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Meio Ambiente

Alvo de operação da PF, MS é corredor para tráfico de aves silvestres

Aline dos Santos | 02/04/2012 10:10

Do Peru, as aves são transportadas até a Bolívia e entram no país por Corumbá

Estado é rota para traficantes de canários. (Foto: Simão Nogueira)
Estado é rota para traficantes de canários. (Foto: Simão Nogueira)

Um dos oito Estados onde a PF (Polícia Federal) realiza a Operação Estalo, Mato Grosso do Sul é corredor para o tráfico de aves silvestres e exóticas (que não pertencem à fauna brasileira).

Conforme a polícia, os canários, que podem valer até R$ 100 mil numa rinha, são trazidos do Peru, Equador e Venezuela. Do Peru, as aves são transportadas até a Bolívia e entram no país por Corumbá, cidade onde serão cumpridos dois mandados de prisão preventiva e um de busca e apreensão. De Corumbá, onde há pontos de depósitos, as aves são enviadas para São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal.

O esquema conta com o respaldo de criadores amadoristas, que fornecem anilhas para “legalizar” as aves. De acordo com a coordenadora do núcleo de fauna do Ibama/MS, Paula Mochel Pereira Lima, no ano passado uma operação do órgão federal flagrou 339 pássaros irregulares e emitiu R$ 523 mil em multas.

Na ação, que durou uma semana, 30 criatórios foram fiscalizados. Ela explica que o Estado funciona como corredor, sem registro de ocorrência de rinhas de canário.

O criador amador de animal silvestre pode retirar, anualmente 30 anilhas, dispositivo que identifica a ave nascida em cativeiro. A anilha só entra na pata do pássaro que tem até três dias de vida. Contudo, os traficantes rompem o lacre e o utiliza em animais já adultos, que são retirados da natureza. De acordo com a coordenadora, são várias a estratégias.

Como abrir a anilha e soldar ou lixar a parte interna do dispositivo. Em ambas as práticas, as aves sofrem maus tratos. Porque parte do pé é quebrada para que a anilha entre. “Isso acontece 99% das vezes em que a anilha é colocada em uma ave adulta”, afirma Paula Mochel.

Ofensiva - Deflagrada nesta segunda-feira, a Operação Estalo vai cumprir, ao todo, 20 mandados de prisão preventiva, 2 temporárias, 7 conduções coercitivas e 33 mandados de busca e apreensão em Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima e Distrito Federal.

Além de Corumbá, serão cumpridos mandados em Ponta Porã (prisão temporária e de busca e apreensão) e Campo Grande (um mandado de busca e apreensão).

De acordo com a Polícia Federal, as aves são adquiridas por valores entre R$12 e R$ 15. No mercado clandestino dos atacadistas, os valores vão de R$130 a R$ 220.

Por fim, alcançam o mercado interno, onde são negociados por revendedores locais a preços que de R$ 200 a R$ 300. Já nas rinhas, um canário pode valer R$ 100 mil. Nesse mercado ilegal, as apostas podem chegar a R$ 50 mil.

No último ano, foram mais de 12 mil canários apreendidos nas rodovias e aeroportos dos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Ceará, Pernambuco e Amazonas. No curso das investigações foram apreendidas duas mil aves.

Para introduzir as aves clandestinamente no País, a organização criminosa contava com o apoio de um policial civil, que chegava a receber R$ 3.000 por carregamento.

Também foi identificada a utilização de documentos judiciais e administrativos, como autos de depósito e termos de nomeação de fiel depositário, para camuflar as aves mantidas nos planteis clandestinos.

Boletins de ocorrência policial também foram utilizados para justificar a comercialização irregular das aves pelos criadores amadoristas cadastrados.

Nos últimos dez anos, o Ibama aplicou multas de R$ 30 milhões relativas a transporte clandestino, comércio ilícito e manutenção em cativeiro desses animais. A condenação pelos crimes pode chegar a 50 anos de prisão.

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