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Meio Ambiente

Calor intensifica mau cheiro em bairro e moradores atribuem à indústria

Liana Feitosa e Luciana Brazil | 17/10/2014 10:57
Para comerciante Maria Arlete, mau cheiro no bairro é realidade desde que a fábrica foi instalada na região. (Foto: Marcos Ermínio)
Para comerciante Maria Arlete, mau cheiro no bairro é realidade desde que a fábrica foi instalada na região. (Foto: Marcos Ermínio)
Biólogo diz que um "desequilíbrio causou o problema". (Foto: Marcelo Calazans)
Biólogo diz que um "desequilíbrio causou o problema". (Foto: Marcelo Calazans)

As reclamações não são novas. Moradores do Jardim Ametista, região sudeste da Capital, dizem não aguentar mais o forte mau cheiro que parece "perseguir" a população do bairro e, com o clima quente, o desconforto está ainda maior, como relatam. Para eles, a indústria de alimentos vizinha, a Semalo, é a responsável pelo problema.

"Não dá mais para aguentar. Meio dia a gente não aguenta almoçar sentindo esse cheiro. Se a gente fecha a casa para tenta escapar do fedor, parece que vamos cozinhar dentro de casa nesse calor. Se a gente deixa tudo aberto, a gente não consegue lidar com esse mau cheiro terrível", desabafa o morador Oswaldo Ribeiro, indignado com a situação.

O Campo Grande News recebeu reclamações de sete pessoas, todas com a mesma queixa, como a comerciante Maria Arlete, moradora da região há 23 anos e que percebe a situação há pelo menos 10. Ela é dona de uma lanchonete na região e diz que o odor tem espantado a freguesia. "Os clientes reclamam muito do mau cheiro. À noite, oferecemos espetinho aqui e é muito incômodo. Nós, da vizinhança, já fizemos abaixo-assinado, mas nada resolve", conta.

A direção do vento e o clima também afetam as condições locais. Segundo Arlete, a situação piora quando chove e o vento pode empurrar para longe ou intensificar ainda mais o mau cheiro. Para falar sobre o problema, nossa equipe foi até à fábrica.

Versão da empresa - O Campo Grande News foi recebido na Sêmalo pelo diretor industrial e pelo biólogo da empresa. A informação dada é que o odor só é perceptível no fim da tarde, causado por um "desequilíbrio biológico" por conta do calor.

Fábrica mantém área de 6 hectares destinada ao tratamento de resíduos. (Foto: Marcos Ermínio)
Fábrica mantém área de 6 hectares destinada ao tratamento de resíduos. (Foto: Marcos Ermínio)
Diretor industrial da Semalo garante que empresa busca alternativas para sanar o o mau-cheiro. (Foto: Marcelo Calazans)
Diretor industrial da Semalo garante que empresa busca alternativas para sanar o o mau-cheiro. (Foto: Marcelo Calazans)

De acordo com o biólogo José Luiz Gonçalves, mestre em saneamento ambiental e recursos hídricos, e responsável pelo trabalho de resíduos da empresa, há 15 anos a fábrica usa um "sistema ecologicamente correto de tratamento de efluentes".

"Ao invés de descartar os resíduos da produção na natureza, os componentes são lançados em três lagoas de estabilização onde a decomposição é feita por bactérias, portanto, não são utilizados produtos químicos", explica o biólogo.

O sistema biológico, que ocorre em um espaço de seis hectares da propriedade, é o único em Mato Grosso do Sul, garante Gonçalves. A água das lagoas é lançada em áreas vegetadas, sendo uma delas o próprio gramado da fábrica.

Lagoas de estabilização são usadas no descarte de resíduos. (Foto: Divulgação/Semalo)
Lagoas de estabilização são usadas no descarte de resíduos. (Foto: Divulgação/Semalo)

No entanto, segundo a empresa, o calor intenso dos últimos dias afetou o sistema. "Essa onda de calor, com temperaturas altas atípicas, inibe o trabalho bacteriano. Como as bactérias não conseguem responder ao trabalho, ocorre a evaporização de um gás, por isso o mau cheiro", completa. Situação classificada como "desequilíbrio" pelo biólogo.

Para o diretor industrial da Semalo, André Savoia, o problema é novo e a indústria já está trabalhando para reverter esse desequilíbrio. "Caso a situação perdure ou ocorra novamente,  já estamos buscando alternativas para reverter a situação e impedir que o mau cheiro ocorra novamente", afirma.

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