos de lavouras. As primeiras são as lavouras que provavelmente perderam entre 40% e 60% da área cultivada devido à estiagem.

Em seguida, vêm áreas bem estruturadas que, apesar das chuvas isoladas, apresentam uma produtividade menor devido à quantidade reduzida de vagens totalmente granadas e algumas vagens sem granação.

A terceira categoria engloba é de áreas que, apesar do plantio tardio, foram favorecidas por chuvas até o final do ciclo de cultivo, resultando em uma produtividade de alto potencial.

Por último, é composto por áreas que passaram por um replantio tardio, colocando sua produção em alto risco devido ao descompasso com o ciclo ideal de cultivo. Essa análise destaca a complexidade e os desafios enfrentados pelos agricultores no Estado e a importância de estratégias de manejo adequadas para cada situação.

Pedido de socorro

Diante de perdas na agricultura que devem chegar 40% da receita com a soja em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado alinhou com o Ministério da Agricultura ajuda ao setor que vive uma crise por conta de quebra na produção e estiagem.

Em reunião na manhã desta quarta-feira (6) com o governador Eduardo Riedel e representantes do setor, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sinalizou que os setores de soja, milho e bovinocultura de corte e leite deverão ser atendidos com medidas de apoio. A expectativa da União é anunciar as ações em 15 dias, antes do fim da colheita da safra de grãos, para minimizar impactos do clima e do mercado na produção agropecuária neste ano.

Nesta safra foram cultivados em Mato Grosso do Sul cerca de 4,2 milhões de hectares de soja e a estimativa de produção é de 54 sacas por hectare. No entanto com a alta nos custos de produção e a estiagem, muitos agricultores estão colhendo menos que o previsto. Isso tem provocado grandes perdas na receita dos produtores e endividamento do setor. Segundo fontes oficiais, o cenário levou o Governo do Estado, juntamente com as entidades produtivas, a solicitar apoio urgente do Governo federal.

A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 61%. (Gráfico: Sistema Famasul)
A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 61%. (Gráfico: Sistema Famasul)

Andamento da colheita

Até a data de 1º de março, a área colhida de soja acompanhada pelo Projeto Siga-MS alcançou 58,3% em MS. A região sul está com a colheita mais avançada, com média de 61%, enquanto a região norte está com 56% e a região centro com 51,9% de média. A área colhida até o momento, conforme estimativas, é de aproximadamente 2,486 milhões de hectares.

A porcentagem de área colhida na safra 2023/2024 encontra-se superior em 25,6 pontos percentuais em relação à safra 2022/2023, para a data de 1º de março.

As expectativas iniciais de produção, produtividade e área cultivada em Mato Grosso do Sul permanecem inalteradas – de 54 sacas por hectare – uma vez que leva-se em conta um cenário de instabilidade climática.

Semanalmente a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul), juntamente com o Governo do Estado de MS e a Famasul, divulgam dados ligados à agricultura sul-mato-grossense. As informações são coletadas pelos técnicos do Siga-MS (Sistema de Informações Geográficas do Agronegócio ), enriquecidas com informações apresentadas por satélite e posteriormente divulgadas.

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