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Meio Ambiente

Apenas 1,18% do total de desmatamento ocorreu de forma legal no Pantanal

Levantamento da Ecoa indica que em seis meses, 13.319 hectares de vegetação nativa foram devastados

Tainá Jara | 29/08/2020 11:14
Incêndios criminosos estão entre as práticas que contribuem para o desmatamento do Pantanal (Foto: Ibama/Divulgação)
Incêndios criminosos estão entre as práticas que contribuem para o desmatamento do Pantanal (Foto: Ibama/Divulgação)

Apenas 1,18% do total de desmatamento ocorrido no Pantanal brasileiro, nos seis primeiros meses de 2020, ocorreram de forma legal, de acordo com levantamento realizado pela Ecoa. A organização não-governamental, calcula que 13.319 hectares de vegetação nativa foi devastado neste período, o que representam 80% do total registrado no ano passado.

Os cerca de 190 mil km² da planície alagada ultrapassam fronteiras e se estendem por Brasil, Bolívia e Paraguai. A maior parte da área, 140 mil km², se estende pelos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

Dados do projeto Mapbiomas, apontam ritmo quase dobrado de desmatamento em relação a 2019, quando 16.521 hectares foram retirados nas porções brasileiras do Pantanal. A abertura de novas pastagens para criação de gado é um das principais causas da supressão de vegetação natural.

Incêndios, por exemplo, estão entre as práticas adotadas pelos fazendeiros, mas representam grande risco que sair do controle, levando o fogo a devastar grande área de vegetação. De acordo com o Inpe (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis), entre ontem e hoje, foram registrados mais de 2,4 mil focos de incêndio no Estado, sendo 68,4% no Pantanal.

76 campos de futebol – De acordo como biólogo da Ecoa, Thiago Miguel Oliveira, em média, 76 hectares do Pantanal são desmatados diariamente em 2020. Na prática, é como se 76 campos de futebol fossem desmatados todos os dias no Pantanal.

Sobre os números divulgados pelo levantamento, ele afirma não se surpreender e cita o atual cenário político, com redução de fiscalizações. “Conforme a fiscalização vai sendo afrouxada, a tendência é que a cada ano se desmate mais”, lamenta ele. “É um acréscimo exorbitante”, comenta.

Lançado em 2019, o “MapBiomas Alerta” já havia indicado cenário preocupante no avanço do desmate em todo o Brasil. Este ano, no Pantanal, um dos destaques – conforme o mapa desenvolvido pela Ecoa – é a região norte, próxima aos municípios de Cáceres, Poconé e Barão do Melgaço, no Mato Grosso.

No mapa, também é possível visualizar pontos concentrados em vermelho na região nordeste de Corumbá. “Se destacam, ainda, os municípios Rio Verde de Mato Grosso, Aquidauana e Porto Murtinho”, cita Thiago.

Os pontos são indício de maior retirada da vegetação arbórea. Essa vegetação, conforme explica o biólogo da Ecoa, representa conjunto de espécies da união dos complexos que representam o Pantanal.

O MapBiomas Alerta é um sistema de validação e refinamento de sinais de desmatamento, degradação e regeneração de vegetação nativa. Utiliza imagens de alta resolução com alertas gerados pelos sistemas Deter (Inpe), SAD (Imazon) e Glad (Universidade de Maryland). Os dados são validados e refinados com ajuda de imagens de satélite de alta resolução (três metros) que permitem identificar as áreas desmatadas de forma ainda mais precisa.


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